sábado, 2 de dezembro de 2023

MAIS CITAÇÕES (260)

 
[A extrema-direita ganhou representação no Parlamento] em 2019 e, passados quatro anos, já nem nos espantamos quando uma sondagem lhe dá 16%.

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Em Portugal, justificamos este crescimento com falhas éticas, a estagnação económica ou os ciganos. 

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Se um fenómeno é transversal a boa parte do Ocidente também têm de existir algumas razões transversais.

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[Uma delas tem a ver com] as redes sociais e a sua assombrosa capacidade de disseminar desinformação e criar bolhas.

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As explicações são tantas que ganhámos o hábito de, quando qualquer coisa corre mal, dizer que fará crescer a extrema-direita, alimentando uma profecia que se autorrealiza.

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Deixem-me tentar mais uma: o voto tornou-se mais irresponsável porque se tornou mais inconsequente.

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Se olharmos para a composição do voto da extrema-direita em vários países, nem sempre são os sectores mais desesperados da sociedade que mais votam nela.

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As pessoas querem “abanar isto” porque, no fundo, sabem que por mais que abanem nada de relevante para a sua vida vai cair. 

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Não são as fundações do Estado de Direito Democrático, que nunca deveriam ceder à pressão da maioria, que são inabaláveis.

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 São as opções políticas e económicas, que é o que, precisamente, deveria ir a votos.

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Quando a Grécia tentou desviar-se do programa de governo europeu (não eleito) ficou claro que nem isso, nem uma saída pacífica do euro, lhe seria permitido. 

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Já os ataques à democracia na Hungria e na Polónia não provocaram qualquer crise na EU.

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As bolsas vibraram com a vitória de um louco furioso como Javier Milei, na Argentina.

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Os governantes de extrema-direita até podem ser incompetentes, mas nem isso é obrigatório, nem é exclusivo seu.

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O dano é ao “outro”, seja o mais pobre, o imigrante, o gay, o cigano ou a mulher emancipada.

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[Votar na extrema-direita] é para “os” chatear.

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[As pessoas] intuem, pela experiência, que o seu voto já não tem essa capacidade de mudar radicalmente as suas vidas.

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Se os Estados têm muito menos poder, também o têm os políticos e o voto que os elege.

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O crescimento da extrema-direita não é causa da degradação da democracia. É consequência.

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A vitória da extrema-direita não é uma perturbação da democracia dormente que o capitalismo globalizado impôs, é apenas o seu novo estádio. 

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[A democracia] apenas definhará. Está a definhar.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

[Será a] quarta vez que me junto a activistas e especialistas de todo o globo para exigir justiça climática, acompanhando as negociações que vão decorrer e trabalhando para as influenciar.

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Esta cimeira acontece após um ano de eventos climáticos catastróficos, em que foram quebrados dois tipos de recordes: por um lado, recordes de temperatura; por outro, recordes de lucro de petrolíferas.

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Terão estes recordes algo a ver um com o outro?

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O Verão de 2023 foi o mais quente da Terra desde o início dos registos globais em 1880, de acordo com os estudos do Instituto Goddard de Estudos Espaciais (GISS) da NASA.

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A verdade é que as COPs têm sido campos férteis para os interesses fósseis.

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O presidente da COP28 [é] nada mais nada menos que Sultan al-Jaber, chefe da empresa petrolífera estatal dos Emirados Árabes Unidos, a Adnoc.

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Segundo a BBC, os EAU planeavam, de facto, usar o seu papel de anfitriões da COP para discutir e fechar negócios de gás natural e petróleo.

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Ora: numa conferência que visa reduzir as emissões globais, a sua presidência tenta discutir em paralelo projectos que as aumentarão.

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Como não poderia faltar, segundo um documento provisório, uma das empresas representadas neste pavilhão [de Portugal] será a EDP: a mesma que continua a lucrar com a produção de electricidade através de gás fóssil.

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Vivemos tempos distópicos, num mundo distópico. Um mundo distópico em que continuamos a investir em combustíveis fósseis mesmo sabendo que nos estão a destruir.

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Um mundo distópico em que uma conferência sobre alterações climáticas acontece num país que é um dos principais membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEC).

Bianca Castro, “Público” (sem link)

 

A actual crise política resolveu um problema que a direita nunca tinha sido capaz de resolver, afastar António Costa.

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Não era inteiramente verdade, mas as fragilidades pareciam não atingir o coração da coisa, Costa estava para durar e mesmo aqueles que sonhavam 24 horas por dia em derrubá-lo reconheciam isso.

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[Costa cai] por uma política anormal em democracia, uma mistura grande de incompetência e irresponsabilidade e uma ideologia corporativa antidemocrática, o justicialismo.

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[Justicialismo] é uma intervenção no terreno da política democrática de uma concepção corporativa que encontra legitimação numa ideia de superioridade do seu poder.

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Detendo poderes consideráveis, uma total independência funcional, e uma completa impunidade, deveriam ter muito mais escrutínio, que os obrigasse a combater mais o crime de forma sólida e competente e com resultados.

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O justicialismo é uma forma mais sofisticada de populismo, mas muito próxima da substância do populismo que alimenta o Chega.

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O mecanismo do justicialismo actua para além dos seus efeitos no equilibro político, no reforço da imagem da casta e na intangibilidade dos seus poderes.

Pacheco Pereira, “Público” (sem link)

 

A responsabilidade da existência de pobres pertence a cada um de nós - a uns mais que a outros, mas ninguém fica de fora - e é coletiva.

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[Desviamos o olhar da pobreza] quando não atacamos as suas causas e raízes e nos ficamos por colocar uns pensos na ferida; quando privilegiamos a esmola à solidariedade transformadora, quando pactuamos com desigualdades profundas.

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Um olhar sobre os pobres que os menorize é indigno.

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Temos muitas crianças pobres porque existem agregados familiares muito pobres. 

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A pobreza é uma realidade pesada e complexa, mas que se pode combater.

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Impõe-se aumentar o salário mínimo nacional e os salários em geral.

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É preciso melhorar os níveis de educação e de formação em início de atividade e ao longo da vida. 

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Tem de se aumentar o investimento permanente nas políticas de educação, saúde, habitação, proteção social e justiça, fontes de rendimentos complementares. 

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O Indexante dos Apoios Sociais nunca foi objeto de uma análise consistente e sujeito às devidas atualizações: vale hoje menos que no início da sua aplicação. 

Carvalho da Silva, JN


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