João André Costa, “Público”
domingo, 31 de dezembro de 2023
FRASE DO DIA (2169)
A GAROTA NÃO AGRADECEU UM GLOBO DE OURO QUE LHE FOI ATRIBUÍDO LENDO UM POEMA DA SUA AUTORIA
O discurso-poema d' A Garota Não que toda a gente quis ouvir e que marca
este ano de 2023, a chegar ao fim. Vencedora do Globo de Ouro da SIC na categoria
de Melhor Intérprete, em outubro, A Garota Não - nome artístico da
cantora-compositora Cátia Oliveira - agradeceu o prémio lendo um poema da sua
autoria.
Leia o poema completo e recorde o momento: https://expresso.pt/.../2023-10-01-O-discurso-poema-d-A...
Via SIC
sábado, 30 de dezembro de 2023
MENSAGEM DE MARIANA MORTÁGUA SOBRE OS PRIMEIROS SETENTA DIAS DO ANO
Esta não é uma mensagem de ano novo. Esta
mensagem é sobre os primeiros setenta dias do ano novo, até às eleições. Pela
minha parte, aproveitarei este tempo para abrir caminhos de diálogo, de clareza, de mobilização. (Mariana Mortágua)
MAIS CITAÇÕES (264)
(…)
Ventura
nem precisou de chegar ao poder para criar um ambiente irrespirável no
Parlamento, violando sistematicamente regras de civilidade instituídas.
(…)
Na
verdade, a social-democracia clássica, com a economia mista, um Estado forte em
sectores-chave e uma regulação apertada do mercado, está interdita pelos dogmas
da União. Deixou de ser centrista.
(…)
A
deriva securitária associada às políticas anti-imigração é compatível com o
pensamento hegemónico em Bruxelas.
(…)
Segundo
um estudo de junho da Universidade Católica, 55% dos portugueses apontam o
Chega como partido extremista, apenas 13% e 11%, respetivamente, indicam o BE
ou o PCP.
(…)
44%
escolhem o Chega como um perigo para a democracia, só 6% pensam o mesmo de cada
um dos partidos mais à esquerda.
(…)
[Para
os eleitores do PSD] 60% escolhem o Chega como extremista (no PS são 69%), 41%
como um perigo para a democracia.
(…)
A
experiência da ‘geringonça’ acabou com o fantasma [do extremismo e do
perigo para a democracia relacionados com BE e PCP].
(…)
[A
questão é] como o PSD se livra do Chega.
(…)
Um
Governo do PS dependente do PSD seria a receita para a paralisia do país.
(…)
Já o
apelo para o PS viabilizar um Governo minoritário do PSD deixa os eleitores de
direita à vontade para votar no Chega.
(…)
Só
teriam a ganhar com isso: impediam o PS de fazer oposição e garantiriam uma
maioria à direita em todos os assuntos fraturantes.
(…)
Reverter
o avanço de 2015, que determinou que contam as maiorias parlamentares, é atirar
o país para bloqueios políticos, com sucessivos Governos minoritários num
cenário partidário fragmentado.
(…)
É de
blocos à esquerda e à direita que temos de falar.
(…)
[A “geringonça”]
travou o abuso da autossuficiência socialista. Foram os melhores anos de Costa.
(…)
Um
novo entendimento [com Bloco e PCP] será mais fácil e mais difícil. Mais fácil
porque já foi experimentado e o novo líder do PS não quer rasteirar os aliados.
Mais difícil porque a experiência acabou mal para BE e PCP.
(…)
À
direita, a alternativa é o passismo ideológico, já bastante neoliberal, aliado
a um partido quase libertário em fase de afirmação e dependente da anuência da
extrema-direita.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
À entrada em 2024, uma grande interrogação se coloca aos
portugueses e portuguesas que amam a democracia: o que fazer para honrar o 25
de Abril?
(…)
Cuidemos da esperança para evitar que 2024 não seja o ano do
mais duro ataque à democracia neste percurso de 50 anos.
(…)
A nossa democracia teve a dupla tarefa de afirmação dos
direitos, liberdades e garantias e da construção do seu conteúdo.
(…)
O país era paupérrimo, atrasado em todas as áreas, e o Social
era uma miragem.
(…)
Hoje, a Direita, de braço dado com a extrema-direita, renega
esses compromissos transformadores.
(…)
A campanha sobre a pretensa crise das instituições tem um
objetivo: amadurecer a ideia na sociedade para, em momento oportuno, atacar
essas mesmas instituições.
(…)
Infelizmente, o modelo de baixos salários não “é passado”; é
presente a projetar-se para o futuro.
(…)
A pobreza está ao mesmo nível de 2015, por razões que deviam
ser explicadas.
(…)
Não se pode fechar os olhos à dimensão e impactos da
emigração dos nossos jovens.
(…)
A imigração é muito bem-vinda, mas está a ser, em parte,
tomada como instrumento de políticas de baixos salários.
(…)
Gera-se esperança respondendo aos problemas das pessoas e
contribuindo para que sejam elas os principais atores da mudança.
Há uma
dolorosíssima crise nos media portugueses e sem um panorama mediático livre,
independente, plural, os cidadãos deixam de ter a informação necessária para
julgar por si próprios todas as outras crises
(…)
Se o
mercado não consegue sustentar projetos editoriais válidos e com uma longa
história, a questão é saber se a informação produzida pelos media deve ou não
ser considerada um bem de primeira necessidade para a saúde da democracia. A
minha resposta é obviamente positiva.
(…)
[O
Estado] também deve assegurar que o panorama mediático não se degrada a um
ponto em que passamos a ter jornais, rádios e televisões tão fragilizados que
sejam determinados por lógicas de poder.
(…)
O que importa é encontrar respostas que a permitam minorar e
que assegurem a sustentabilidade a prazo do panorama mediático.
(…)
A
crise não é idêntica para todos os media e não pode ser resolvida com as mesmas
medidas para jornais, rádios ou televisões.
(…)
A
compra de publicidade institucional por parte do Estado deveria tornar-se uma
obrigação permanente para defender a liberdade de informação ameaçada pela
fragilidade financeira das empresas.
(…)
Para
as televisões a crise é mais grave com quebras assinaláveis de audiências e de
receitas publicitárias. A procura de novos rendimentos e a redução dos encargos
são o alfa e o ómega das administrações.
(…)
As
três televisões generalistas – RTP, SIC e TVI – estão a trabalhar para
encontrar áreas onde possam aumentar receitas e reduzir custos (…). Contudo, tal significará sempre uma gota de água no
oceano das necessidades.
(…)
Haverá
quem pense que a crise dos media nada tem que ver consigo, caro leitor e
concidadão. Mas tem e muito.
(…)
Quando
há crises, pandemias, catástrofes, guerras, quedas de governos, grandes
escândalos financeiros é às marcas editoriais credíveis que os cidadãos
recorrem.
(…)
Este jornalismo é a seiva da democracia.
(…)
Se ele
não existir, a liberdade, que vai agora fazer 50 anos, definhará lenta, mas
inexoravelmente, até só restar uma caricatura da sua existência.
Nicolau Santos, “Público” (sem link)
O
conflito em Gaza é mais uma página tenebrosa de uma guerra que conhece períodos
de baixa intensidade e momentos de uma violência extrema.
(…)
É um
conflito localizado numa parte do mundo e na sua história densa de ódios, com
uma herança violenta de contas a pagar.
(…)
O conflito da Ucrânia é, num certo sentido, muito mais grave,
com muito maior possibilidade de consequências.
(…)
É um
genuíno conflito mundial, tocando por si só o frágil tecido das relações de
força internacionais pelo seu risco de uma “mútua destruição assegurada”.
(…)
Nunca
se ouviram com tanta frequência as ameaças de utilização de armas nucleares
como as vindas da Federação Russa, uma das grandes potências nucleares
(…)
A guerra da Ucrânia é uma guerra de conquista territorial, de
subjugação neocolonial para toda uma região.
(…)
A
traição dos republicanos “trumpistas” e dos “cansados europeus” garante tudo
menos a paz, garante mesmo a guerra europeia, e isso também diz respeito a
Portugal.
(…)
A
traição a Gaza retira muito da possibilidade de se usar um argumento de
princípio por parte do chamado “Ocidente” e fragiliza qualquer superioridade
moral.
Pacheco Pereira, “Público” (sem link)
A DRAMÁTICA SITUAÇÃO DA COMUNIDADE ROHINGYA
Maung Sawyeddollah, refugiado Rohingya e ativista, acredita que a
intensificação dos ataques à sua comunidade se deveram ao algoritmo da Meta que
amplificou o incitamento anti-Rohingya na plataforma Facebook, alimentando a
violência e o ódio das forças militares do Myanmar.
No
dia 31 de dezembro, Sawyeddollah fará 23 anos e o melhor presente que lhe pode
oferecer é assinar a petição, exigindo uma reparação da Meta para as
comunidades Rohingya.
Faça
com que Maung Sawyeddollah tenha ainda mais razões para comemorar o seu
aniversário. Junte-se a nós em www.amnistia.pt/maratona
AI
sexta-feira, 29 de dezembro de 2023
CITAÇÕES
(…)
A primeira é a mais evidente: vivemos uma crise de regime.
(…)
Por uma razão essencial, a hegemonia só é conseguida pela
brutalização das relações sociais.
(…)
A lista é imensa: [desde a] precarização e degradação
salarial das qualificações, ou a marginalização dos jovens (…) [até] à banalização
do mal e dos seus títeres, de que Netanyahu é agora a forma mais eloquente.
(…)
Em comum está a criação de insegurança para a maioria das pessoas.
(…)
Quanto mais agravam a crise do regime que fez o seu poder, mais
espaço encontram para a bufonaria.
(…)
Este movimento é impulsionado pela monstruosidade das regras
europeias.
(…)
Passámos do pagamento a Erdogan para prender imigrantes ao
sepulcro silencioso dos imigrantes no Mediterrâneo, e Meloni chegou ao poder.
(…)
Do que não há dúvida é que o sucesso deste liberalismo [com a
uniformização liberal do centro] é medido pela desorganização dos hospitais
portugueses ou pela espiral dos preços da habitação: o mercado funciona mesmo,
só que não para as pessoas.
(…)
Enfrentar o liberalismo é a condição da democracia.
(…)
A invasão da Ucrânia pelo exército de Putin (…) despertou a
obediência ao que é visto como um fator de resistência a Washington.
(…)
Seve-se fechar os olhos ao reacionarismo religioso de Putin, ou ao
seu ataque aos direitos das mulheres? (…). Pode-se aceitar o princípio
do partido único ou a repressão do direito de opinião?
(…)
Aceitar estas regras não é a condição da esquerda, é a sua agonia.
(…)
Só há democracia com soberania nacional e a ideia de uma
democracia internacional tem sido uma fraude que anula a base da decisão
popular, recusando a autodeterminação das nações.
(…)
Sem políticas inclusivas, sem horizonte de futuro, sem pragmatismo
na defesa prioritária dos bens públicos que afetam a vida da maioria da
população, sem compromisso democrático mobilizador, a esquerda perderia o
sentido.
Francisco Louçã, “Expresso” (sem link)
À
esquerda e à direita, ouvimos palavras sentidas de apreço e reconhecimento pelas
qualidades de Odete Santos e pelas lutas que travou.
(…)
Era uma mulher autêntica.
(…)
Defendia
apenas aquilo em que acreditava, e acreditava em coisas boas, como os direitos
das mulheres e a causa dos trabalhadores.
(…)
Ninguém poderia aborrecer-se a ouvir ou a olhar
para Odete Santos.
(…)
Comunista é um substantivo, mas cresci a ouvir
a palavra ser usada como adjetivo e não num sentido elogioso.
(…)
Existe um sentimento anticomunista
profundamente enraizado em Portugal.
(…)
Assimilámos os preconceitos da Guerra Fria e
diabolizamos pessoas que são provavelmente as melhores entre nós.
(…)
Afeiçoei-me à vida da social-democracia
europeia.
(…)
[Odete Santos] foi cedo e deixou um lugar
impossível de preencher.
Carmo Afonso, “Público”
(sem link)
A
Substack, uma plataforma norte-americana para distribuição de newsletters, tem
a ambição de desempenhar um papel importante na campanha eleitoral dos Estados
Unidos de 2024.
(…)
A Substack transformou-se num paraíso para a
extrema-direita, de supremacistas brancos a nazis, passando por nostálgicos
confederados.
(…)
Hamish
McKenzie, um dos co-fundadores, publicou uma mensagem a defender a posição da
plataforma de não interferir na liberdade de expressão, garantindo que censurar
as opiniões extremas apenas serve para lhes dar mais força.
(…)
McKenzie
usou os mesmos argumentos a que a extrema-direita recorre para defender o seu
discurso de ódio, racista, xenófobo, antidemocrático: o direito à liberdade de
expressão.
(…)
Os fundadores
da Substack sublinham que “submeter as ideias a um discurso aberto é a melhor
maneira de retirar o poder às más ideias”. O que a prática tem demonstrado é
que se trata de uma falácia.
António Rodrigues, “Público” (sem link)
A
Human Rights Watch denunciou que a Meta, a empresa que detém o Instagram e o
Facebook, tem aplicado uma política sistemática de censura das publicações favoráveis
aos palestinianos.
(…)
“A HRW descobriu que a censura de conteúdo
relacionada com a Palestina no Instagram e no Facebook é sistémica e global”,
refere a organização em comunicado.
(…)
Esta
censura à liberdade de expressão pró-palestiniana estende-se aos media e aos
meios académicos nos Estados Unidos. O Democracy Now! chama-lhe a “excepção
palestiniana”.
(…)
Recentemente
o New York Times falava em “sinais crescentes de que as faculdades estão a
começar a reprimir protestos e iniciativas pró-palestinianas nos campus, à
medida que as instituições enfrentam a pressão de doadores, antigos alunos e
políticos, furiosos com aquilo que dizem ser uma campanha anti-semita contra os
judeus”.
António Rodrigues, “Público” (sem link)
A escritora e activista indiana Arundhati Roy
chamava a atenção recentemente (…) que hoje a informação, e a
sua difusão, não está nas mãos dos media, mas sob controlo das empresas de
tecnologia.
(…)
Isso contribui para (…) as pessoas no
mundo inteiro estarem aparentemente a votar “para ficar sem poder”.
(…)
O poder de uma empresa como a Meta em termos
globais é astronómico.
(…)
A
escritora indiana acredita que esse poder incomensurável acabará por resultar
em revoluções, quando as novas gerações se rebelarem contra esse controlo excessivo
por empresas privadas.
(…)
No entanto, o desenvolvimento da inteligência
artificial poderá tornar-nos ainda mais dependentes, se não for das empresas,
dos governos.
António Rodrigues, “Público”
(sem link)
Os portugueses preparam-se para receber a mensagem de Marcelo
Rebelo de Sousa com um grau de desconfiança que nunca sentiram pela mais alta
figura do Estado.
(…)
[Existe] um sentimento geral de desconfiança que já nem
alguma benevolência disfarça.
(…)
As pessoas não suportam sentir-se traídas.
(…)
Marcelo é vítima dos afectos que criou. Conquistou pelo
coração e pode morrer por ele.
(…)
Entre dois blocos opostos mas sem uma argamassa firme que
cole a vertigem da extrema-direita ao poder, Marcelo ainda poderá ser chamado à
responsabilidade de vedar o caminho aos aventureirismos que impulsionou este
ano.
PELO FIM DO GENOCÍDIO EM GAZA. JÁ!
quinta-feira, 28 de dezembro de 2023
OS JOVENS ATUAIS NÃO PODEM ESPERAR 20 ANOS PARA QUE HAJA CASAS NO MERCADO
Pessoas da minha geração não querem esperar 20
anos para que 30000 casas entrem no mercado para resolver um problema que as
pessoas sentem agora. Porque é agora que estão a ser despejadas, é agora que
querem ter filhos e não podem. É agora que precisam de uma casa.
(Mariana Mortágua)
FRASE DO DIA (2168)
Mário Reis, “diário as beiras”
HOTÉIS A MAIS E CASAS A MENOS…
Em 2014, durante um dia, ocupamos simbolicamente um prédio
devoluto em Lisboa. Passou uma década e só uma coisa mudou: hoje vemos nesse
prédio um letreiro que anuncia que ali nascerá mais um hotel de luxo. Em
Lisboa, como em tantas outras cidades, há hotéis a mais e casas a menos.
(Mariana Mortágua)
VINTE MIL EM ESPERA, MUITOS OUTROS NEM CHEGAM AOS SERVIÇOS
Cerca de metade dos casos prioritários e muito prioritários já excederam o
prazo legal de espera para consulta. O estado da saúde mental mostra a falta de
aposta e de investimento no SNS.
Recentemente o Bloco de Esquerda apresentou uma lei de meios para a saúde
mental: contratação de 500 psicólogos para os cuidados de saúde primários,
constituição das equipas comunitárias que respeite o rácio populacional previsto
na lei, entre outras medidas. O PS chumbou tudo. Votou contra tudo. Prefere um
SNS à míngua.
E neste caso nem se pode desculpar com a falta de profissionais. No caso
dos psicólogos basta abrir concursos. No caso destes e de tantos outros
profissionais basta dar-lhes boas condições de carreira e de trabalho. Por
outras palavras: basta querer. E o PS não quis, tal como o PSD não quis.
A notícia é do Jornal de Notícias
Moisés Ferreira
quarta-feira, 27 de dezembro de 2023
CITAÇÕES À QUARTA (83)
(…)
A fragilidade [do PSD] é evidente e, com a constituição da
AD, diz-nos que sabe que nunca lá chegaria sozinho, o que já faz fraca figura.
(…)
É por demais evidente que o CDS não elegeria um único
deputado, dado que os seus votos há muito se esvaíram para o Chega.
(…)
É uma combinação de dois partidos que se dizem fracos.
(…)
A segunda boa notícia é que o PSD quer falar a duas vozes e
que uma delas terá como alvo o Chega.
(…)
Conhecendo o espírito fanfarrão de Ventura, é de prever que
caia na armadilha e faça da luta contra a AD o mote da sua campanha.
(…)
Como as eleitoras e os eleitores não são estúpidos, é por
demais perceptível que a fraqueza de dois partidos somados não faz uma força, e
que o seu sucesso dependeria unicamente de uma mentira.
(…)
A circunstância de parte da direita se coligar (…) [faz
ressaltar] que o PS, que critica o subterfúgio e este fingimento, precisaria de
um topete monumental para tentar fazer o mesmo.
(…)
A maior virtude [da coligação de direita] é obrigar o PS a
dizer o que quer, com quem, como e para fazer o quê. Estou-lhe grato por isso.
Francisco Louçã, “Expresso” online
(sem link)
Qualquer
conteúdo que envolva pessoas racializadas serve de chamariz para o derramamento
de ódio racista por parte de milhares de contas ou perfis que se apresentam
como simpatizantes do partido Chega e de André Ventura.
(…)
O racismo e a ausência de sentido crítico em
relação ao colonialismo, em Portugal, vêm de longe. Não vale a pena
negar que é assim.
(…)
Falo
da caracterização de seres humanos como sendo passivos, incapazes de assumir
plenamente a condição de sujeitos políticos, e falo da glorificação do
colonialismo.
(…)
Da ideia de que chegámos a outros países para
lhes levar civilização.
(…)
Graças ao Chega, os racistas em Portugal
perderam a vergonha de ser racistas.
(…)
O problema tem tal gravidade que assumir um
discurso político racista compensa. Dá votos.
(…)
Foi
para esses que André Ventura falou quando, no dia de Natal, criticou o facto de
as duas gémeas angolanas terem sido operadas em Portugal.
(…)
É este o veneno que intoxicou o nosso sistema
democrático. Ventura continua a distribuí-lo. Quanto mais distribui, mais
eleitores conquista.
(…)
As
duas gémeas foram operadas ao abrigo de um acordo que prevê a partilha dos
custos entre o Estado Português e a República Popular de Angola.
(…)
Não existe um único aspeto atendível nas
suspeições levantadas por Ventura. E o próprio é quem melhor sabe disso.
(…)
Está a aproveitar-se do racismo de muitos
portugueses para colher vantagens eleitorais.
(…)
Mais
do que propagar mensagem racista, o líder do partido Chega desenvolve a sua
atividade política aproveitando-se das fraquezas e falhas de muitos
portugueses.
(…)
São
pessoas que precisam, como de pão para a boca, de formação em valores
democráticos e progressistas ou mesmo em direitos humanos.
(…)
A
mensagem racista e xenófoba não precisa de ser verdadeira para ser contrária à
lei. E um partido que a usa deve ser extinto.
Carmo Afonso, “Público” (sem link)
Nunca
há uma altura certa para nos irmos embora quando o melhor é ficar — e ficar
para sempre com quem mais queremos e quem mais nos quer.
(…)
Uma
coisa é certa: se fosse hoje o dia de partida, não seria possível partir e esta
fuga para a frente não seria senão o regresso à fome.
(…)
Se no
pós-"Brexit" já nos era exigido não só a garantia de emprego ao
chegar à fronteira, mas também o salário mínimo de 26.200 libras anuais, de
acordo com as novas regras para obtenção de visto de trabalho, esse salário
mínimo subiu para a casa das 38.700 libras anuais.
(…)
Há
áreas de excepção (como as da saúde ou segurança social), mas com um salário
inferior a esse valor vem a contramedida de não poderem trazer consigo, agora
ou mais tarde, os respectivos cônjuges e dependentes.
(…)
O Reino Unido está cada vez mais fechado sobre
si mesmo.
(…)
Há um
milhão de postos de trabalho por preencher, resultantes da pandemia e da saída
da União Europeia, e é provável que assim se mantenham num país onde o
feudalismo impossibilita a mobilidade social e os britânicos são os maiores
inimigos de si mesmos.
(…)
O
Reino Unido quer o impossível e o melhor dos dois mundos num misto de populismo
e areia para os olhos — e o imigrante é o culpado mais à mão.
(…)
O
mesmo imigrante que é obrigado a pagar até agora uma anuidade de 624 libras
para poder continuar a trabalhar no reino de Sua Majestade (…), a partir de Janeiro, a mesma anuidade
passará para a casa das 1035 libras.
(…)
Conclusão:
tivesse eu esta capacidade económica e não teria saído de Portugal. Só quem tem
uma boa almofada financeira pode esperar exercer o seu mester no Reino Unido.
(…)
E para
os britânicos casados ou em união de facto com um imigrante nada está
garantido, estando o cônjuge em risco de não poder ficar caso o outro elemento
do casal não ganhe pelo menos 38.700 libras.
(…)
Quando
se comemoram os 75 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, não nos
esqueçamos do artigo 14.º e do direito a todos as vítimas de perseguição a
procurar asilo noutros países.
João André Costa, “Público” (sem link)
Os
cientistas apontam a produção de energia a partir da combustão de biomassa,
essencialmente de madeira e de cereais, como geradora de fortes impactos na
biodiversidade, nos solos e recursos hídrico, no acréscimo de emissões de gases
com efeito estufa e de poluição atmosférica.
Paulo Pimenta de Castro, “Público” (sem link)