Cedo começam o dia! A procura dos desempregados pelo novo emprego traduz-se no envio de currículos sem número calculado, pois são tantos aqueles que se fazem e distribuem, quase que de forma indiscriminada como tiros de pistola atirados aleatoriamente. Enviam currículos sim, à procura do que não existe. Todos os dias lidam com a frustração do futuro inseguro e vazio de expectativas, onde a preocupação em lidar com as despesas mensais e diárias não param, pois elas permanecem, ao contrário do emprego que deixou de existir por um motivo ou outro.
Portugal está em termos económicos, sociais, e empresariais em franco declínio, fomentando desemprego, trabalho precário e perdas de regalias para quem ainda consegue trabalhar. Crianças que vão para as escolas sem o pequeno-almoço e que apenas têm como refeição o almoço fornecido nas instituições escolares. As discussões familiares proliferam e a violência doméstica alastra as nossas casas. Em 2008, foram assassinadas 46 mulheres pelos seus maridos, companheiros, ou namorados, e nos primeiros 5 meses de 2009, 10 já faleceram. Sendo que a crise, não é fruto dos divórcios que ocorrem no nosso país, tal como proferiu Cavaco Silva, mas sim fruto da instabilidade emocional que muito tem a ver com a instabilidade financeira que remete as famílias às dificuldades do dia a dia, “casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão”.
A busca continua. Acordar de manhã, enviar os currículos pela internet, pelos correios, pela entrega directa, … tudo vale nesta procura desenfreada de futuro mais risonho. Fazem-se também aquelas caminhadas obrigatórias às instalações dos Centros de Emprego, onde a espera é longa para cumprir a medida legal, em que o Desempregado Activo, (uns mais que outros), prestam contas da sua realidade quinzenalmente. Entram, com ar de presidiários apanhados numa teia sem início, meio e fim, e ali ficam esperando a sua vez. Diante do técnico de emprego, entregam o papelito com a data de apresentação e trocam duas ou três palavras sobre o clima que faz lá fora, e há a entrega do novo papelito com a nova data para a apresentação do corpo, pois a alma esta, fica lá fora a pensar onde vai de novo enviar currículos, pois os centros de emprego não dão resposta efectiva à procura que eles próprios obrigam os cidadãos desempregados a realizarem.
A procura existe mas o desemprego teima em instalar-se, pois o seu crescimento revela-se brutal e descontrolado na região Algarvia, que é de longe a região que regista a maior subida de desemprego nacional. No Algarve é sobretudo o sector do Turismo, e a asfixia do ramo imobiliário, que arrastam a nossa região para a precariedade e destruturação social da nossa gente. As famílias estão afectadas com esta realidade. Adivinham-se problemas sociais, tais como, crimes de roubo e assaltos, desistências escolares ainda mais significativas, aumento do trabalho infantil camuflado pelos empregadores sem escrúpulos de modo a que as famílias consigam sobreviver. As empresas que ainda existem são lideradas na sua maioria por sujeitos sem escrúpulos que despedem grávidas, mães que amamentam e tantos outros, e que em simultaneamente empregam de forma precária os jovens e menos jovens com contratos a prazo sem grandes vencimentos, ou com “falsos recibos verdes” e normalmente com o salário mínimo nacional ou pouco mais que os 500 euros, e que ainda promovem despedimentos em massa ou Lay off. Para não falar dos off-shores (são praças financeiras que estão ao abrigo do fisco e protegidas pelo segredo bancário), que proliferam em vários países, tais como Suiça, Luxemburgo, Ilhas Caimão, e até a nossa Ilha da Madeira; são autênticos paraísos fiscais que albergam a criminalidade financeira agravando a crise que hoje vivemos. Para uns, servem para fugir simplesmente aos impostos, e para outros, servem para lavarem o dinheiro obtido no tráfico de armas e drogas.
E com esta crise, os patrões justificam a precariedade e desemprego que infligem aos trabalhadores. A precariedade aumentou nos últimos 10 anos 52%, o código de trabalho com as suas leis da flexi-segurança facilita o despedimento, a manipulação dos horários dos trabalhadores conforme as vontades dos patrões, que não pagam as horas extraordinárias, e até tendo em alguns casos, o topete de dizer que se não o fizerem então que não se queixem se a fábrica ou empresa falir! Na função pública a certeza de um emprego seguro terminou, pois introduziram os contractos individuais de trabalho. Os mais velhos (a partir dos 45 ou 50 anos) são estupidamente colocados à margem da empregabilidade, esquecendo o patronato das capacidades, percursos académicos e dos conhecimentos acumulados ao longo da vida destas pessoas. As mulheres que engravidam, ou que gozam do direito a amamentar, são facilmente postas também à margem, e isso em Portugal pelos vistos é um incentivo à maternidade, e à harmonia familiar. As empresas temporárias por seu lado enchem os seus cofres com a precariedade alheia, pois o seu objectivo limita-se a literalmente roubar uma parte do salário de quem efectivamente trabalha.
E assim, vai Portugal e os seus Desempregados Activos, tal como o Centro de Emprego gosta tanto de qualificar!
Os desempregados são muitos e cada vez mais no Algarve, assim como no resto do país. Todos sabem que esta realidade trás consequências para a nossa sociedade que cada vez mais está doente… carente de bases sólidas para educar e formar as pessoas de modo a produzirem eficazmente. Numa sociedade injusta, sem respeito por quem faz mexer a máquina económica de um país, resta-nos esperar o pior se não agirmos em conformidade com as realidades do mercado de trabalho.
As soluções para este sangramento Lusitano, são dadas pelo Bloco de Esquerda.
1º Proibição de despedimentos colectivos quando a empresa tem lucros.
2º Direito à reforma aos 40 anos de trabalho, sem penalizações.
3º Subsídio para todos os desempregados.
4º Encerramento de todos os off-shores
5º Reduzir o horário de trabalho para as 35 horas semanais
Votar BE é procurar as soluções que todos precisam e retomar a economia que faz viver um povo em real democracia!
Vote BLOCO de EQUERDA!
Anabela do Cabo Morais
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