quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

CITAÇÕES À QUARTA (84)

 
No JN, a poucas horas da passagem de ano, dezenas de colaboradores a recibos verdes foram avisados que as suas "prestações de serviços" cessariam no dia seguinte

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A decisão é trágica para o jornal, que tem nestes correspondentes a voz do país, de norte a sul, e um elemento essencial da sua identidade.

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Ao incumprimento de obrigações com os trabalhadores, soma-se a pressão para a rescisão e a ameaça de um despedimento coletivo que pode chegar a 200 pessoas.

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De facto, qualquer um deste títulos é demasiado importante para o frágil ecossistema da comunicação social em Portugal para ser a presa de interesses obscuros e de fundos sem rosto, mas com porta-vozes que espalham brasas. 

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Quais as motivações, editoriais, políticas ou outras, para desvalorizar publicamente os títulos e para rebentar com jornais que dão lucro. 

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Por que não mobiliza a ERC todos os instrumentos legais que permitem impedir acionistas desconhecidos de tomar decisões?

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Se houve má gestão, como tudo indica, quem beneficiou com ela? 

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Para onde vai a receita que os títulos geram?

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Portugal é uma economia de mercado, mas é também um Estado de direito. 

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O despedimento é um ato possível, mas não é livre.

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A liberdade económica não é um valor absoluto e os fundamentos para um despedimento não são insindicáveis.

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Mesmo os motivos económicos têm de ser validados.

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[Estamos] perante um exemplo do abuso e de impunidade económica que tem de ser esclarecido e submetido a regras.

José Soeiro, “Expresso”

 

Da mesma forma que a PSP acha que tem direito a punir, com violência física, os que considera terem comportamentos criminosos, o MP acha que pode julgar e condenar políticos na praça pública. 

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Há, nas sociedades democráticas (nas outras isto nem é debate), um abandalhamento institucional que é causa e consequência da degradação da democracia.

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[A função do Ministério Público é investigar] suspeitas plausíveis de crimes sem destruir, de preferência, a reputação dos que investiga antes de alguma evidência sólida existir.

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A resposta não pode ser desatar a investigar todos os líderes para distribuir o descrédito da política de forma mais equilibrada.

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Tem de ser a de se exigir mínimos de responsabilidade. 

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Quem está a desacreditar o Ministério Público é quem (…) criou as condições para ser instrumental para campanhas políticas que visam, essas sim, desacreditar a democracia. 

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Nesse sentido, estou empenhado em combater a deriva justicialista de uma parte dos agentes de justiça. 

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[Estou empenhado nisto] em defesa da democracia.

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Não é por ser eticamente mais irrepreensível que a extrema-direita ganha com tudo isto.

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É por ser, também ela, inimiga da democracia e do Estado de Direito.

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[O justicialismo] nunca reduziu a corrupção. E sempre foi eficaz no enfraquecimento das liberdades cívicas e da democracia.

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Depois do que aconteceu a 7 de novembro, todos os democratas têm o dever dar um murro na mesa, exigindo que o MP seja, como a lei determina, um órgão autónomo.

Daniel Oliveira, “Expresso” online (sem link)

 

O que me move é a preocupação com as inevitáveis consequências desta simbiose entre as fugas de informação do Ministério Público e o jornalismo.

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Precisamos, mais do que nunca, que os jornalistas investiguem, comentem e medeiem os factos.

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Criticar o jornalismo agora é atacar quem mais precisa de apoio. Mas a importância do papel do jornalismo no sistema democrático é tal que não nos podemos obliterar a fazê-lo.

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Claro que a função do jornalismo não é fazer combate político, mas daí a produzir títulos sensacionalistas, que ignoram o rigor dos factos, vai uma grande distância.

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Os títulos que acusam políticos despertam o interesse dos leitores e isso é tentador para os jornais.

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E reparem que o que acontece a seguir é que a maioria destes casos não tem pernas para andar e morre na praia.

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Ventura ainda teve a distinta lata de dizer que nunca tinha criticado a atuação da Justiça quando foi alvo de processos. Mais uma mentira. Não ter vergonha é uma grande ajuda na carreira política do presidente do Chega.

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Parece que não é a Justiça ou o jornalismo de investigação que têm o ónus de juntar indícios ou de fazer a demonstração de que alguém é culpado.

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São os suspeitos que precisam de fazer prova da sua inocência. Estas são as regras da praça pública.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)

 

Há uns anos víamos as empresas de combustíveis fósseis negarem a existência das alterações climáticas causadas por emissões poluentes.

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As multinacionais BP e TotalEnergies, por exemplo, entre as mais poluentes de sempre, fazem campanhas sobre sustentabilidade.

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Um outro caso é a Shell, também entre as principais poluentes, afirma estar a investir em “energia limpa”.

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Quando se entra no site desta empresa [The Navigator Company] somos bombardeados com a palavra sustentabilidade, cores verdes e imagens de florestas.

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Um retrato realista seria florestas a arder, as cores das nuvens de fumo a escapar de chaminés vermelhas e brancas, e "greenwashing".

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ANavigator não deixa de ser uma das empresas mais poluentes em Portugal.

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Lê-se ainda num comunicado recente que a empresa recebeu um contrato de financiamento do Banco Europeu de Investimento (BEI) que fará possível a redução de “24,6% das emissões do Grupo registadas em 2022”.

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No entanto, a percentagem de redução das emissões não está a ter em conta o total das emissões.

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E como se o ilusionismo com números não fosse suficiente, os dados do relatório da Navigator estão incompletos.

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Sendo assim, quando se utiliza dados independentes relativos a 2021, a redução é cerca de 4,4%, muito longe dos 24,6% anunciados.

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Os prémios de sustentabilidade perdem credibilidade quando são atribuídos por organizações financiadas por entidades altamente poluentes, este é um dos casos.

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Há ainda uma relação bastante clara entre riqueza e poluição.

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Um relatório recente mostra que os 1% mais ricos emitem mais CO2 do que os 66% mais pobres.

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A sustentabilidade dos bilionários e das grandes empresas é uma farsa.

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O investimento verde não resulta, nem vai evitar os fenómenos climáticos extremos que estão a ser cada vez mais frequentes.

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Só uma sociedade organizada para a solidariedade e justiça pode derrubar as desigualdades de um sistema baseado na perseguição do lucro.

Ernesto Oliveira, “Público” (sem link)


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