quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

CITAÇÕES À QUARTA (88)

 
Se insistimos em procurar algo num sítio em que o será possível encontrar, regressaremos de mãos vazias e até podemos levar uma banhada.

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Imaginem que isso se aplica a quem nos tem governado e agora vai a votos e a reflexão ganha atualidade e pertinência.

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[Um exemplo] Nos Açores será de esperar que o voto no PSD sirva para apresentar soluções para melhores cuidados de saúde quando é da sua responsabilidade a degradação dos serviços públicos?

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[Outro exemplo] encontrar soluções no PS para o custo da habitação quando foi sua escolha abraçar o mercado e a consequente especulação? 

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[Mais outro exemplo] votar no Chega para atacar o sistema quando são os donos disto tudo que financiam este partido e andam com Ventura ao colo?

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[Na Madeira] até dentro do PSD havia vozes como a de Sérgio Marques a denunciar promiscuidade entre o setor público e o privado.

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Paulo Martins e Roberto Almada, eleitos pelo Bloco de Esquerda na região foram ameaçados e processados pelas mesmas denúncias.

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Já nos Açores, novamente o Chega quer ir para o Governo com PSD, que continuou a mesma política nos grandes negócios que já vinha do tempo das maiorias do PS.

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[Apenas um exemplo como denunciou o deputado do Bloco, António Lima] privatizaram a EDA para entregar todos os anos milhões em dividendos ao grupo Bensaúde e à EDP.

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Tempo para não repetir erros do passado nem perseguir lutas contra moinhos de vento.

Pedro Filipe Soares, “Expresso”

 

Já quase todos disseram que, na forma como lidou com a crise na Madeira, Luís Montenegro foi pouco corajoso e pouco coerente com tudo o que dissera sobre António Costa.

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Fontes do PSD fizeram saber, quando era evidente que o presidente do governo regional ia mesmo cair, que Montenegro o tinha pressionado para se demitir.

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A verdade é que quem retirou a confiança política a Albuquerque foi o PAN, não foi o PSD. Humilhante.

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Só que, até que esclareça o que pretende fazer, a incoerência mais relevante não é do líder da oposição, mas do Presidente da República.

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Agora, nas mesmas circunstâncias [do que aconteceu com Costa], aceita-se que o PSD Madeira indique um substituto que não foi a votos.

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A única diferença entre as duas situações é que o PS tinha uma maioria absoluta para oferecer, no apoio a Centeno, enquanto a coligação PSD-CDS não pode dar essa garantia.

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O grande argumento em defesa de Marcelo baseia-se num facto indesmentível para chegar a uma conclusão torcida: o Presidente não tem, até março, o poder de dissolução.

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O argumento contra o paralelismo [entre o que aconteceu no Continente e agora na Madeira] é que quando o anunciou já podia dissolver (mas não dissolveu), enquanto agora não pode anunciar porque não pode dissolver.

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Com o historial do Presidente da República é impossível assumir outra coisa, que o Presidente se escuda num argumento constitucional extraordinariamente restritivo.

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Já a assunção de que o governo da Madeira é, mesmo sem Albuquerque, para a legislatura, abre a possibilidade do cenário de uma maioria direita que afaste Montenegro caso ele cumpra a promessa eleitoral e recuse um entendimento com o Chega, que lhe dê maioria.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

Marcelo Rebelo de Sousa reenviou para a Assembleia da República o diploma que autorizava a escolha de um nome neutro, ou seja, não identificável com o sexo masculino ou feminino.

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O mesmo para o diploma sobre as medidas a adotar pelas escolas no cumprimento da lei que estabelece a autodeterminação da identidade e expressão de género.

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Estamos a falar de um assunto que diz diretamente respeito apenas a uma minoria absoluta dos portugueses.

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Há quem veja em cada avanço no sentido da autodeterminação da identidade de género uma ameaça civilizacional e que vocalize isso mesmo.

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O veto de Marcelo foi uma vitória para as reivindicações da extrema-direita. 

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Muitas escolas já tinham avançado com medidas de apoio a alunos com disforia de género. Marcelo agora dá ordem de recuo. Porquê?

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Há quem prefira usar a inteligência apenas para justificar as decisões que tomou.

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Quando isso acontece, temos boas razões para péssimas decisões. Isto acontece frequentemente a Marcelo Rebelo de Sousa.

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Marcelo recorreu a argumentos que parecem razoáveis para vetar as medidas a adotar pelas escolas.

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Um calvário de abstrações.

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Olho para Marcelo Rebelo de Sousa e arrisco dizer que desconhece a tortura de viver num corpo no qual não se reconhece.

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Nunca esteve noutra posição que não a de estar no topo da cadeia antropológica a tomar decisões sobre a vida dos restantes.

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Agora são umas centenas de pessoas que querem ver reconhecido o seu direito à identidade de género, a aceder às casas de banho onde se sentem mais confortáveis e a usar nomes neutros.

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Tenho é pena que a sua [de Marcelo] empatia seja tão seletiva [como por exemplo em relação às gémeas brasileiras] e que deixe de fora crianças e adolescentes que estão há demasiado tempo em fila de espera para ser felizes.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)

 

Sejamos claros: se uma vertente nuclear da educação for (e é) tornar o ser moralmente responsável pelos seus actos, perante a sua consciência e perante os outros, resulta evidente que não o podemos deixar entregue à sua natureza instintiva.

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Temos, isso sim, de o orientar num processo que o leve a admitir que a sua liberdade tem limites e que a entrada na sociedade supõe a aceitação de um conjunto de normas e de regras (disciplina) a que terá de obedecer.

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A autonomia que sempre tenho defendido para as escolas não serve se for entregue a (ir)responsáveis que escondem que a indisciplina é o maior problema das instituições que dirigem.

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Dir-se-ia que a obsessão pelos cuidados a prestar às crianças e aos adolescentes obliterou a obrigação de os responsabilizar.

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Erram os que identificam disciplina com repressão, sem lhe reconhecer a capacidade transformadora de um ser bruto num ser social, ética e culturalmente válido.

Santana Castilho, “Público” (sem link)


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