domingo, 30 de dezembro de 2018

CERCA DE 300 PALESTINIANOS MORTOS E 29 MIL FERIDOS EM 2018


Mais Aqui

MAIS CITAÇÕES (10)


Em parte, a extrema-direita foi alimentada pelo medo e pelas desigualdades, pela descrença na política e pelo eleitoralismo acrítico das principais forças políticas europeias, mas também nos países mais igualitários da Europa foi crescendo.
(...)
O outro - o migrante, o refugiado, o homossexual, o não cristão, o não branco - justifica uma base identitária comum por via da exclusão.
(…)
Derrotar a extrema-direita requer novas narrativas de identidade coletiva que abarquem o pluralismo.
(…)
Reconquistar a empatia, a capacidade de nos identificarmos uns com os outros. Há mais mundo para além do medo.

É possível valorizar e credibilizar a política pela participação dos cidadãos e pela exigência aos atores políticos de comportamentos com ética, rigor e empenho no bem comum.
(…)
Está ao nosso alcance colocar o poder político a sobrepor-se ao poder económico e financeiro e a política ao serviço da paz, da construção do Estado social de direito democrático.
(…)
[Vamos ter a esperança ativa] de que as alterações climáticas possam ser reconhecidas e combatidas, no pouco tempo que ainda temos para o fazer.
(…)
Vamos ter a esperança de que em Portugal não ocorra um retrocesso.
(…)
A mobilização e a ação cívicas e um debate político de qualidade podem consolidar, renovar e reforçar alternativas políticas de esperança, e evitar o retrocesso.

O primeiro risco de 2019 é este: a desregulação não só prosseguiu como, com juros baixos, foram estimuladas mais aventuras especulativas.
(…)
O segundo maior risco de 2019 é a montanha de dívidas.
Francisco Louçã, Expresso Economia (sem link)

O CDS não descolou depois do Congresso e o PSD colou numa obcecação interna em que a luta parece não ser para ganhar mas para não perder por muitos.
 Pedro Santos Guerreiro, Expresso (sem link)

Um docente com 27 anos de serviço estará no 4º escalão quando poderia estar no 8º. Um colega com 17 anos de serviço pode estar no 2º quando deveria estar no 5º.
Isabel Leiria, Expresso (sem link)

Mesmo esta [contestação], até ver, pode ser interpretada como o resultado da dificuldade em gerir expectativas crescentes.
Pedro Adão e Silva, Expresso (sem link)

Se há coisa que em Portugal continua a ser muito diferente para os ricos e para os pobres é a justiça.
(…)
Foi a crise financeira que, ao fazer colapsar o Banco Espírito Santo, destapou a rede subterrânea de interesses que Ricardo Salgado administrava.
Daniel Oliveira, Expresso (sem link)

Hoje, até os governantes mais bem intencionados têm de encontrar a estreitíssima passagem entre as decisões certas e os poderes do dinheiro oculto.
Luísa Schmidt, Expresso (sem link)

A SITUAÇÃO DOS PRECÁRIOS



No que diz respeito ao trabalho, e, sob o título “10 políticas e tendências que estão a mudar o trabalho”, o Expresso Economia deste sábado refere várias situações uma das quais já aqui deixámos ontem e que diz respeito à “economia das plataformas”, uma modalidade de prestação de serviços profissionais que, em geral, se caracteriza pela inexistência de vínculos contratuais que colocam os trabalhadores numa dramática situação de vulnerabilidade social, sem direitos a protecção nos casos de doença ou velhice.
O exemplo que aqui deixamos hoje (a seguir) tem a ver com os precários cuja regularização o próprio Estado ainda não resolveu por completo. No que diz respeito aos privados, a verdade é que “a maioria das novas contratações são feitas com recurso a contratos não duradouros”.

Temos mais emprego, mas os contratos permanentes são menos do que há oito anos, quando a troika chegou a Portugal. Os dados dos Quadros de Pessoal, publicados pela Segurança Social (SS), na passada semana, mostram que o peso dos contratos sem termo no total do emprego por conta de outrem diminuiu de 75% para 65%. O trabalho temporário tem aumentado (quase 14%), tanto para os profissionais indiferenciados como para os mais qualificados. E os contratos mais precários, a termo certo ou incerto, aumentaram 52% entre 2010 e o final de 2017, últimos dados disponibilizados pela SS. Nessa altura Portugal somava 950 mil trabalhadores precários. E no que toca ao combate à precariedade, embora esta tenha sido outra das grandes bandeiras do Executivo, continua por resolver a questão dos precários do Estado. De um total de 31.957 trabalhadores precários do Estado que solicitaram a regularização da sua situação no âmbito do Programa de Regularização dos Vínculos Precários na Administração Pública (PREVPAP), Mário Centeno admitiu na Comissão de Trabalho e Segurança Social que até à data foram regularizados 12.675 contratos. O objetivo do Governo era concluir todo o processo este ano, mas vai arrastar-se para 2019.

sábado, 29 de dezembro de 2018

CITAÇÕES


Só há uma coisa importante sobre a qual se pode escrever hoje em dia: o Presidente dos EUA, Donald Trump.
(…)
Em Portugal [Trymp] podia ser ditador de um pequeno café ou dirigente desportivo, para já.
(…)
Suspeito aliás que mesmo na sua base mais fiel, há muita gente que sabe que ele [Trump] não regula bem.
(…)
Trump foi a todas as cloacas da vida que se manifestam nas redes sociais e fê-las correr a céu aberto e inundar mesmo as terras que eram sadias e limpas.
Pacheco Pereira, Público (sem link)

Nenhum governo dos que temos tido vai devolver [aos professores] os milhares de milhões de euros que, sob a forma de salários, lhes foram retirados.
(…)
É totalmente excecional que, na história contemporânea, em período tão curto de tempo, reduções nos efetivos do Estado se façam a este ritmo [como aconteceu durante o Governo da direita].
Manuel Loff (sem link)

Ao nível do discurso, Costa encenou [em 2015] uma radicalização do PS que não existe de facto.
(…)
[O] entendimento PS-PSD poderá prolongar-se nas alterações à Lei de Bases da Saúde.
(…)
[Costa] voltou assim a assumir um discurso do PS como partido do centro político, de onde verdadeiramente nunca saiu.
São José Almeida, Público (sem link)

Entristece-me que vivamos numa sociedade em que a exibição pormenorizada e exaustiva de actos de violência, quer nos noticiários quer nos programas de ficção, seja encarada com bonomia e transmitida em horário nobre.
Gabriel Leite Mota, Público (sem link)

Impõe-se, portanto, um virar de página que recupere a cultura crítica [na Universidade], a democracia interna e fortaleça o conceito de serviço público no ensino superior.
Elísio Estanque, Público (sem link)

Quando chegarem as presidenciais ele [Marcelo] não precisa de fazer propaganda.
Domingos Lopes, Público (sem link)

Com os três “homens sábios” no poder [Xi Jinping, Vladimir Putin e Donald Trump] as esperanças de segurança global e prosperidade mundial permanecem uma equação incógnita.
José Manuel Neto Simões, Público (sem link)

Os salários dos professores, de todos os professores, são sustentados pelos impostos dos portugueses e se não há dinheiro para pagar os custos de todo o tempo de serviço congelado a um docente de Mogadouro, como pode haver para um docente de Ponta Delgada ou do Machico?
Manuel Carvalho, Público (sem link)

A UBERIZAÇÃO DO TRABALHO EM PORTUGAL, LEIA-SE TRABALHO SEM DIREITOS


In Expresso Economia
Portugal entre os países europeus com mais profissionais a trabalhar através da economia das plataformas. Dispensávamos esta classificação...

PARA O BLOCO SÃO AS PESSOAS QUE CONTAM



Tempo de balanços, tempo de preparar o futuro e fazer escolhas.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

FORÇAS DE OCUPAÇÃO DE ISRAEL PRENDEM TRÊS ALUNOS PALESTINIANAS



Forças de ocupação israelitas prendem três alunos palestinianos depois de uma incursão na cidade de Bitunia a oeste de Ramallah ocupada. É muito fácil aplicar uma força desmedida para com os fracos...

FRASE DO DIA (1008)


A nova ministra da Saúde parece ser uma das convivas predilectas quando pensamos em animação viral para épocas de paz e amor instauradas por decreto.

REUNIÃO DE ASSEMBLEIA DE FREGUESIA DE PORTIMÃO



No rigoroso cumprimento das funções para que foram eleitos, os autarcas do Bloco de Esquerda presentes na Assembleia de Freguesia de Portimão apresentaram na última reunião ordinária deste órgão, realizada no passado dia 17 de Dezembro de 2018, três documentos cujo teor apresentamos, em síntese, a seguir.
Assembleia de Freguesia de Portimão
                                                                MOÇÃO
Agrupamento de Escolas Manuel Teixeira Gomes
As escolas do Agrupamento Manuel Teixeira Gomes apresentam alguns problemas, tanto a nível da iluminação (nomeadamente na Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes praticamente não há luz à noite) como do arranjo dos jardins.
Não sendo um assunto da competência autárquica mas sim da direção da escola, consideramos que mesmo assim as autarquias poderiam ter um papel de chamar a atenção das escolas para a resolução dessas situações.
Desta forma, a Assembleia de Freguesia de Portimão reunida em sessão ordinária no dia 17 de Dezembro de 2018, delibera que:
a) a Junta de Freguesia sensibilize a direção do agrupamento para os problemas referidos
b) proceda regularmente ao arranjo e manutenção dos espaços exteriores em frente das escolas.
Obs: Moção aprovada por unanimidade.

MOÇÃO
Regulamento da Assembleia de Freguesia de Portimão
Só no dia 10 de Dezembro foi dada a conhecer oficialmente aos membros da Assembleia que esta reunião se iria realizar hoje, dia 17 de Dezembro de 2018.

O regulamento da Assembleia de Freguesia de Portimão estipula que o prazo para apresentação de moções é de três dias úteis antes da reunião; e tem havido nesta Assembleia uma prática, já por vezes explicitada verbalmente pela mesa, de que o dia da Assembleia não conta – ora, com o fim de semana de 15 e 16 e o feriado de dia 11, o entendimento de não contar o próprio dia levaria a que as moções e outros propostas tivessem que ser apresentadas no dia 10 – o próprio dia em que soubemos da marcação de reunião.

Para prevenir tais situações torna-se necessário reformular o regulamento da Assembleia de alguma maneira (seja alargando o prazo para apresentação de propostas, seja determinando que deve haver um mínimo de dias entre a convocação da Assembleia e o fim do prazo para apresentação de propostas, seja esclarecendo que o dia da reunião conta para o prazo).

Desta forma, a Assembleia de Freguesia de Portimão reunida em sessão ordinária no dia 17 de Dezembro de 2018, mandata a Presidência da Assembleia para iniciar o processo de revisão do regulamento.
Obs: Moção rejeitada com os votos contra de PS e CDS.

MOÇÃO
Pesca na zona ribeirinha
A Polícia Marítima tem frequentemente impedido a prática da pesca lúdica em toda a zona ribeirinha.

Sendo certo que algumas zonas da frente ribeirinha têm indicações de “proibido pescar”, não nos parece claro que tal proibição se aplique a toda a zona ribeirinha, sobretudo na época baixa, em que frequentemente muitos pontos junto ao rio não têm praticamente caminhantes que possam ser incomodados com a prática da pesca.

Desta forma, a Assembleia de Freguesia de Portimão reunida em sessão ordinária no dia 17 de Dezembro de 2018, solicita à Capitania um esclarecimento sobre se é possível pescar em algum lugar/espaço/trecho da zona ribeirinha.
Obs: Moção rejeitada com os votos contra de PS, CDS, PSD, CDU, e Nós Cidadãos
Portimão, 17 de Dezembro de 2018
Os membros eleitos pelo Bloco de Esquerda
Miguel Madeira
José Porfírio
Marilú Batista

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

CHAMADA DE ATENÇÃO DO PAI NATAL...


Antes de te rires por as crianças acreditarem em mim, recorda: uma larga percentagem de adultos acredita que Trump está a tornar a América grande, de novo.

FRASE DO DIA (1007)


Negociar [a contagem do tempo congelado da carreia dos professores] não é, ao contrário do que o PS já dá a entender, o mero gesto formal de se sentar à mesa com os sindicatos.

É PRECISO VENCERMOS O CAMPEONATO DA NEUTRALIDADE CARBÓNICA



A luta contra as alterações climáticas tem de ser de todos pois todos, sem excepção vamos sofrer na pele as modificações aceleradas que o clima está a ter no nosso planeta. É esta, no fundo, a mensagem contida no artigo de opinião que veio à estampa no “Público” de hoje, assinado por António Sá da Costa, presidente da Associação Portuguesa de Energias Renováveis.
Na realidade, o autor do texto coloca de uma forma muito simples a necessidade da “definição de políticas para suster o aquecimento global”, se queremos chegar ainda a tempo de salvarmos a vida no planeta. Vale a pena lermos a comparação que é feita entre o Roteiro para a Neutralidade de Carbono (RNC) e “todo o trabalho que está por detrás da seleção nacional de futebol”. Só que, para ser cumprido o RNC, “os jogadores somos todos os portugueses”…

A 4 de dezembro passado foi apresentado o Roteiro para a Neutralidade de Carbono (RNC) onde se define as metas e as ações que vão permitir a Portugal atingir em 2050 os objetivos do Acordo de Paris assinado há 3 anos, onde os países signatários definem como prioritário supra nacional a definição de políticas para suster o aquecimento global, que tantos danos já está a causar através das alterações climáticas.
Estes objetivos resumem-se a não deixar que a temperatura da Terra aumente mais de 1.5º C até 2050. Compete a cada país definir o que fazer, como fazer e o calendário para o conseguir.
Foi isto que agora foi apresentado para Portugal. Foi um passo importante pois não é comum termos objetivos, políticas e medidas a tão longo prazo, desta vez a 30 anos.
Certamente o Roteiro agora traçado não é perfeito nem é completo, vai haver espaço para correções e ajustes, mas é claro no que se pretende, e acima de tudo está baseado numa sólida e longa análise e modelação de uma equipa que ouviu os vários atores que vão ser chamados a intervir. Foi a pensar nisto que me surgiu a ideia que aqui partilho de que este RNC tem muitas semelhanças com todo o trabalho que está por detrás da seleção nacional de futebol (SNF).
Ora vejamos: o Presidente da Federação Portuguesa de Futebol, que é o responsável máximo da SNF, escolhe o selecionador que por sua vez escolhe os jogadores e define a estratégia e a tática a usar em cada jogo com o objetivo de vencermos os diferentes campeonatos que a SNF disputa. Estes campeonatos são o da Europa e o Mundial, que se vão alternando cada dois anos.
Ora para o RNC o “Presidente da Federação” é o Governo na pessoa do ministro do Ambiente e Transição Energética, que por sua vez escolheu os seus “selecionadores”, que são os seus Secretários de Estado, que por sua vez têm de definir a estratégia e tática para todos os seus “jogadores” que somos todos nós, os portugueses. Sim, para o RNC os jogadores somos todos os portugueses, e que são os residentes em Portugal, sejam eles as pessoas individuais, as empresas atuando em Portugal e todos os organismos e coletividades portugueses.
O melhor do Público no email
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Muitas vezes na SNF discordamos da escolha ter recaído no jogador A ou B, da tática em determinado jogo, mas uma coisa é certa - todos torcemos para que alcance a vitória. Pois para o RNC não podemos discordar da escolha dos jogadores, pois esses somos todos nós, cabe-nos agora lutar por implementar a estratégia e as ações para vencermos o “campeonato da neutralidade carbónica”, que vai ser um campeonato longo, 30 anos, e difícil, mas no final a vitória há de ser nossa, de Portugal e do Mundo.
Unamo-nos todos em todos em torno deste objetivo, trabalhemos para alcançarmos cada uma das pequenas metas parciais (os jogos), pois só assim venceremos. Eu lá estarei na linha da frente. Vamos a isso Portugal.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

PORTIMÃO: PARA QUANDO A REPARAÇÃO DO PAVIMENTO DA AVENIDA INFANTE D. HENRIQUE?








Estas são imagens da Avenida Infante D. Henrique, na baixa de Portimão, uma zona muito movimentada da cidade em virtude das muitas actividades lá instaladas e por constituir ainda um dos acessos à Praia da Rocha.
Como se pode verificar há muitas zonas do pavimento que se encontram em péssimo estado de conservação, constituindo perigo para pessoas e veículos. 
Não se compreende, pois, que a autarquia esteja a adiar por mais tempo a sua completa reparação.

FRASE DO DIA (1006)


A médio e longo termos, a situação será gravíssima se a incompetência política persistir na negação das causas [dos sinais de exaustão em muitos professores] e na aceitação de decisões que afastam os cidadãos da profissão.
Santana Castilho, Público

CRIMINALIZAR OS COMPRADORES DE SEXO?



Os exemplos de boas práticas que vêm de fora devem ser sempre matéria de reflexão no sentido de poderem ser aplicadas em Portugal.
Como bem sabemos, a prostituição feminina é criminalizada em muitos países e o alvo são as mulheres que se dedicam a essa prática da venda de sexo. Na verdade, nada justifica que esta situação se mantenha pois, como muito bem entende o movimento feminista sueco, “a venda de sexo é sempre uma forma de agressão” o que leva a que a situação se deva colocar ao contrário, ou seja, criminalizar o comprador.
Segundo afirma Ana Cristina Pereira no seguinte artigo de opinião que transcrevemos do “Público” deste domingo, esta concepção do movimento feminista sueco tem “vindo a ser exportada” e, entendemos nós, merece mais divulgação do que aquela que tem tido até agora.

Chamava-se Eva-Marree, mas eu conhecia-a como Petite Jasmine num luxuoso hotel de Estocolmo. Circulava nesse meio exclusivo. Bastava-lhe trabalhar duas ou três vezes por mês. Cobrava 450 euros por hora. “Nada mau.”
Anunciava os seus serviços num blogue chamado Njutning till Salu, traduzível por “prazer à venda”. Era lá que a abordavam. “Se me agrada, falo por email, por telefone. Só depois marco um encontro. O primeiro é sempre num local público.”
Essa estratégia, que antecedia a decisão final de avançar ou não avançar, também a ajudava a despistar a Unidade de Prostituição. Nunca sabia se havia algum elemento a observá-la. Podia ser seguida até entrar no quarto ou surpreendida já no acto. E o cliente teria de dizer algo convincente.
O sistema legal da Suécia assume que quem compra sexo é sempre um agressor e que quem vende sexo é sempre uma vítima, mesmo que o faça de livre vontade. Nem reconhece tal vontade como autêntica. “Algo aconteceu com elas”, disse-me a então procuradora-geral adjunta Lise Tamm.
A ideia de que a compra e venda de sexo é sempre uma forma de agressão despontou no seio do movimento feminista sueco e tem vindo a ser exportada, ainda que com diferentes nuances. Outra vertente do feminismo, mais assente na liberdade de decidir sobre o próprio corpo, resultou em políticas bem diferentes, por exemplo, na Alemanha, onde a venda de sexo está regulada como qualquer trabalho. Portugal está no meio. Ignora adultos que compram sexo a adultos, desde que estes o vendam de livre vontade. Criminaliza, sim, quem se meter no meio para ganhar dinheiro.
Quando a conheci, no princípio do Outono de 2011, Petite Jasmine não poupou críticas ao modelo sueco. A atenção foca-se na segurança do cliente. E aumenta o preconceito. Nada a enfurecia mais do que o efeito disso no exercício das responsabilidades parentais. “Legitima-se a ideia de que uma pessoa não pode ser boa mãe e trabalhadora do sexo ao mesmo tempo.”
Falava por experiência. Batia-se pela guarda dos filhos, uma menina de três anos e um menino de dois. Não os via havia três meses. Mal soubera o que ela andava a fazer, o pai deles alertara os serviços sociais. Primeiro, os serviços viram-na como “uma vítima”. Tentaram “salvá-la”. Como ela recusou esse papel, disseram-lhe que estava “a romantizar”, que tinha uma “falsa consciência”, que não percebia o dano que estava a causar a si própria. Em poucas horas, tiraram-lhe as crianças e entregaram-nas ao ex, apesar de antes lhe terem dito que o deixasse, porque era agressivo. O tribunal optou pela guarda partilhada. 
Quando a conheci, ela estava à espera que a decisão judicial fosse cumprida. Só agora soube que isso nunca chegou a acontecer. E que o ex-namorado acabou por matá-la no dia 11 de Julho de 2013. O jornalismo tem destas coisas. Vamos conhecendo pessoas com as quais por vezes falámos sobre os assuntos mais íntimos e nunca mais as voltamos a ver.
A propósito do Dia Internacional Contra a Violência Sobre Trabalhadores do Sexo, que se assinala no dia 17 de Dezembro, a secretária-geral da Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres, Ana Sofia Fernandes, deu uma entrevista à TSF a defender a criminalização dos clientes. E eu lembrei-me dela.
Quando ouço alguém dizer que o modelo sueco protege as pessoas que vendem serviços sexuais, lembro-me sempre da Petite Jasmine e da Pye Jakobsson, líder da Rose Alliance, uma associação de trabalhadores do sexo a que ela se juntara. Para esta última, o grande resultado disso também era o reforço do estigma, “a pior violência”. A actividade entrou na clandestinidade: quem está na rua tem pouquíssimo tempo para avaliar um cliente antes de entrar no carro; quem atende num apartamento é despejado mal o senhorio descobre; ninguém pode partilhar um espaço para receber clientes. 
Alexandra Oliveira, professora da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto que estuda esta matéria, é que me deu a notícia. “É considerada a primeira vítima do modelo sueco.”

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Numa entrevista publicada num blogue dedicado ao trabalho sexual, Pye conta que o ex-companheiro de Petite Jasmine foi arranjando entraves para evitar cumprir a decisão judicial. Houve outras decisões semelhantes. À quarta, alegando que as crianças já não estavam habituadas à mãe, o tribunal optou por atribuir guarda exclusiva ao pai. Ela teria visitas.

Petite Jasmine recorreu ao Supremo Tribunal. E, no Verão de 2013, ia por fim voltar a estar com os filhos, ainda que na presença de um trabalhador social, que a ajudaria a reaproximar-se deles. Encontrou-se com a menina. Ia encontrar-se com o menino. Cruzaram-se no autocarro. Começaram a discutir. O ex acabou por matá-la e por esfaquear a assistente social. 
Era um homicídio semelhante a muitos dos que ocorrem num contexto de violência doméstica. Ao que tem dito Pye, o ex-namorado já a perseguira e ameaçara várias vezes. Com uma diferença: ele sentia-se legitimado na sua acção e ela sentia que não podia dizer à polícia que estava a ser perseguida e ameaçada pelo pai dos filhos dela por fazer o que fazia. Queixou-se aos serviços sociais, que acabaram por testemunhar em seu favor no processo de regulação de responsabilidades parentais. Agora, é um ícone de quem pede a descriminalização.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

FRASE DO DIA (1005)


O que vou dizer é mesmo a sério - o chefe de um Estado que “falha” tantas vezes já há muito que devia ter renunciado ao cargo para o qual foi eleito. 

PÔR O LABORATÓRIO MILITAR A PRODUZIR MEDICAMENTOS PARA COMERCIALIZAÇÃO




A indústria farmacêutica retira medicamentos necessários para os doentes não porque esses medicamentos deixaram de ser seguros ou eficazes, mas simplesmente porque deixaram de dar o lucro que as farmacêuticas queriam ter.
O Estado não pode ficar refém do apetite da indústria. E não precisa de ficar até porque tem capacidade de produção pública no atual Laboratório Militar.
O Bloco de Esquerda apresentou um Projeto de Lei para reforçar o papel deste laboratório, transformando-o num Laboratório Nacional sob tutela da Defesa e da Saúde e com um estatuto que permite a produção de medicamentos para comercialização e o fornecimento de medicamentos e outros materiais aos hospitais públicos.

domingo, 23 de dezembro de 2018

VOTOS DE BOAS FESTAS PARA BLOQUISTAS E NÃO BLOQUISTAS


Todo o pessoal que torna possível a existência deste blog deseja BOAS FESTAS a bloquistas e não bloquistas.

JANTAR DE NATAL DO BE-PORTIMÃO








Teve lugar este sábado, dia 22 de Dezembro, o jantar de Natal do BE-PTM, muito participado com alguns convidados especiais, camaradas de Lagoa e Olhão.
 

MAIS CITAÇÕES (09)


Quem nunca viveu em dificuldade tem, certamente, uma enorme capacidade de solidariedade e de mobilização por quem pouco ou nada tem, mas dificilmente saberá a dura realidade de como é quando quase tudo falta.
(…)
A tentativa de apropriação deste descontentamento por parte da extrema-direita portuguesa é um facto e não matéria de opinião.
(…)
Os meios dedicados a garantir que todos os segundos [da manifestação dos coletes amarelos] seriam cobertos diz muito, sobretudo quando a maioria das reivindicações cidadãs passa ao lado de qualquer cobertura.
(…)
Não será com a redução do parlamento a 60 deputados que resolvem os problemas que enunciam [os coletes amarelos].
(…)
Para combater a corrupção são medidas concretas e não apenas declarações de intenções.

[O brexit sem acordo] tenderá a ser cada vez menos inconcebível e cada vez mais provável
A UE apresenta-se hoje em situação de pré-caos.
(…)
[Os dirigentes europeus] engolem violações de critérios do Pacto de Estabilidade para acomodar as opções tomadas pela Itália e pela França, mas não desencadeiam a sua indispensável reforma.
(…)
O país, ao ser obrigado a criar uma "confortável" almofada financeira, cativa recursos que poderia usar para estimular a economia, para melhorar a prestação de direitos sociais fundamentais ou repor direitos dos trabalhadores.
(…)
Aí estão, mais uma vez, os dirigentes europeus a proteger os mercados e os credores oficiais e a castigar o povo.

A tecnologia do discurso do ódio é eficaz se tiver quem acredite nele.
(…)
Se a esquerda não responde a esta violência estrutural e não mobiliza o povo para soluções, o espaço político é ocupado por qualquer discurso do ódio.
(…)
Depois de tantos passos nestes três anos, a política vai decidir-se na disputa de mudanças estruturais que possam levar á democratização da vida.
(…)
[Os privados] estão a exigir que o Estado lhes pague esses hospitais [que construírem] ou lhes entregue os hospitais públicos.
(…)
[Em Braga] os Mellos querem continuar a gerir o hospital desde que o Estado pague mais €50 milhões.
Francisco Louçã, Expresso Economia (sem link)

É realmente importante desenhar políticas redistributivas que assegurem que “os ombros mais largos” assumam a maior parte dos custos das políticas climáticas.
Paul De Grauwe, Expresso Economia (sem link)

Na Europa, os sistemas políticos desagregaram-se quando os votos lhes mostraram que não estavam de cabeça erguida, mas d cabeça altiva.
Pedro Santos Guerreiro, Expresso (sem link)

Se durante muito tempo, o risco que pairava poderia ser o da politização da justiça, hoje é o inverso, o da judicialização da política.
Pedro Adão e Silva, Expresso (sem link)

É preciso responder às causas do mal-estar, reconstruindo o Estado Social e devolvendo soberania democrática aos Estados.
(…)
A verdade é que isto [greves] aconteceu apenas na fase final da legislatura, quando muitos sentiram que as conquistas ficaram aquém do que esperavam.
(…)
Para salvar a democracia não chega combater os inimigos. É preciso exercê-la.
Daniel Oliveira, Expresso (sem link)

sábado, 22 de dezembro de 2018

CITAÇÕES


Esta outra manifestação [de trabalhadores precários em frente ao Ministério do Trabalho, que lutam contra os atrasos no reconhecimento do seu vínculo], jornalisticamente não existiu.
(…)
O ponto não é que não haja muitas razões justas para sair à rua.            
(…)
Dará o jornalismo a visibilidade suficiente a esses mundos sociais, os que vivem fora dos centros, estão longe das elites, aqueles cujo quotidiano é um trabalho feito de imposições e sofrimentos?

A sociedade portuguesa percebeu bem que a austeridade para muitos transferiu poder e riqueza para poucos.
(…)
Essa punição seletiva provocou uma imensa descredibilização social das direitas tradicionais e um desgaste enorme do seu poder.
(…)
A resposta à radicalização da direita só pode ser a qualificação dos serviços públicos que permitam a efetividade dos direitos de todos,…

Esta manifestação [dos coletes amarelos] teve excepcionais condições de propaganda para sair de fora do casulo das redes sociais.
(…)
As redes sociais estão longe de ter o papel que se lhes atribui.
(…)
Presidente da República e Governo, ambos alimentaram um alarmismo exagerado, com gestos que seriam completamente contraproducentes, caso existisse mesmo o perigo de as coisas descambarem.
(…)
O “Vamos parar Portugal” não falhou por falta de propaganda, falhou por falta de pessoas.
Pacheco Pereira, Público (sem link)

O total de alunos a frequentar o ensino universitário passou de 50 mil em finais da década de 1970 para 362 mil em 2017.
(…)
Em Portugal, a população empregada com frequência universitária passou de cerca de 15% em 2008 para mais de 25% em 2017.
Elísio Estanque, Público (sem link)

Ao tomar partido por uma das propostas [da Lei de Bases da saúde], o Presidente da República não está a fazer um julgamento de valor sobre os dois trabalhos em causa, o da comissão governamental e o da ministra da Saúde, está a criar um facto político.
(…)
Nem se lembrou [o PR] de que a lei do SNS, de 1974, teve os votos contra do PSD e do CDS.
Cipriano Justo, Público (sem link)

Os jovens têm sido particularmente afetados [pela precariedade], revelando o Eurostat que, em 2017, enquanto que a média europeia era de 41,3%, 63,2% dos trabalhadores portugueses entre os 15 e os 24 anos estava em situação de contrato a termo.
(…)
Em 2017, Portugal é o sétimo país europeu com mais trabalho a tempo parcial involuntário, constituindo 47,5% do total dos empregados a tempo parcial.
(…)
Mais uma vez, a subida do emprego não foi acompanhada por medidas que assegurassem a sua qualidade e respondessem adequadamente à oferta de trabalho existente.
Ana Terenas, Público (sem link)

As empresas titulares [de Almaraz] Iberdrola, Endesa e Gás Natural, e as duas primeiras apresentam-se em Portugal, com total impunidade como vendendo energia verde, o que também fazem, mas amanhã poderão encher-nos de radiações...
(…)
As nucleares estão a rachar por todo o mundo, hoje mesmo quando escrevo em Inglaterra duas centrais tiveram que parar por rachas nas cubas.
António Eloy, Público (sem link)

Há, nesta nossa fase da vida social, uma espécie de um critério dúplice que serve para castigar os de baixo e para glorificar os de cima.
(…)
Um polícia que não tem rendimento para alugar um quarto em Lisboa ou no Porto e dorme no carro não pode reclamar aumentos para não complicar as imposições de Bruxelas.
(…)
Os que mais se insurgem contra os que reclamam aumentos salariais são exatamente aqueles que na sua vertigem pelo lucro deixaram o país e a Europa numa crise profunda.
Domingos Lopes, Público (sem link)