(…)
Desastrosa foi a privatização da PT, que nos fez perder o maior
centro de inovação do país. Ou dos CTT, que degradou uma das empresas com mais
prestígio. Ou da REN, que nos retirou um recurso soberano estratégico. Ou o
contrato de concessão com a ANA, que ofereceu uma galinha dos ovos de ouro aos
franceses sem dever real de investimento e com poder de bloquear a nossa
política aeroportuária por meio século.
(…)
O dinheiro que o Estado pôs na TAP é bem menos do que o país
perderia se a deixasse falir e do que perde com a ruinosa concessão à Vinci.
(…)
Não há maior cegueira do que copiar as receitas económicas de
pequenos países colados ao centro da Europa, esperando que resultem, e deixar
falir a TAP ou adiar o novo aeroporto.
(…)
Assim como adiar a construção do TGV é ignorar as desvantagens.
(…)
O problema do novo líder [do PS] é, mais uma vez, a habitação, não
é a TAP.
(…)
Se Pedro Nuno Santos se continuar a exceder nas cautelas, sobrará
dele uma versão plastificada.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
Ora, se os recursos naturais nos faltam, porque não pensar o
problema às avessas e fazê-los? É que os recursos naturais podem efetivamente
ser “criados”.
(…)
É possível fazer floresta, paisagem, alimentos, energia, qualidade
de vida, boa água e bons solos. Ou seja, produzir valor ambiental.
(…)
Criar valor ambiental é o grande objetivo das políticas públicas
comunitárias que em 2020 se colocaram no centro do futuro da União Europeia.
(…)
É neste espírito que a Assembleia da República aprovou uma
iniciativa designada de Novo Pacto Verde.
(…)
[Trata-se de] criar futuro e gerar valor agindo ativamente na
produção integrada de qualificadores ambientais e sociais para ‘fazer face à
emergência climática e ecológica’.
(…)
A fotossíntese, o ciclo da água ou as alterações climáticas não
são politicamente polémicas.
(…)
Trata-se de ter, ou não, conhecimento e literacia científica sobre
o mundo e particularmente sobre o nosso país.
(…)
O Pacto Verde traduz-se num documento que identifica seis missões
prioritárias que apontam compromissos específicos concretizáveis através de um
“plano de investimentos ecologicamente responsáveis”.
(…)
Em suma, trata-se de missões
lógicas e fundamentais que visam instituir um novo modelo de sustentabilidade
beneficiando Portugal e os portugueses, venha quem vier governar o país.
Luísa Scmidt, “Expresso” (sem link)
Quando se analisa com atenção o conteúdo [da mensagem de Ano
Novo do PR], constata-se o esquecimento de grandes questões estruturais que
estão na origem de alguns problemas expostos.
(…)
O “esquecimento” decorre da sua conceção conservadora sobre a
relação entre o social e a economia; sobre o lugar do trabalho e o papel dos
trabalhadores; sobre o que é desenvolvimento.
(…)
Em toda a mensagem, nem uma vez se encontra referência aos
salários (palavra proscrita) de quem trabalha em Portugal.
(…)
Está claro há muitos anos que, se houver trabalho
razoavelmente remunerado e vínculos de trabalho mais estáveis, a maioria das
pessoas sai da pobreza.
(…)
Aproximadamente 10% da população empregada é pobre,
fundamentalmente porque tem salários baixíssimos. Mais de metade dos
desempregados estão na pobreza.
(…)
Uma outra grande parte dos pobres são reformados e
pensionistas, cujas pensões poderiam ser melhoradas por efeito do reforço das
receitas da Segurança Social.
(…)
Quando se fala em crescimento tem de se falar em distribuição
da riqueza, ou não há desenvolvimento.
(…)
Não é possível travar a emigração dos nossos jovens, sem
melhorar muito salários e condições de vida que lhes estão a ser oferecidas.
(…)
[Na atual campanha eleitoral] exijamos compromissos para
aumentar salários e pensões e efetivar a contratação coletiva, para evitar
despedimentos, para defender a Escola Pública, o Serviço Nacional de Saúde e o
Sistema de Segurança Social, para fazer descer os custos da habitação.
Foram tantos os humanos sonhos que não caberiam
nas páginas deste jornal. Vivemos sonhando.
(…)
[Imaginemos]
o de viver numa sociedade onde os direitos individuais e os
sociais/culturais/ambientais caminhem sem se enfrentarem, o que ainda não
aconteceu.
(…)
Tenho
plena consciência do falhanço de um modelo totalitário que acabou conspurcando
o ideal socialista. Mas atenção, todo o caminhar humano é imperfeito.
(…)
O
grande erro foi congeminar que bastaria a vontade para que as coisas se
passassem como estavam na cabeça de uns tantos dirigentes.
(…)
O
projeto dos comunistas (ou outro nome que venham a ter) afirma-se sobretudo
pela positiva e não cabe apenas num partido, nem sobretudo num partido que a si
próprio se atribui a representação quase exclusiva desse ideal.
(…)
O
ideal socialista de que os comunistas também são defensores deverá consubstanciar
mais direitos individuais e coletivos que os existentes no capitalismo, cada
vez mais afastado da social-democracia.
(…)
A vaga
neoliberal que é a expressão do capitalismo atual, onde jaz a social-democracia,
tem como objetivo restringir e, nalguns casos, liquidar direitos e liberdades.
(…)
[Ficar]
uma minoria de um por cento com a riqueza de mais de cinquenta por cento de
toda a população mundial, como acontece.
(…)
É
preciso alterar esta realidade, ganhando para um projeto político a imensa
maioria dos que vivem do seu trabalho e as empresas produtivas.
(…)
Impõe-se,
quase como dever kantiano, um outro mundo onde se possa ser mais humano, onde
cada um não é o lobo que se atira sobre o seu companheiro de espécie, onde a
meritocracia altamente duvidosa não nos põe em guerra de todos contra todos.
Domingos Lopes, “Público” (sem link)
O novo
Governo da Polónia, liderado por Donald Tusk, avançou para mudanças radicais
nas chefias dos media do Estado, que nos oito anos de poder do partido Lei e
Justiça (PiS) se tornaram megafones dos desejos do Governo e do partido liderado
por Jaroslaw Kaczynski.
(…)
O PiS
boicotou a votação de terça-feira no Parlamento sobre a resolução para devolver
a “imparcialidade e a confiança aos meios de comunicação públicos”, considerou
a decisão “ilegal”.
(…)
É,
aliás, curioso que Kaczynski diga aos jornalistas sem pestanejar que hoje, na
Polónia, “há um verdadeiro problema com a democracia”.
(..)
Tusk só chegou ao
poder a 13 de Dezembro e a Global State of
Democracy Initiative atestou na sua análise ao país entre 2017 e 2022 que todos
os índices que atestam da saúde da democracia estavam em queda.
António Rodrigues, “Público” (sem link)
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