sábado, 8 de abril de 2023

CITAÇÕES AO SÁBADO (01)

 
E o mundo reage como [ao último relatório-síntese do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC), acabado de sair]?

(…)

Arquiva o relatório e continua a produzir, dia após dia as mesmas causas que geram as mesmas consequências.

(…)

Poucos dias depois saiu o relatório da ONU sobre o problema da água, apontando o risco de crise global da sua escassez, das secas e da desertificação por todo o mundo com enormes efeitos destrutivos. 

(…)

Enquanto isto, e conscientes disto, as ganâncias e os abusos continuam a tentar cativar para si os vastos territórios onde estão as cabeceiras dos cursos de água.

(…)

Tudo indica também que as iniquidades no acesso à água vão criar o problema da guerra por ela.

(…)

O nosso desempenho nesta área [dos resíduos e da economia circular] tem uma trajetória inversa à que deveria ter.

(…)

O país não cumpriu nenhuma das metas dos resíduos urbanos, produzindo-os a um ritmo superior ao da economia.

(…)

Portugal está em rota de sofrer secas cada vez mais frequentes e mais extremas e, contudo, continua a permitir captações e usos agrícolas e pecuários diretamente nas fontes de água doce, legais e ilegais.

(…)

[No que diz respeito à descarbonização a OCDE recomenda:] forte investimento no edificado, redução da frota rodoviária poluente que degrada a qualidade do ar, aceleração da ferrovia e mobilidade elétrica e pública e uma reforma fiscal que penalize os combustíveis fósseis.

(…)

[Quanto à biodiversidade] o relatório apela à rápida regulação e generalização do pagamento dos serviços de ecossistema.

(…)

[A OCDE alerta também para] incêndios florestais e áreas costeiras ameaçadas pela erosão e subida do nível médio do mar. 

(…)

E quanto às zonas costeiras continuam a propor-se, cada vez com mais força sobretudo por fundos imobiliários escandalosamente isentos de impostos, mais construções e ocupações.

Luísa Schmidt, “Expresso” (sem link)

 

A Direita (…) colocou o megafone da reclamação da dissolução do Parlamento nas mãos do Chega.

(…)

O processo para a legitimação da extrema-direita pode estar mais avançado do que aparenta.

(…)

[Os direitos fundamentais das pessoas são] os que nos comprometem como coletividade, como sociedade democrática, onde a governação se concretiza em favor do bem comum.

(…)

[As pessoas que se sentam num gabinete ministerial] não podem, nunca, esquecer-se de que estão a desempenhar funções em nome do povo e para o povo.

(…)

Nem uma maioria absoluta, nem as "leis" do "deus dinheiro" podem homologar poderes supremos.

(…)

A efetiva separação de poderes é condição indispensável para soluções democráticas de governação.

(…)

O primeiro-ministro é hoje uma espécie de treinador sem direito a escolher a equipa.

Carvalho da Silva, JN

 

A maioria das coisas que as audiências parlamentares sobre a TAP têm revelado ou já eram conhecidas ou, apesar de muito rasgar de vestes, eram comuns nos governos e nas maiorias parlamentares quer do PS, quer do PSD.

(…)

É normal que, numa democracia com legitimidade eleitoral, os partidos no poder “controlem” o poder dos seus governantes, e que os governantes não se considerem acima da ideologia e da política do seu partido.

(…)

O problema não está em que haja presença partidária e marca partidária na governação, está na cada vez maior desqualificação e mediocridade do pessoal político nos partidos.

(…)

As audiências da TAP são um excelente exemplo dessa crise de capacidade, competência, gravitas que enxameia a governação, e todo o sistema político no Portugal de 2023.

(…)

Com a ascensão de gente que não tem verdadeira carreira profissional, nem a vida normal dos portugueses com a sua idade, (…) é só uma questão de tempo até emergir a incompetência, mediocridade ou um qualquer Princípio de Peter.

(…)

Nos partidos de poder se está a dar a ascensão e a construção de carreira, que já chega a cargos de governação, de gente que não tem sequer competência para gerir a arrumação de uma esplanada.

(…)

Tudo transpira uma absoluta mediocridade, um fala-baratismo que é hoje parte da pseudo-educação de muita gente nas redes sociais.

(…)

Acresce que muitos dos políticos actuais que vêm das “jotas” vivem de dizer enormidades nas redes sociais, que os jornalistas amigos valorizam em tweets e na imprensa.

(…)

Esta gente está a destruir o Governo, por muita maioria absoluta que ele tenha, e a fazer um enorme dano ao país.

Pacheco Pereira, “Público” (sem link)

 

[Para sermos esclarecidos e para que fosse feita justiça] foi criada uma comissão de inquérito com o objetivo de “avaliar o exercício da tutela política da gestão da TAP”.

(…)

Alexandra Reis foi ouvida e não faltaram elogios à sua prestação. Dir-se-ia que o país fez as pazes com ela.

(…)

[Os portugueses e os comentadores] demonstraram ter ficado surpreendidos e agradados com as declarações de Alexandra Reis.

(…)

Também a audição de Christine Ourmières-Widener não lhe correu mal.

(…)

O que tinha estado na origem da criação de uma comissão de inquérito – o repúdio pelo pagamento de uma indemnização de meio milhão de euros – já não é o foco da atenção dos portugueses. Já nem é assunto.

(…)

Está agora no olho do furacão a Presidência da República, que poderá ter pedido a alteração de um voo da TAP, a atuação da CEO que, confrontada com o pedido, pediu indicações ao secretário de Estado de como agir e a surreal resposta deste.

(…)

Digo é que a nossa atenção se desviou daquilo que nos trouxe até aqui e acrescento que é exatamente isso o que costuma acontecer, quando o assunto é a TAP.

(…)

Discutia-se se a TAP poderia ser uma empresa viável ou se era apenas um sorvedouro de dinheiros públicos. Agora ficou demonstrado que se trata de uma empresa viável.

(…)

Esta é uma vitória para a esquerda que defendia a intervenção do Estado na TAP, mas, de repente, deixou de ter qualquer importância (e, claro, a privatização é mais do que certa).

(…)

Se estamos a falar de uma empresa, é fundamental saber se ela é comercialmente viável e, caso seja, deve ser seriamente ponderado se a privatização é o melhor caminho.

(…)

Reparem que, à direita não interessa nada que os portugueses se concentrem. Este ruído de sucessivas revoltas por isto, e mais tarde por aquilo, é muito mais conveniente.

(…)

Querem que se saiba tudo sobre a TAP, mas não no período em que havia um governo de direita.

(…)

Querem a privatização, mas declaram e reiteram que a empresa é um buraco.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)


Sem comentários:

Enviar um comentário