sábado, 28 de junho de 2025

MAIS CITAÇÕES (339)

 
O somatório dos votos que o conjunto de forças políticas da Esquerda obteve nas últimas eleições legislativas não espelha toda a sua influência na sociedade. 

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É possível estancar a perda de influência social e encetar recuperação.

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A Esquerda é bem plural, mas dialoga pouco, e pesa bastante a parte que opta pela cedência à Direita.

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É necessário que a Esquerda interprete a nova era em que estamos.

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Na última década do século passado era claro que as instituições e poderes que nos trouxeram até aqui estavam esgotados.

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Os problemas que levam as pessoas a sentirem-se desprotegidas têm um somatório de causas e impactos. 

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Os problemas com a habitação, a imigração, o SNS, a Escola Pública carecem de interpretações sociológicas e políticas.

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O Governo da “geringonça” teve grande apoio nos planos social e económico, desde a sua formação até 2019, e mesmo depois. 

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O problema foi que o “programa comum” era minimalista e António Costa e o PS foram possuídos pela soberba política. 

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Só a ação convergente para uma política social transformadora e boas relações evitarão o desastre.

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[É nas eleições autárquicas] que se podem mais facilmente identificar oportunistas e forjar aproximações sem perda de identidades específicas. 

Carvalho da Silva, JN

 

Quando vim trabalhar com ecólogos e biólogos, cientistas ambientais, trouxe comigo não apenas os instrumentos da sociologia, mas sobretudo a vontade de interrogar a aparente separação entre o social e o natural, tão sedimentada na tradição científica moderna.

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Estávamos preocupados em mostrar a importância das dimensões sociais e culturais nos processos ecológicos e em mostrar que os fenómenos ecológicos são, também eles, socialmente produzidos, mediados por formas de ocupação, uso, perceção e simbolização dos territórios.

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Mas faltava ir mais longe e aprofundar as estruturas de poder e as formas de desigualdade que moldam as configurações ecológicas do mundo em que vivemos.

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[De qualquer modo], é preciso desmontar os próprios modos de produção do conhecimento que naturalizam as desigualdades, invisibilizam os conflitos e silenciam os sujeitos não humanos.

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Cada vez mais jovens cientistas sociais reconhecem a urgência de pensar o mundo para além das dicotomias sujeito/objeto, humano/não humano.

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Sentem que faz sentido reconhecer a agência das águas, das florestas, dos animais, das pedras.

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[Há que] reconhecer que habitamos mundos partilhados, e que esses mundos exigem novas formas de conhecimento, mais humildes, mais relacionais, mais implicadas e comprometidas com o todo.

Fátima Alves, “diário as beiras”

 

Eu não preciso de achar piada à Joana Marques, para defender que ela tem todo o direito de fazer o humor que entender.

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Quem não gostar, não vê, que é o que eu faço, mas não precisa – nem pode – tentar calá-la.

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A grande dificuldade em aceitar que o humor tem limites é definir quais são esses limites.

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Porque é que a minha sensibilidade é mais válida do que a de quem acha piada ao que eu acho lamentável?

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[Aconteceu no Brasil um humorista ser condenado] a mais de oito anos de prisão por um conjunto de piadas infelizes é negar o que de melhor o humor nos dá: um espaço de absoluta liberdade, evasão e criatividade.

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No dia em que os humoristas começarem a ter medo de ser processados – ou, pior, presos – o humor acaba, porque ele é fruto da Liberdade. E amar a Liberdade é amá-la sempre, mesmo – e especialmente – quando ela é desconfortável.

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O humor tem que ser democrático, senão não existe. E na Democracia, já sabemos, cabem todos. É isso que a define.

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Eu não gosto da música dos Anjos, mas defenderei sempre o direito que eles têm a fazer a música que entendem e o direito que, quem gosta, tem a ouvi-la.

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Também não gosto particularmente do humor da Joana Marques, mas espero que ela tenha sempre todo o espaço para o fazer.

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Do que eu gosto mesmo é da Liberdade, que dá a cada um o direito de se expressar livremente. 

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E o que eu espero é que a Liberdade seja um fato que, mesmo quando desconfortável, serve a todos por igual.

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O humor pode ser à vontade do freguês, mas a Liberdade não.

Martha Mendes, “diário as beiras”

 

Posso dizer que não me recordo de viver uma época pautada por uma situação política global tão caótica e de difícil decifração quanto a que agora nos cabe. 

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Prova disto é a visível incapacidade dos analistas políticos, mesmo dos mais bem preparados, para interpretar os acontecimentos em curso e lhes antecipar consequências.

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A principal razão pela qual se torna agora particularmente difícil analisar escolhas e prever saídas no domínio da política global, prende-se com quatro fatores: o esvaziamento das grandes ideologias, o menosprezo pelo papel da ética, a banalização das escolhas erráticas e o excesso de informação.

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A perda dos faróis da ideologia trouxe consigo um esvaziamento de horizontes, abrindo espaço a uma afirmação limitada ao curto prazo de objetivos e de valores.

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O triunfo do individualismo e do conceito de «sucesso», articulados com a expansão do neoliberalismo, tornaram obsoleta a ideia de que ela deve fundar-se, como desejou Camus, «em comportamentos que a legitimam ou contrariam». 

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O cidadão comum espera agora tudo e o seu contrário.

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Já o quarto fator, que amplia os demais, traduz-se na reprodução excessiva, acrítica e não hierarquizada de informação, tendente a disseminar por todo o lado a dúvida, o engano, a incerteza e a instabilidade.

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Nestas condições, todo o juízo crítico do analista político, que não é um adivinho, se torna arriscado, com forte tendência para se concentrar nas meras hipóteses e para se tornar falível cinco minutos depois.

Rui Bebiano, “diário as beiras”


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