quarta-feira, 25 de outubro de 2023

CITAÇÕES À QUARTA (74)

 
António Guterres é insultado como sendo amigo dos terroristas por um exaltado embaixador israelita que o acusa do crime de querer levar ajuda humanitária a hospitais.

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[Para Netanyahu] tudo isto se resume a escapar da prisão por corrupção.

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E o Hamas festeja a sua vitória política, com cada bomba sobre Gaza reforça a sua liderança na região.

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Uma palavra, exterminismo, resume melhor do que outras o que é a norma da guerra e vemos como é aplicada em todo o seu esplendor.

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E, a BBC é insultada se se limita a tratar as forças em guerra como inimigos, o que tinha feito com os nazis, e não aceita reduzir o jornalismo ao discurso político.

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É um tempo sombrio em que a defesa da paz fica resumida a Guterres e ao Papa, ambos sem poder, e a iniciativa da guerra é capturada não só pelos seus generais como por uma raivosa trupe de vingadores de sofá.

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Eles [os generais] estão a dizer-nos que a humanidade é um pseudónimo da barbárie e querem que nos habituemos à irracionalidade.

Francisco Louçã, “Expresso” online

 

Para justificar a carnificina, responde-se com as imagens do inominável horror dos massacres do Hamas. 

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Esta guerra tem quase um século, não quinze dias.

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Estas mortes são inevitáveis em nome de quê?

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De vingança? Tratando-se de vidas civis inocentes, esta justificação põe quem a dê no patamar moral de terroristas.

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Se não é a vingança, o objetivo será desmantelar o Hamas.

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Mas assumamos que esse objetivo é exequível. 

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Como acham que reagirão os dois milhões de palestinianos sobreviventes depois de perderam filhos, pais, amigos? Pacifistas?

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Quantas organizações existem em Gaza prontas para substituir o Hamas no dia seguinte?

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É evidente que, apesar das garantias [de Israel] de que não haverá ocupação, ela existirá de qualquer forma.

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Assistiremos a um padrão com décadas e que corresponde ao que queremos recusar na Ucrânia: a paz do ocupante.

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Toda a ocupação tem sido publicamente justificada com a segurança dos israelitas (a dos palestinianos é obviamente irrelevante).

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Uma “segurança” garantida através da transformação da vida dos palestinianos num inferno.

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A típica segurança colonial.

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A ocupação de praticamente toda a Palestina é o projeto político de Netanyahu e do sionismo radical e revisionista em que se filia.

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Cada momento traumático tem sido aproveitado para mais um passo na desejada limpeza étnica.

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O que pode então fazer Israel? Para além do que se faz quando há atentados terroristas, procurar punir um a um os seus responsáveis, mesmo que isso demore tempo (como Israel já fez bastantes vezes).

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Afastando o fanático, incompetente e ainda por cima corrupto Benjamin Netanyahu, e permitindo que quem quer realmente a paz e a segurança dos israelitas volte à negociação com os moderados do outro lado.

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Insistir na contínua diminuição do território palestiniano e na imposição de mais barreiras à circulação interna dentro do seu território só pode trazer mais ressentimento, violência e guerra.

Daniel Oliveira, “Expresso” online (sem link)

 

Um orçamento do Estado não se pode circunscrever à gestão das finanças públicas, na perspectiva única de que as despesas não podem superar as receitas.

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Particularmente num país onde: antes de prestações sociais, 40% dos cidadãos vivem em risco de pobreza; cerca de 50% das empresas não pagam IRC, por apresentarem sistematicamente resultados negativos; 90% do IRC arrecadado provem apenas de 20% das empresas em actividade; 90% da receita de IRS é paga apenas por um milhão e 200 mil contribuintes, de uma população activa de 5 milhões e 222 mil portugueses.

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A irrelevância que o OE2024 dispensa à Educação é bem o espelho da incompetência do PS para promover o investimento público de que Portugal carece.

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Quando a 10 do corrente fez a apresentação pública do OE2024, Fernando Medina à Educação disse nada.

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O crescimento do valor orçamentado para 2024, comparado com o do estimado para 2023, é de 5,7%. Mas sendo de 5,3% a inflação prevista pelo próprio Governo até ao final do ano, o crescimento real será de 0,4%.

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Entretanto, as organizações internacionais que se pronunciam sobre o desejável peso da Educação na despesa pública dos estados recomendam que esse peso seja da ordem dos 6% do PIB. [Desde que Costa chegou ao governo, este valor foi sempre muito abaixo de 6% e tem vindo sempre a diminuir]

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Apenas 2,9% desse PIB [para 2024 serão] consignados ao ensino básico e secundário.

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Se lhe somarmos as restantes despesas previstas para os outros níveis de ensino, ficaremos próximo de 4,3%, valor bem distante dos 6% internacionalmente recomendados.

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Tudo visto, a conclusão é clara: o orçamento para a Educação limita-se à mera gestão corrente, sem qualquer rasgo de intervenção nas múltiplas vertentes carentes de investimento.

Santana Castilho, “Público” (sem link)

 

Joe Biden tentou refrear a sede de vingança do Estado de Israel pelos ataques do Hamas de 7 de outubro. “Não se deixem cegar pela raiva.”

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O Afeganistão foi um banho de sangue. Morreram quase 50 mil civis com a invasão e durante a ocupação. Em nome de quê? Desmantelar a organização terrorista Al Qaeda e tirar do poder o regime talibã. Correu muito mal. Nada foi conseguido.

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Foram bombardeados e foram vítimas de uma ação militar pensada e organizada sem os considerar como sujeitos de quaisquer direitos, nem sequer do direito à vida.

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Os Estados Unidos tinham sido vítimas de um ataque terrorista sem precedentes e estavam, por isso, legitimados a agir da forma que entendessem ser a adequada.

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Fiquei surpreendida com o mea culpa de Biden. Não esperava que reconhecesse que a sua nação cegou com a raiva e que aquilo que fez a seguir não deve servir de exemplo para outras nações em situações que possam ser comparadas.

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Metemos a cabeça debaixo da areia quando os nossos aliados violam o direito internacional e a seguir apagamos da memória coletiva que tenha acontecido.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)


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