(…)
Arquiva
o relatório e continua a produzir, dia após dia as mesmas causas que geram as
mesmas consequências.
(…)
Poucos
dias depois saiu o relatório da ONU sobre o problema da água, apontando o risco
de crise global da sua escassez, das secas e da desertificação por todo o mundo
com enormes efeitos destrutivos.
(…)
Enquanto
isto, e conscientes disto, as ganâncias e os abusos continuam a tentar cativar
para si os vastos territórios onde estão as cabeceiras dos cursos de água.
(…)
Tudo indica também que as iniquidades no
acesso à água vão criar o problema da guerra por ela.
(…)
O
nosso desempenho nesta área [dos resíduos e da economia circular] tem
uma trajetória inversa à que deveria ter.
(…)
O país
não cumpriu nenhuma das metas dos resíduos urbanos, produzindo-os a um ritmo
superior ao da economia.
(…)
Portugal
está em rota de sofrer secas cada vez mais frequentes e mais extremas e,
contudo, continua a permitir captações e usos agrícolas e pecuários diretamente
nas fontes de água doce, legais e ilegais.
(…)
[No
que diz respeito à descarbonização a OCDE recomenda:] forte investimento no
edificado, redução da frota rodoviária poluente que degrada a qualidade do ar,
aceleração da ferrovia e mobilidade elétrica e pública e uma reforma fiscal que
penalize os combustíveis fósseis.
(…)
[Quanto
à biodiversidade] o relatório apela à rápida regulação e generalização do
pagamento dos serviços de ecossistema.
(…)
[A
OCDE alerta também para] incêndios florestais e áreas costeiras ameaçadas pela
erosão e subida do nível médio do mar.
(…)
E
quanto às zonas costeiras continuam a propor-se, cada vez com mais força
sobretudo por fundos imobiliários escandalosamente isentos de impostos, mais
construções e ocupações.
Luísa Schmidt, “Expresso” (sem link)
A Direita (…) colocou o megafone da
reclamação da dissolução do Parlamento nas mãos do Chega.
(…)
O processo para a legitimação da
extrema-direita pode estar mais avançado do que aparenta.
(…)
[Os direitos fundamentais das pessoas
são] os que nos comprometem como coletividade, como sociedade democrática, onde
a governação se concretiza em favor do bem comum.
(…)
[As pessoas que se sentam num gabinete
ministerial] não podem, nunca, esquecer-se de que estão a desempenhar funções
em nome do povo e para o povo.
(…)
Nem uma maioria absoluta, nem as
"leis" do "deus dinheiro" podem homologar poderes supremos.
(…)
A efetiva separação de poderes é condição
indispensável para soluções democráticas de governação.
(…)
O primeiro-ministro é hoje uma espécie de
treinador sem direito a escolher a equipa.
A
maioria das coisas que as audiências parlamentares sobre a TAP têm revelado ou
já eram conhecidas ou, apesar de muito rasgar de vestes, eram comuns nos
governos e nas maiorias parlamentares quer do PS, quer do PSD.
(…)
É
normal que, numa democracia com legitimidade eleitoral, os partidos no poder
“controlem” o poder dos seus governantes, e que os governantes não se
considerem acima da ideologia e da política do seu partido.
(…)
O
problema não está em que haja presença partidária e marca partidária na
governação, está na cada vez maior desqualificação e mediocridade do pessoal
político nos partidos.
(…)
As
audiências da TAP são um excelente exemplo dessa crise de capacidade,
competência, gravitas
que enxameia a governação, e todo o sistema político no Portugal de 2023.
(…)
Com a
ascensão de gente que não tem verdadeira carreira profissional, nem a vida
normal dos portugueses com a sua idade, (…) é só uma questão de tempo até
emergir a incompetência, mediocridade ou um qualquer Princípio de Peter.
(…)
Nos
partidos de poder se está a dar a ascensão e a construção de carreira, que já
chega a cargos de governação, de gente que não tem sequer competência para
gerir a arrumação de uma esplanada.
(…)
Tudo transpira uma absoluta mediocridade, um fala-baratismo
que é hoje parte da pseudo-educação de muita gente nas redes sociais.
(…)
Acresce
que muitos dos políticos actuais que vêm das “jotas” vivem de dizer enormidades
nas redes sociais, que os jornalistas amigos valorizam em tweets e na imprensa.
(…)
Esta
gente está a destruir o Governo, por muita maioria absoluta que ele tenha, e a
fazer um enorme dano ao país.
Pacheco Pereira, “Público” (sem link)
[Para sermos esclarecidos e para que fosse feita justiça] foi
criada uma comissão de inquérito com o objetivo de “avaliar o exercício da
tutela política da gestão da TAP”.
(…)
Alexandra Reis foi ouvida e não faltaram elogios à sua
prestação. Dir-se-ia que o país fez as pazes com ela.
(…)
[Os portugueses e os comentadores] demonstraram ter ficado
surpreendidos e agradados com as declarações de Alexandra Reis.
(…)
Também a audição de Christine Ourmières-Widener não lhe
correu mal.
(…)
O que
tinha estado na origem da criação de uma comissão de inquérito – o repúdio pelo
pagamento de uma indemnização de meio milhão de euros – já não é o foco da
atenção dos portugueses. Já nem é assunto.
(…)
Está
agora no olho do furacão a Presidência da República, que poderá ter pedido a
alteração de um voo da TAP, a atuação da CEO que, confrontada com o pedido,
pediu indicações ao secretário de Estado de como agir e a surreal resposta
deste.
(…)
Digo é
que a nossa atenção se desviou daquilo que nos trouxe até aqui e acrescento que
é exatamente isso o que costuma acontecer, quando o assunto é a TAP.
(…)
Discutia-se
se a TAP poderia ser uma empresa viável ou se era apenas um sorvedouro de
dinheiros públicos. Agora ficou demonstrado que se trata de uma empresa viável.
(…)
Esta é
uma vitória para a esquerda que defendia a intervenção do Estado na TAP, mas,
de repente, deixou de ter qualquer importância (e, claro, a privatização é mais
do que certa).
(…)
Se
estamos a falar de uma empresa, é fundamental saber se ela é comercialmente
viável e, caso seja, deve ser seriamente ponderado se a privatização é o melhor
caminho.
(…)
Reparem
que, à direita não interessa nada que os portugueses se concentrem. Este ruído
de sucessivas revoltas por isto, e mais tarde por aquilo, é muito mais
conveniente.
(…)
Querem que se saiba tudo sobre a TAP, mas não no período em
que havia um governo de direita.
(…)
Querem a privatização, mas declaram e reiteram que a empresa
é um buraco.
Carmo Afonso, “Público” (sem link)
Sem comentários:
Enviar um comentário