Carmo Afonso, “Público”
domingo, 28 de abril de 2024
FRASE DO DIA (2235)
O NEGACIONISMO DA EXTREMA-DIREITA É FEITO DE MENTIRAS E HIPOCRISIA
A saúde pública e as vacinas salvam vidas. A política antivacinas já foi
testa pelos amigos do Chega, como Bolsonaro no Brasil e o custo foi
catastrófico. Mas ainda assim, insistiram. Esquecem de lembrar quando
defenderam o lóbi das farmacêuticas. Mas o Bloco está aqui para repor a
verdade. Isabel Pires
DESDE O INÍCIO DA GUERRA, EM 7 DE OUTUBRO, MAIS DE 34.300 PALESTINIANOS FORAM MORTOS, NA SUA MAIORIA CRIANÇAS E MULHERES
O exército israelita anunciou este domingo novos ataques e operações na
Faixa de Gaza por terra, mar e ar.
Desde o início da guerra, em 7 de outubro, mais de 34.300 palestinianos
foram mortos, na sua maioria crianças e mulheres.
Leia mais: https://expresso.pt/.../2024-04-28-ataques-por-terra-mar...
sábado, 27 de abril de 2024
MAIS CITAÇÕES (280)
(…)
O 25 de novembro, que o povo apoiou sem alguma vez festejar,
foi necessário para travar a caminhada para o abismo das “vanguardas”.
(…)
Hoje serve para os outros derrotados desse dia (os que Melo
Antunes travou quando queriam a revanche saudosista) tentarem criminalizar essa
explosão inicial, transformando a Revolução num mero golpe de Estado.
(…)
Do 25 de Abril fazem parte o 28 de setembro, o 11 de março, o
25 de novembro. Mas só Abril libertou.
(…)
Resumir essa libertação ao fim da censura e da polícia
política ou à adoção da democracia parlamentar é ignorar o que há mais tempo
oprimia os portugueses: a miséria, a dependência, o favor, a herança.
(…)
O que acabou com a indignidade foram os direitos dos
trabalhadores, o sistema de reformas universal, as férias, o 13º mês, a escola
pública para todos, o Serviço Nacional de Saúde.
(…)
Na justiça, onde está intacto [o corporativismo], alimenta o
justicialismo antidemocrático de uma casta “moralmente superior”.
(…)
Não há liberdade a sério para quem vive em necessidade. Quem
não tem direitos não pode deixar de tirar o chapéu ao patrão que passa. Não há
mulheres livres que não se sustentem a si mesmas.
(…)
Um cidadão não vive em democracia se o medo impera na empresa
onde trabalha. O que libertou e democratizou o nosso país foi, antes de tudo,
uma profunda revolução social.
(…)
Sem exagerar nos resultados, porque ainda somos dos países
mais desiguais da Europa.
(…)
Se a extrema-direita ameaça a democracia política, outros têm
atacado estas conquistas, que veem como um perigo para a liberdade do
privilégio.
(…)
Por estes dias, a (verdadeira) social-democracia chega e
sobra como radicalidade. Quero que alguém se recorde que o 25 de Abril não se
fez para estarmos de acordo.
(…)
Abril deu-nos o direito a sermos do “contra”.
(…)
Por isso o celebramos com uma manifestação de protesto, coisa
incompreensível para estrangeiros que vão espreitar a avenida.
(…)
Conquistámos os instrumentos para decidir o nosso futuro.
(…)
A extrema-direita cresce porque as pessoas precisam que
alguém diga que quer mudar alguma coisa.
(…)
Tanto empenho em defender Abril que nos esquecemos que Abril
nos trouxe o direito à dissidência.
(…)
Se queremos celebrar Abril, reinventemos a desobediência.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
A liberdade chegou como esperança no futuro e os portugueses
desataram a fazer bebés.
(…)
Na última década, a natalidade exibiu níveis historicamente
baixos e em 2013 e 2014, amordaçado pela crise e pela troika, Portugal teve a menor taxa bruta de natalidade de toda a
Zona Euro
(…)
O que sabemos é que as famílias portuguesas adiam cada vez
mais a decisão de ter o primeiro filho.
(…)
Em Portugal, homens e mulheres têm muito menos filhos do que
gostariam, por entenderem que não têm a estabilidade laboral ou a capacidade
financeira para o poder fazer.
(…)
[A crise da natalidade] é um sintoma de uma crise mais
larvar e mais profunda que paira sobre o futuro da sociedade portuguesa no
momento em que a democracia celebra 50 anos.
(…)
Há hoje um estreitamento das possibilidades de futuro dos
mais jovens por comparação com o passado.
(…)
A rutura geracional de hoje não é cultural, é económica.
(…)
Pais e filhos percebem que a possibilidade das gerações mais
jovens virem a ter uma vida decente no país é bem mais escassa do que no
passado.
(…)
A parte da provisão de serviços públicos pelo Estado
melhorou. É no mercado de trabalho que acontece a queda.
(…)
Os salários continuam entre os mais baixos da Europa, a
precarização do trabalho é ainda mais profunda e incapacitante, mas os preços
da habitação, pelo contrário, se aproximaram das grandes capitais europeias.
(…)
Quem avisou para o buraco geracional que se estava a escavar
estava certo - os custos da precarização do trabalho e da habitação estão hoje
à vista.
(…)
Apesar de ter criado um Ministério da Juventude, as políticas
do novo Governo da AD resumem-se a um fingimento de solução.
(…)
A atual crise da democracia é uma crise de futuro.
[Com o 25 de abril de 1974] a igualdade e a justiça surgiam
implícitos ao próprio conceito de democracia.
(…)
Nesta quinta-feira, tivemos as maiores manifestações de
evocação do 25 de Abril feitas na caminhada dos 50 anos da democracia.
(…)
No dia 25 e nos últimos dias, se têm realizado inúmeras
iniciativas amplamente participadas por portugueses de todas as gerações, em
freguesias, vilas e cidades.
(…)
No dia 25, tivemos uma evocação imensa e bonita, com muita
juventude e mais abrangente e inclusiva que outras.
(…)
Para alguns milhões de portugueses, as prioridades enunciadas
pelo Sérgio continuam a estar na primeira linha das reivindicações dos
trabalhadores.
(…)
Temos de reclamar justiça e igualdade: na democracia que
temos vivido, os poderes instituídos e os fátuos têm-se esquecido de as
garantir.
(…)
Grande parte [dos jovens] é desconsiderada nos seus saberes e
capacidades, porque persiste uma economia de baixo perfil de especialização e
uma tolerância inaceitável face à pobreza, aos baixos salários e à precariedade.
(…)
Quanto ao trabalho, emprego e proteção social, o Governo parte
da visão obtida por uma lupa hiperliberal. Nem uma vez o substantivo
“sindicato” aparece no seu programa.
(..)
Neste 1.º de Maio, há que lutar pela liberdade a sério.
CONTRA VENTOS E MARÉS: A REVOLUÇÃO DOS CRAVOS AINDA É GUARDA-CHUVA PARA A DEMOCRACIA E A LIBERDADE
"Enfrentando o mau tempo", é o nome do cartoon de António
publicado na edição do Expresso desta quinta-feira, 25 de abril. Perante nuvens
no horizonte, céu cinzento ou intempéries, a Revolução dos Cravos ainda é
guarda-chuva para a Democracia e a Liberdade.
Veja a imagem completa: https://expresso.pt/.../2024-04-24-enfrentando-o-mau...
António
Antunes
POR TODO O PAÍS, UMA IMENSA MASSA HUMANA MOSTROU AOS FASCISTAS E SEUS APANIGUADOS QUE OS VALORES DE ABRIL SE MANTÊM BEM VIVOS
“Não é possível avançar um número certo, mas muito provavelmente será um
dos maiores [desfiles] de sempre”: as imagens aéreas de uma Lisboa em festa
para celebrar a liberdade e de um mar de gente que desfilou na capital, nos 50
anos do 25 de Abril. As imagens mostram a Avenida da Liberdade totalmente
preenchida, desde a rotunda do Marquês de Pombal até aos Restauradores.
sexta-feira, 26 de abril de 2024
CITAÇÕES
(…)
[A contrarrevolução pretendia] derrubar o curso
revolucionário pela violência subversiva e pelo golpe armado, visando
instaurar um novo regime autoritário e neocolonial.
(…)
O general Spínola foi a figura de proa da
movimentação contrarrevolucionária.
(…)
A extrema-direita organizou-se clandestinamente
em grupos terroristas com sede na Espanha franquista, responsáveis por inúmeros
atentados bombistas e assaltos violentos contra as sedes e pessoas de partidos
de esquerda e contra a embaixada de Cuba.
(…)
Uma dessas organizações foi o MDLP (Movimento
Democrático para a Libertação de Portugal.
(…)
Alguns operacionais das redes bombistas
organicamente ligadas ao MDLP, foram julgados posteriormente em processos que
condenaram “peixe miúdo”, mas pouparam os mandantes.
(…)
O MDLP era chefiado pelo general Spínola e da
sua direção política (“gabinete político”) fazia parte, entre outros, o atual
deputado e dirigente do Chega, Diogo Pacheco de Amorim.
(…)
Os chefes e quadros do MDLP ficaram impunes e
nunca tiveram de responder pelo bombismo terrorista da responsabilidade desse
movimento.
(…)
Puderam assim, alguns deles, regressar
discretamente à política, refugiados na área do MIRN ou do CDS. Foi o caso de
Diogo Pacheco de Amorim, que naturalmente veio desaguar no Chega de que é
deputado e alto dirigente.
(…)
No que me toca prefiro estar prevenido e atento
contra a armadilha da normalização e do branqueamento da extrema-direita
fascizante e do seu passado terrorista.
Fernando Rosas, “Expresso” online
Uma das grandes transformações desde o 25 de
abril, particularmente intensa na última década [é o aumento
significativo do número de imigrantes em situação regular].
(…)
Temos mais contacto com o mundo, somos mais
livres em tudo, a começar pelas relações que estabelecemos com os outros.
(…)
A presença de tantos trabalhadores migrantes,
essenciais para largos setores da economia, era inimaginável há meio século.
Mudámos e ainda bem.
(…)
O tema das migrações, como se sabe, é um
elemento unificador das extremas-direitas a nível europeu.
(…)
Narrativas nacionalistas, discursos de
estigmatização e criminalização dos imigrantes, defesa da “nossa cultura”
contra a “cultura deles”, tudo isso faz parte de um “núcleo ideológico comum”
das extremas-direitas.
(…)
Quotas para imigrantes, com limites por área
profissional, política inaplicável que existia há vinte anos e que a
experiência condenou porque apenas burocratiza as autorizações de residência de
quem entra (e continuará a entrar se houver emprego).
(…)
A procura de imigrantes é aqui maioritariamente
para setores indiferenciados e que faltam postos de trabalho qualificado para
absorver mão-de-obra, o que explica a emigração de jovens diplomados.
(…)
A imigração é um bem e uma necessidade.
(…)
Tem de ser acompanhada por políticas que
garantam mais habitação acessível para todas as pessoas, fiscalização rigorosa
contra a exploração laboral, integração de trabalhadores de todas as
proveniências na lei do trabalho e na contratação coletiva (…).
(…)
Eis um desafio central para quem quer, 50 anos
depois, defender a democracia contra a mentira.
José Soeiro, “Expresso” online
O povo que ontem saiu às ruas do Porto, Lisboa,
Coimbra, um pouco por toda a parte, não saiu à rua “num dia assim” por uma
razão “sem nome para qualquer fim”. Pelo contrário, repleto de motivações e
causas.
(…)
Para lá do subjectivo, há um sentimento
gregário que pode ter acordado perante o elenco e a objectivação de um inimigo
comum.
(…)
Que estas emocionantes manifestações, à
semelhança de muitas iniciativas que se ergueram por ocasião das comemorações
dos 50 do 25 sirvam para alguns perceberem que só pela multiplicação das
convergências e equilíbrios é possível ser, na força do voto que opera
transformação, o que transparece na força da rua.
(…)
Há uma relevância em ser muito mais quando
unidos, sendo que às vezes parece que é algo que não se sabe.
(…)
Que se cumpra Abril, para sempre e como nunca.
(…)
Seria dogmático pensar que o 25 de Abril só se
comemora à Esquerda, quando a direita democrática também sai à rua e deve
reivindicar o seu património de liberdade.
Estou
convencida de que a maioria dos políticos de direita não sabe bem o que fazer
com o 25 de Abril.
(…)
Não puderam ignorá-lo (…) mas também não
conseguiram celebrá-lo sem uma reserva ou sem uma tentativa de o desvalorizar.
(…)
Parte da bancada do PSD, e o próprio Luís
Montenegro, não usou um cravo na lapela. É um pequeno sinal. Uma maneira de
afirmar que não celebram o 25 de Abril inteiro.
(…)
Celebrámos
os 50 anos do 25 de Abril representados por um
Governo, uma maioria parlamentar e um Presidente da República de direita.
(…)
[Carlos Moedas] não apoiou o Arraial dos
Cravos, no Largo do Carmo, e, com isso, transformou um pequeno evento numa
manifestação imensa.
(…)
Nunca o Carmo esteve tão cheio na véspera do 25
de Abril. Devemos isso a Carlos Moedas.
(…)
[Marcelo] quis ser o foco das atenções e fê-lo
com a subtileza que costumamos atribuir aos elefantes em lojas de louça.
(…)
Suponho que quis mostrar aos portugueses que
fez uma justiça qualquer, [informando-nos que cortou relações com o
filho].
(…)
Esta parte foi só um aquecimento. Num jantar
com jornalistas estrangeiros, fez o pleno.
(…)
Caracterizou o primeiro-ministro como sendo de
um país profundo, urbano-rural, com comportamentos rurais.
(…)
Este
golpe de génio foi apenas ultrapassado pelo momento em que se referiu a António
Costa, um homem lento por ser
oriental.
(…)
A
sensação que temos a ouvir Marcelo é igual à de estar ao telefone com alguém
que julga ter desligado a chamada e desata a dizer coisas inconvenientes.
Preferíamos não ter ouvido.
(…)
O Nuno Melo, que só não risca o 25 de Abril do
calendário porque não pode.
(…)
Mas houve coisas boas. A Avenida da Liberdade
nunca esteve tão cheia, e se já tinha estado no ano passado.
(…)
A
esquerda tem um sítio onde cresce quando encolhe no Parlamento. É a rua. É essa
pertença à rua que não se inventa.
(…)
O 25 de Abril não tem donos, mas tem inquilinos
daqueles à antiga.
Carmo Afonso, “Público”
(sem link)
O PROGRAMA DE ESTABILIDADE NÃO APRESENTA OS CENÁRIOS MACROECONÓMICOS DO GOVERNO
Senhor ministro, eu
vinha devolver-lhe a literatura porque o Programa de Estabilidade não apresenta
os cenários macroeconómicos do governo. Pode voltar daqui a uns dias. (Mariana
Mortágua)
quinta-feira, 25 de abril de 2024
25 DE ABRIL DE 1974: HÁ 50 ANOS, A MADRUGADA QUE TODOS NÓS ESPERÁVAMOS
25 de Abril
Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo.
Sophia de Mello Breyner Andresen, in ‘O Nome das Coisas’
O NOSSO PAÍS FOI SALVO PELA REVOLUÇÃO DO 25 DE ABRIL
Saídos
do armário ao fim de 50 anos, alguns dizem que a revolução foi um exagero. Mas
nenhuma mentira ocultará que Abril foi a torrente de alegria, a beleza de
vencer o fascismo. Reclamar o futuro é construir o progresso a favor da
comunidade e distribuir todos os seus frutos. Afirmamos a certeza de que aqui
cabe o mundo todo, todos temos o direito a viver em condições iguais e a ter o
que precisamos para uma vida boa. Nos 50 anos do 25 Abril, este é o nosso manifesto pelo futuro. Mariana Mortágua
VIVA O 25 DE ABRIL. VENHAM MAIS 50
Com
este arrepio e alegria únicos ao cantar a Grândola no Carmo. 25 de abril sempre.
Catarina Martins
FRASE DO DIA (2234)
Daniel Oliveira, “Expresso”
25 DE ABRIL CONTRA OS FASCISTAS DE HOJE
Debate no
Parlamento europeu sobre o negacionismo das ditaduras O
Parlamento Europeu fez hoje (leia-se 24/4) um debate sobre o negacionismo das
ditaduras, no qual pudemos observar esse negacionismo em ação, vindo de
fascistas espanhóis e italianos. Falar do 25 de Abril é proteger a memória, mas
é também assumir um compromisso para hoje e para amanhã. Nunca mais.
José Gusmão
quarta-feira, 24 de abril de 2024
PARLAMENTO EUROPEU: APROVADA A DIRETIVA DO TRABALHO DE PLATAFORMAS
Hoje
aprovámos finalmente a diretiva do trabalho de plataformas. Um bom dia para o
Parlamento porque provámos que é possível ganhar na luta por direitos e que é
possível ganhar contra os lobbies. Desta vez, não foi a Uber a fazer a lei.
José Gusmão.
CITAÇÕES À QUARTA (100)
(…)
Nos 50 anos da revolução que derrubou a ditadura mais longa
da Europa, o medo do futuro domina os que se reivindicam da tradição
revolucionária.
(…)
Porque em 2024 imaginar querer e ter a coragem de se lançar a
conquistar muito mais do que em 1974 é considerado coisa para meia dúzia de
líricos, pá.
(…)
A crise climática é um ato deliberado cujos efeitos são a
morte de milhares de pessoas hoje e de centenas de milhões no futuro, levada a
cabo pelas elites do sistema económico
(…)
A revolução em Portugal foi feita em contra-ciclo histórico,
arrancada violentamente a uma elite decrépita que matava uma geração inteira
numa guerra para fingir que Portugal ainda era o que nunca tinha sido
(…)
Enquanto os países europeus começavam a levar as primeiras
punhaladas do neoliberalismo, Portugal construía a toda a velocidade o Estado
Social
(…)
Em poucos anos constituíram-se a saúde pública, a educação
pública, nacionalizaram-se alguns sectores essenciais, mas pouco depois a
história apanhou-nos.
(…)
O Reaganismo e Tatcherismo chegariam uma década mais tarde
por Cavaco Silva, que inverteu a redistribuição de riqueza e poder para cima.
(…)
Nos poucos sítios onde não abundavam militares [em 25 de
abril de 1974], como a sede da PIDE em Lisboa, o regime contra-atacou visando e
matando os civis que se mobilizavam à porta.
(…)
Quem tinha passado quase uma vida inteira a obedecer a uma
ditadura decidiu que bastava.
(…)
O 25 de Abril foi uma revolução contra uma guerra.
(…)
Anos de guerra corroeram a capacidade narrativa e coerciva do
aparelho fascista português e a ação do movimento dos capitães começou o que
foi o golpe final.
(…)
A mobilização social contra a guerra hoje produz-se num
contexto tão ou mais adverso do que em 1974.
(…)
Em Abril de 1974 tudo era futuro, as portas do novo estavam
abertas, enquanto as âncoras do passado eram levantadas.
(…)
50 anos depois, nas vésperas do aniversário da revolução, os
Onze de Abril, ativistas climáticos detidos por ações nos últimos meses para
travar uma guerra declarada por governos e empresas a toda a sociedade, que
levam à catástrofe climática, vão ser julgados.
João Camargo, “Expresso” online
Será possível celebrar a liberdade de outro país e reprimi-la
no seu? Sim, é.
(…)
Se nos
debruçarmos, em particular, no caso de Angola, a Amnistia Internacional tem
seguido atentamente o contexto de detenções arbitrarias, intimidação e assédio
por parte das autoridades angolanas contra vozes corajosas.
(…)
Ainda
assim, o presidente angolano, João Lourenço, terá confirmado a sua presença nas
comemorações dos 50 anos do 25 de Abril à Presidência da República Portuguesa.
(…)
No
Estado que João Lourenço governa, a liberdade é uma miragem para quem se
manifesta, mesmo com os direitos à liberdade de expressão e à liberdade de
reunião pacífica protegidos pela Constituição.
(…)
Abril
não se cumpriu ainda para tantos e tantas ativistas, para tantas pessoas em
Angola que continuam sem liberdade de expressão ou manifestação livre e
pacífica.
(…)
[Neste dia 25 de Abril] que a mensagem [da liberdade] possa
passar, de alguma forma, para os líderes que ainda a reprimem.
(…)
“Protege a Liberdade” é também o nome de uma
campanha global da Amnistia Internacional, criada para sustentar e defender a liberdade
de todos, numa altura em que ela regista retrocessos e restrições em vários
países do mundo – um deles é Angola.
(…)
Em setembro de 2023, sete ativistas angolanos foram detidos
em Luanda, enquanto esperavam para participar numa manifestação pacífica.
(…)
Estão, neste preciso momento [quatro ativistas] a
cumprir pena de dois anos e cinco meses de prisão e foram ainda sujeitos a uma
multa de 80.000 kwanzas cada um.
(…)
A liberdade é algo de muito digno e sublime. Que Abril chegue
a Angola.
Pedro A. Neto, “Público” (sem link)
Ninguém deve ser sujeito a falar sobre a sua vida privada se
essa não for a sua vontade.
(…)
Não incluo na categoria de facto da vida privada a violência
doméstica.
(…)
É do
conhecimento público que uma ex-namorada de Sebastião Bugalho iniciou um
processo-crime contra ele, alegando ter sido vítima de violência doméstica.
(…)
Não chegou a apresentar as provas que declarou ter em seu
poder concretamente mensagens, e não compareceu numa diligência na
Polícia Judiciária.
(…)
Claro que foi um arquivamento diferente daquele que
resultaria de uma apreciação plena dos indícios que existissem.
(…)
Houve
uma decisão, ou no mínimo uma hesitação, da ofendida, que optou por não dar
seguimento a um procedimento que tinha começado.
(…)
Isso
pode levar-nos a várias conclusões, não necessariamente à inocência de
Sebastião Bugalho.
(…)
É da
máxima relevância sabermos se Sebastião Bugalho agrediu ou não aquela ex-namorada
ou qualquer outra pessoa com quem tenha mantido uma relação amorosa.
(…)
Claro
que é um assunto desagradável e, por alguma razão, Sebastião Bugalho tem
conseguido fazer a sua vida sem que nada lhe seja perguntado.
(…)
Uma das razões será a inconveniência que reveste qualquer
tentativa de esclarecimento de factos que todos parecem querer esquecer.
(…)
Mas agora Sebastião Bugalho é o primeiro da lista de
candidatos às europeias da AD.
(…)
Chegou
o momento em que tem de ser perguntado a Sebastião Bugalho se é ou não verdade
que agrediu uma ou mais ex-namoradas.
(…)
Mais do que natureza pública, o crime em causa é um dos
principais problemas da sociedade portuguesa.
(…)
Precisamos de saber se o próprio se declara inocente ou se,
pelo contrário, admite que alguma coisa muito errada aconteceu.
(…)
É relevante saber como uma pessoa se declara perante as
suspeitas ou acusações que sobre si recaem.
Carmo Afonso, “Público” (sem link)