quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

CITAÇÕES À QUARTA (92)

 
[Passos já] pairava [na campanha] porque parte da direita tem saudades dele e toda a esquerda gosta de o recordar. 

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[A esquerda acredita] que ele perde na comparação com estes oito anos de governo e parece-me que têm ainda mais razão.

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Se os partidos de esquerda achassem que esta aparição era má para eles não faziam dela centro dos discursos. Passos mobiliza e recorda.

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Não é preciso falar dos cortes das pensões e da austeridade quando os pensionistas veem a cara de Passos Coelho numa campanha. 

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O que ninguém tira a Passos é o “ir para alem da troika”.

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Ninguém lhe tira o “se estamos no desemprego, temos de sair da zona de conforto e ir para além das nossas fronteiras".

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Ninguém lhe tira o ter dito aos professores para emigrarem porque havia docentes a mais.

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Não há reescrita da história que faça ignorar que introduziu novos cortes nas pensões e em escalões de rendimentos muito mais baixos.

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Terminado o período de intervenção externa, já em 2014, disse que não era possível voltar aos níveis de remuneração que tínhamos antes desta crise.

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Errou sempre porque acreditava na austeridade para lá do que nos foi imposto.

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O eleitorado que Passos Coelho disputa ao Chega é o que o Chega conquistou ao PSD nas últimas eleições.

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Para o eleitorado mais saudosista, o discurso de Passos pode apenas sublinhar a diferença da sua clareza em relação ao discurso sempre vago de Montenegro. 

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Se alguém tem dúvidas sobre a ausência de muros entre o PSD de Passos Coelho e o discurso do Chega, a associação que fez entre imigração e insegurança deixa tudo muito claro.

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A associação que Passos fez [entre criminalidade e imigração] não é apenas politicamente inaceitável, é factualmente errada.

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A imigração subiu 80% em dez anos, o número de reclusos estrangeiros diminui 27%. 

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E, acrescento eu, nessa mesma década criminalidade grave e violenta diminuiu 24%.

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O discurso mais cínico diz que [associar criminalidade e imigração] é a forma de não deixar a extrema-direita à solta e disputar os seus eleitores. 

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Passos fez o tempo andar para trás. Tenho dúvidas que isso seja bom para Montenegro.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

O discurso de Pedro Passos Coelho, na sua aparição na campanha, foi importante na clarificação do que é a AD.

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Para conseguir um objetivo, aceitaram [no PSD] coligar-se com um homem sobejamente conhecido por ser misógino.

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A AD chamou Passos Coelho, que, com toda a convicção, fez um discurso que poderia ser de Ventura.

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Passos Coelho sabe bem que não existe um problema de falta de segurança em Portugal e sabe também que a criminalidade não aumentou com a imigração.

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[Muitos] afirmam que se trata de uma estratégia de Passos para tirar votos ao Chega. 

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As palavras de Passos Coelho insuflam qualquer sensação de insegurança que os portugueses possam ter e o eventual medo de imigrantes que possam sentir.

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Em vez de desmontar os mitos que possam assolar a cabeça das pessoas, como era sua obrigação enquanto antigo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho preferiu meter o dedo na ferida e escarafunchar.

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Pessoas que só querem trabalhar e lutar por uma vida melhor são temidas e odiadas. É vergonhoso que os recebamos assim.

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Na verdade, faz mais sentido que Passos Coelho tenha apenas pretendido desdramatizar a gravidade que muitos eleitores atribuem à mensagem de André Ventura.

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Ao fazer isso, vai preparando o caminho para a AD fazer um acordo de governação com o Chega e para esse acordo não ser malvisto pelos eleitores da coligação de direita.

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Passos Coelho quer um entendimento com o Chega.

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Tudo isto é profundamente lamentável.

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Se alguns apoiantes da AD ficaram agradados com o suposto golpe de mestre, grande parte dos restantes eleitores sentiu naquele discurso um abanão.

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Quem não aceita xenofobia terá percebido melhor a importância do seu voto e o significado de cada quadradinho no boletim de 10 de março.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)

 

Há um acordo, nestas eleições, sobre expandir infraestruturas e projetos que aumentarão as emissões de gases com efeitos de estufa.

(…)

A crise climática está a criar colapsos sociais causados por mudanças drásticas nos ciclos climáticos globais, produzindo caos nos sistemas alimentares, nos ciclos de água doce, e nos sistemas energéticos, de transportes e de saúde.

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Isso significa uma regressão civilizacional histórica, da qual a subida da extrema-direita a nível internacional é apenas um dos primeiros sinais.

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Na emergência climática não há meios termos, “passinhos” em frente, ou “reformas no bom sentido”.

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Sobre a crise climática é ganhar ou perder.

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O movimento por justiça climática recusar-se-á a consentir com a derrota garantida que este sistema nos impõe.

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O facto da maioria dos partidos que concorrem a eleições reconhecerem a crise climática é irrelevante se posteriormente apresentam uma negação programática do que esta significa. 

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O debate nestas eleições está a ser por definição anti-democrático (…) que não contempla qualquer plano para travar a catástrofe climática.

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Os termos em que acontece [o atual processo eleitoral] comprometem qualquer democracia, justiça social e direitos constitucionais.

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[Estamos perante uma] incompatibilidade efetiva por parte de todos os programas políticos presentes a eleições com as ações necessárias para travar o caos climático.

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A verdadeira paz e um real travão de emergência para reverter a marcha em curso em direção ao caos climático não estará nas mesas de voto.

Leonor Canadas, “Expresso” online (sem link)


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