terça-feira, 31 de março de 2015

“DIÁRIO DE GUANTÁNAMO”




Mohamedou Ould Slahi, é mauritano e está detido há 14 anos em Guantánamo, sem qualquer acusação, nem provas de ser terrorista. Ele escreveu um livro, censurado pelos Estados Unidos, e que já está à venda em Portugal, em que revela como é a vida na prisão, criada depois dos atentados de 11 de Setembro.

DINHEIRO NUNCA FALTOU…


Como tem sido sobejamente referido, e, ao contrário do que a propaganda governamental nos quis fazer crer durante muito tempo, nunca faltou dinheiro às grandes empresas só que não o aplicaram “nem para abater a dívida nem para fazer investimento”, como refere Francisco Louçã no texto que assina hoje no seu blog no Público, tendo por base um artigo inserido no Expresso Economia do passado sábado. A linguagem simples utilizada por Louçã é acessível a qualquer pessoa, permitindo aos leitores compreender quanto quiseram enganar os portugueses.
Em poucas palavras ficámos a perceber, de uma vez por todas, quem viveu acima das suas possibilidades… e quem pagou a factura.
Se pensava que com a comissão de inquérito ao BES e com os longuíssimos testemunhos dos banqueiros, contabilistas e afins ficou a saber como funcionava a elite da economia nacional, pois prepare-se para mais notícias surpreendentes. O Expresso deste sábado apresenta uma delas e é um número: de 2008, quando começou a crise financeira, até 2014, as empresas que agora estão no PSI20 distribuíram 13 mil milhões de euros em dividendos. É mais do que as empresas chinesas aplicaram em privatizações em Portugal, acrescentam com malícia e rigor as autoras do artigo (Elisabete Tavares e Joana Madeira Pereira, “PSI20 paga 13 mil milhões de dividendos desde 2008”). Por outras palavras, nunca faltou dinheiro. Outra coisa é saber como foi aplicado.
De facto, houve dinheiro mesmo quando não havia. Exemplos: mesmo com prejuízos de 63 milhões, em 2011 a Sonae SGPS pagou 66,2 milhões de dividendos. Usou as suas reservas para satisfazer os accionistas. A Zon, em 2012, com modestos ganhos de 22 milhões, pagou o triplo em dividendos, 61,8 milhões. O mesmo já tinha acontecido no ano anterior. A administração foi às reservas.
Havia portanto dinheiro. E generosamente: as duas empresas mais endividadas, a EDP e a PT, foram as recordistas do pagamento de dividendos (4,4 mil milhões na EDP e mais de 3 mil milhões na PT). No total, os pagamentos de dividendos em 2014 foram 1,7 mil milhões, ou seja, 57% do lucro foi entregue aos accionistas no caso das empresas não financeiras do PSI20. Se considerarmos o peso dos dividendos comparado com os resultados líquidos, então temos o número esmagador de 154% em todo o PSI20 (em 2013 e por causa dos prejuízos da banca). Os dividendos foram ao pote.
Note bem. Durante estes anos vivemos primeiro uma crise financeira e depois uma recessão prolongada. O endividamento destas empresas aumentou e o seu investimento caiu a pique. Ficaram mais pobres. Mas usaram mais de metade dos seus rendimentos para pagar dividendos aos seus accionistas – mesmo quando tinham prejuízos ou quando gastavam mais do que o que tinham ganho. Não foi nem para abater a dívida nem para fazer investimento para terem melhores resultados no futuro (já para não dizer criar emprego ou aumentar a capacidade produtiva). Foi para pagar dividendos. Chama-se a isto viver acima das suas possibilidades. E é a história da burguesia portuguesa.
Pois é. O caso Salgado não é só uma maçã podre que perturbava o cesto. O cesto é que é o problema pior.

segunda-feira, 30 de março de 2015

COMOVENTE ATÉ ÀS LÁGRIMAS



Esta imagem é comovente até às lágrimas e muito justamente por isso está a correr mundo.
Trata-se de uma menina síria que está de braços no ar a “render-se” a uma máquina fotográfica julgando tratar-se de uma arma.
A expressão da criança revela o pânico que está a sentir e pode tornar-se o símbolo do drama que o povo sírio está a viver.

EM DEFESA DA CAUSA PALESTINIANA


Nada acontece por acaso e, muito menos em política. Por isso mesmo, também não é por acaso que raro aparece a opinião de um palestiniano nas páginas de um jornal de grande expansão. O lobby israelita faz-se sentir em todos os sectores da nossa sociedade e, por maioria de razões na comunicação social. De cada vez que algum defensor da causa palestiniana emite uma opinião e coloca a descoberto a política criminosa do estado de Israel é uma trabalheira que dá à propaganda sionista para apagar as evidências vindas a público.
Para aqueles que não se conformam com a continuação desta situação, há que aproveitar todas as ocasiões em que é possível divulgar a posição defendida pelo governo palestiniano. Encontrámos hoje no Público um artigo de opinião do embaixador da Palestina em Portugal, o sr. Hikmat Ajjuri e não vamos desperdiçar a ocasião para o divulgar.
Na história recente, não há eleições que tenham sido seguidas assim tão de perto por todo o mundo como foram as últimas eleições israelitas, a 17 de Março 2015. O mundo estava curioso sobre o destino de Netanyahu, o político mais arrogante e fabricante alguma vez conhecido na história de Israel.
Contra os interesses do próprio país, Netanyahu começou uma guerra contra o Presidente norte-americano, Obama, quem, com toda a sinceridade, serve a Israel e à sua segurança mais que o próprio arrogante primeiro-ministro israelita. Dirigir-se ao congresso norte-americano e espionar as conversas secretas iranianas e norte-americanas, para sua glória pessoal, é o estilo de Netanyahu de insultar os Estados Unidos da América e o seu Presidente.
Netanyahu ganhou um mandato de quatro anos com votos de cérebros lavados. Vítimas israelitas do medo e da ansiedade, do ódio e do desespero, que ele foi semeando entre elas durante os seus — até agora — nove anos no cargo. O jornal Haaretz comparou esses eleitores de direita com a mulher agredida que constantemente volta para o seu marido abusivo.
Em 1992, Netanyahu, então membro de Knesset, afirmou que dentro de três a cinco anos o Irão teria uma bomba nuclear e argumentou que esta era a maior ameaça para Israel.
“Netanyahu afirmou que Saddam também tinha armas químicas e biológicas (na verdade não tinha) e avisou que, no momento em que os Estados Unidos atacassem, Saddam iria lançar essas armas, contra Israel, e, mais interessante que tudo, previu que a queda de Saddam teria um efeito particularmente positivo em toda a região, podendo até mesmo levar à queda dos regimes do Irão e da Líbia.” (Haaretz, 08/03/2015)
Em 1996, ganhou as suas primeiras eleições através de um manifesto para destruir o Acordo de Oslo, supostamente, antes que este destruísse o Estado de Israel. Este manifesto, que foi publicado em 1993, sem dúvida, incentivou o assassínio do único político israelita visionário, o falecido primeiro-ministro Rabin. A 17 de Janeiro de 2002, Netanyahu disse a Jack Katzenell, da Associated Press, que o “Estado palestiniano nunca deverá ser estabelecido e que Yasser Arafat deve ser derrubado”.
A sua natureza racial ficou clara na véspera das eleições, quando fez um apelo de última hora aos seus apoiantes para irem às urnas, de forma a combaterem a elevada taxa de participação dos árabes israelitas. Esta natureza também foi afirmada quando saudou um rabino que apoiou um trabalho sobre as leis de matar os não-judeus. (Sefi Rachlevsky, 23/04/ 2013)
Por outro lado, a sua natureza fabricante ficou clara quando jurou que nunca iria permitir o estabelecimento de um Estado palestiniano, disse que, “certamente”, se fosse eleito, não haveria um Estado palestiniano. Uma promessa que contradiz o seu discurso em Bar-Ilan, em 2009, sobre os dois Estados a viverem lado a lado.
Em 1997, Sharon disse a Netanyahu (o então primeiro-ministro), “um mentiroso foste e um mentiroso permaneceste”. Alguns liberais e democratas viram um político com estas características como um demagogo perigoso, uma visão que faz com que Netanyahu seja considerado inapto para ser confiado como um parceiro para a paz na Terra Santa.
Netanyahu, nos próximos quatro anos de mandato, vai fazer tudo para perpetuar o actual statu quo, o que significa mais miséria e mais perdas de vidas inocentes de judeus, cristãos e muçulmanos que vivem na Terra Santa e além desta.
A imposição da ONU de uma resolução sob o Capítulo 7, para materializar a solução de dois Estados, na Terra Santa, com base no Direito Internacional, é a única ferramenta eficaz, não apenas para resolver a paz na Terra Santa mas também para derrotar o terrorismo. Porque a Palestina, que é ocupada por Israel, é um Estado que abriga os lugares cristãos e islâmicos mais sagrados.
Na realidade, está tudo nas mãos do galardoado com o Prémio Nobel, o Presidente Obama. Mas a grande questão é, será ele capaz de transformar em acções as palavras ditas pelo ex-secretário de Estado Dean Acheson: “A Carta da ONU foi uma versão condensada da filosofia política norte-americana”?

ONDE ESTÃO OS PRINCIPAIS CULPADOS DA VIOLÊNCIA SOBRE OS PROFISSIONAIS DA SAÚDE?


Têm vindo a público várias informações acerca de actos de violência física e psicológica sobre o funcionalismo público em geral e, de um modo particular sobre os profissionais de saúde. É obvio que muitas destas situações têm a ver com o desespero das pessoas perante a impossibilidade de conseguirem resolver muitos problemas que até há pouco tempo não aconteciam. Daí a alguma espécie de agressão ao funcionário que está mais próximo, ainda que não culpado, vai um passo. Só que, os principais responsáveis estão sempre muito longe dos utentes e a salvo de qualquer percalço. Os cortes em todos os sectores da administração pública, nomeadamente, na área da saúde, com a redução do número de funcionários, o aumento da carga horária e outros, só podem conduzir a uma degradação dos serviços prestados.
O texto que apresentamos a seguir é da autoria do Presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (*) e tem como pano de fundo a crise económica e as implicações sociais que tiveram as medidas tomadas pelo Governo nos últimos anos, nomeadamente, as que atingem directa ou indirectamente a segurança dos profissionais da saúde.
A crise económica e o seu impacto social, a degradação das condições de prestação de cuidados de saúde e a estigmatização dos profissionais pelas insuficiências e deterioração do sector da saúde (culpabilização sabiamente orquestrada pela máquina de propaganda do Ministério da Saúde) são as principais causas do aumento da violência contra os profissionais de saúde.
Este flagelo com importante impacto sobre as condições de trabalho dos médicos, enfermeiros, administradores, auxiliares e outros profissionais está a aumentar exponencialmente com uma absoluta e incompreensível inanição dos responsáveis dos hospitais, centros de saúde e do Ministério. Os dados revelados pela Direcção-Geral de Saúde(DGS) estão muito aquém da verdadeira dimensão do problema.
Considerando que a violência sobre profissionais de saúde pode ser física ou psicológica, ser infligida por um doente, um acompanhante ou por outro profissional, estou em crer que o número de vítimas é igual ao número de profissionais de saúde.
Que profissional de saúde nunca sofreu uma injúria, uma calúnia, uma ameaça, foi vítima de chantagem psicológica ou de assédio?
As 531 notificações feitas em 2014 ao Observatório Nacional da Violência contra os Profissionais de Saúde no Local de Trabalho não refletem a realidade vivida nos Hospitais e Centros de Saúde. Em Janeiro de 2015 já foram registadas 33 notificações e, se olharmos para os dados mais recentes, verificamos que os dados de 2014 refletem uma duplicação do número de casos de violência em relação ao ano de 2013. As notificações realizadas on-line no site da DGS são feitas, recorde-se, de forma voluntária e anónima. O fenómeno não é exclusivo do nosso país, porém, com a agudização da crise económica e financeira e a escassez de apoios sociais são muitas vezes os profissionais de saúde que estão na linha da frente face ao desespero e debilidade dos doentes e dos seus familiares.
Sendo um fenómeno com consequências graves sobre o desempenho dos profissionais, o que considero muito perigoso é a ausência de um plano de prevenção e de proteção  dos profissionais mais expostos. Ao invés, as instituições de saúde continuam nas poupanças cegas, nomeadamente com a segurança e as condições de trabalho dos profissionais que dão diretamente a cara na linha da frente. Existe uma total despreocupação do Ministério da Saúde face a um problema que tem vindo a aumentar nos últimos anos ( o número de notificações aumentou 15 vezes nestes últimos 8 anos!).
Existe uma falta de apoio das entidades responsáveis pelas instituições de saúde. A quase totalidade dos casos que têm chegado à Ordem dos Médicos, foram-no, perante a inanição das instituições em ajudar e proteger os seus próprios colaboradores.
Uma organização que não se preocupa com os seus colaboradores é uma organização mal dirigida e pouco eficiente.
A Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos está a desenvolver um plano de apoio aos médicos vítimas de violência no seu local de trabalho, contribuindo assim para a prevenção do problema e para o apoio a esses médicos.
Injustamente, os profissionais de saúde estão a ser vítimas diretas e indiretas das consequências da crise económica e financeira.
Aos utentes dos serviços de saúde assiste uma carta de direitos que podem usufruir nas suas necessidades em cuidados de saúde. Mas também assistem deveres que passam pelo respeito dos profissionais de saúde e do seu importante papel.
(*) Carlos Cortes, Diário de Coimbra

sábado, 28 de março de 2015

PROFESSORES DE S. PAULO (BRASIL) EM GREVE MOBILIZAM 60 MIL NAS RUAS




Nesta sexta-feira (27), os professores e professoras da rede pública estadual de ensino de São Paulo fizeram nova assembleia no vão-livre do MASP (Museu de Arte de São Paulo) e decidiram pela continuação da greve, em sua segunda semana de paralisação.
A Apeoesp (Sindicato dos Professores no Ensino Oficial do Estado de São Paulo) estimou em 60 mil o número de pessoas que participaram da manifestação.
O sindicato calcula que 172 mil professoras e professores aderiram à greve, cerca de 75% da categoria.
As principais reivindicações da categoria são o aumento salarial de 75,33% para equiparação com outras categorias de formação superior no estado, alteração na contratação de docentes temporários, fim do corte de verbas, melhoria na infraestrutura das escolas, aceleração da aposentadoria, fim da lei das faltas médicas e diminuição do número de alunos em sala de aula, com no máximo 25 alunos por turma.
Lá como cá, a imposição de políticas neoliberais na área educativa contêm aspectos muito similares, o que leva a reivindicações do mesmo tipo das que são feitas em Portugal por parte dos professores.