(…)
A sua condição é que vieram para o nosso país para beneficiar
de um regime fiscal de favor durante dez anos.
(…)
Segundo o Tribunal de Contas, em 2021 eram 57.887 pessoas neste
regime, em 2022 o número subiu para 74.258, enquanto a despesa fiscal cresceu
de €959 para €1360 milhões, cerca de 40% mais.
(…)
Ao ritmo anterior, a conta poderá já ultrapassar os €1500 milhões
anuais.
(…)
A 2 de outubro, o primeiro-ministro anunciou em entrevista o fim
do regime, se bem que continuasse garantido para quem já se tivesse nele
inscrito.
(…)
Pode-se perguntar qual terá sido a razão para que tivesse feito
“sentido” uma medida que tinha o duplo impacto de ser promotora da injustiça
fiscal “que não se justifica” e de ter inflacionado o preço da habitação, “que
já atingiu preços absolutamente insustentáveis”.
(…)
Fim do regime, vírgula. A maioria toma sempre decisões absolutas
e, apesar da tal injustiça fiscal tão lancinante e da inflação imobiliária,
decidiu estender o prazo de inscrição no sistema pelo ano de 2024, para pessoas
que serão beneficiadas até 2034.
(…)
Injustiça e inflação imobiliária, é o preço que pagamos. Ora, este
benefício fiscal também tem um custo para outros países, perdem receita fiscal.
E, portanto, não gostam da marosca.
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[Também a ministra da Finanças da Suécia, Magdalena Andersson]
“De uma perspetiva sueca, é muito
interessante (observar) a forma como os cidadãos comuns em Portugal aceitam
isto. É fascinante.”
(…)
[Meses depois da vista da ministra sueca a Portugal, o Parlamento
da Suécia, não tendo obtido resposta], revogou o acordo com Portugal.
(…)
[Entretanto], a maioria absoluta decidiu esta semana abrir a porta
para que mais “não habituais” venham comprar casa e pagar 10% de IRS — o que
diz que é injusto e inflaciona o preço das casas.
(…)
Em dez anos, este benefício aplicado a ainda mais pessoas
ultrapassará os 15, se não os €20 mil milhões.
(…)
O PRR traz €13,9 mil milhões. O Governo português aceita, portanto,
perder em benefícios fiscais mais do que o PRR.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
[No
Chipre], todos os anos milhões de pássaros alimentam o mercado negro dos
restaurantes de iguarias que oferecem aos endinheirados a hipótese de
deglutirem prazenteiramente um desses seres.
(…)
Todas as noites, engodos electro-acústicos
atraem as aves para as armadilhas.
(…)
As
armadilhas para caçar pássaros estão proibidas no Chipre desde 1974 (…), mas
quando há clientes dispostos a pagar 150 euros por um prato com uma dúzia de
pássaros, não admira que se tenha transformado numa actividade atraente para o
crime organizado.
(…)
[A impunidade acontece] por falta de vontade da
polícia para agir.
António Rodrigues, “Público”
(sem link)
Kissinger
representou, várias vezes, o lado obscuro de uma política norte-americana, que
justificava o uso da violência em nome da contenção do comunismo no panorama
mundial. Aconselhou, em 1969, o bombardeamento massivo do Camboja; não
admoestou o Paquistão, em 1971, durante a guerra de libertação do Bangladesh;
nem a Indonésia, em 1975, aquando da invasão de Timor-Leste; criou, ainda mais,
as “condições”, segundo as suas palavras, para o golpe de Estado brutal no
Chile, em 1973.
Bernardo Teles Fazendeiro, “Público” (sem link)
O European Social Survey (ESS) é um dos mais
respeitados inquéritos europeus.
(…)
[Num inquérito recente sobre os portugueses] Cconcluíram
que estão insatisfeitos com o estado da democracia no que diz respeito à
igualdade perante a lei nos tribunais e à capacidade dos governos de reduzirem
a desigualdade e de protegerem os pobres.
(…)
Os resultados deste inquérito revelam que os
portugueses têm as prioridades certas e as preocupações legítimas.
(…)
Diz-se que os portugueses descontentes são
presas fáceis para o oportunismo.
(…)
É pois refrescante ouvir falar em insatisfação
esclarecida.
(…)
Digo uma insatisfação a que a charlatanice
política não consegue dar resposta e que exige efetivamente justiça social.
(…)
O sistema democrático tem obrigação de lhes
assegurar isso mesmo.
(…)
As
suas insatisfações, e as correspondentes exigências, só podem ser preenchidas
com propostas sérias e eficazes de intervenção no sistema judicial, que garantam
a todos o acesso à Justiça.
(…)
Por
outro lado, os portugueses exigem uma maior proteção contra a pobreza e medidas
tendentes à redução da desigualdade de rendimentos.
(…)
Nesta conclusão do inquérito está contida a
parte mais importante do programa político de qualquer força de esquerda.
(…)
[Há] um estudo do Banco Mundial, publicado em
2005, que revelava que a desigualdade social contribui para o atraso económico.
(…)
Vemos
consolidado no discurso político que a luta contra as desigualdades sociais é
conflituante com as aspirações de prosperidade e desenvolvimento económico dos
países.
(…)
Os
países do Norte da Europa são os países do mundo com menores índices de
desigualdade e com maior desenvolvimento económico.
(…)
A África subsariana e a América Latina ocupam a
posição contrária.
(…)
É o próprio mercado que precisa de igualdade
social.
(…)
Os portugueses não estão satisfeitos com a
democracia e são sábios nos reparos que lhe fazem.
(…)
Temos
permitido que seja a extrema-direita a assumir o papel de proximidade com as
pessoas, quando não tem nenhuma proposta útil para resolver os seus problemas.
Carmo Afonso, “Público” (sem link)
A um trimestre de distância do epicentro da campanha
eleitoral, aguentar este ritmo de sondagens, inquéritos e auscultações pode ser
insano e gratuito.
(…)
“Mais vale antecipar uma decisão do povo”, afirma agora o PSD
açoriano, tentando apanhar a boleia do contexto político do continente.
(…)
[A chamada geringonça] é também um exemplo que, considerado
instável à época, proporcionou os maiores momentos de estabilidade política em
democracia.
(…)
O grau de toxicidade do socratismo só encontra paralelo no
cavaquismo. Estranho é que só o PSD continue a querer apresentar esse passado
como referência.
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