(…)
Apesar da retórica popular, a União Nacional (RN) opôs-se ao
aumento dos salários médios e mínimo, (…), e defendeu menos regras ambientais.
(…)
Como nos anos 30, a chegada dos fascistas ao poder teria o
amparo do dinheiro. Foi o povo francês, e só ele, que a travou.
(…)
Não foi apenas a extrema-direita que foi derrotada. Foi o
“nem-nem”, que repetia as equiparações do costume.
(…)
Direitos que hoje consideramos naturais já foram radicais. E
voltaram a ser. E é por isso mesmo que a esquerda não os deve abandonar.
(…)
Se os socialistas abandonassem a aliança vitoriosa (…),
voltariam ao lugar que os aproximou da extinção.
(…)
Quem acredita que o PS deve ocupar o lugar de Macron para
aplicar o seu programa neoliberal não percebeu o que aconteceu em França e na
Europa.
(…)
Se a NFP abraçar quem a fez crescer pela sua impopularidade,
entregará a vitória a Le Pen em 2027.
(…)
Quem faz [a equiparação dos extremos] não vê apenas a
democracia política como o chão comum em que os democratas se podem entender. Considera
o liberalismo económico tão constitutivo da democracia, como o liberalismo
político.
(…)
A equiparação da “esquerda radical” (em versão já alargada a
muitos socialistas) à extrema-direita tenta desdemocratizar qualquer
alternativa ao neoliberalismo.
(…)
Ao retirar a economia da disputa no campo democrático,
esvazia-se a própria democracia, dando argumentos aos seus inimigos.
(…)
Não é só a França que desmente a ideia de que para vencer a
extrema-direita é preciso o sistema virar à direita. Keir Starmer recentrou os
trabalhistas e não conquistou um voto aos conservadores.
(…)
A deslocação dos dois grandes partidos para a direita não
corresponde, olhando para os votos, a uma exigência eleitoral.
(…)
E não impediu (…) o crescimento da extrema-direita.
(…)
Se não podem escolher o seu destino, é natural que [os
eleitores] escolham o protesto inconsequente.
(…)
A TINA neoliberal é aliada da extrema-direita porque diz ao
povo que no chão da democracia nada de essencial pode ser decidido.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
Em
tempos de soberanismos exacerbados, nacionalismos fortes e multilateralismo
como palavra feia, ainda há quem continua a acreditar no pan-africanismo como
objectivo político. A socióloga angolana Luzia Moniz é uma delas.
(…)
O desenvolvimento de África [não se faz] se não
através da integração.
(…)
Os jovens num continente jovem como África
podem chegar ao mundo inteiro pelos seus dedos.
(…)
Podem comparar a sua vida à de outros e
perceber a indignidade da sua existência.
(…)
Integração significa “os africanos unirem-se
para dar condições de dignidade às suas populações”, diz a socióloga
[Luzia Moniz].
António Rodrigues, “Público”
(sem link)
A
Organização Pan-africanista Mundial (OPAM) emitiu esta semana um comunicado, em conjunto com uma série de organizações
internacionais, a condenar a “perseguição sistemática e a discriminação racial”
de que tem vindo a ser alvo em Espanha Ablaye Diallo, activista de origem
senegalesa residente em Bilbau
(…)
Ablaye
Diallo mantém um perfil alto na defesa dos direitos dos migrantes africanos em
Bilbau, denunciando violações da polícia e ajudando na defesa das vítimas.
(…)
A
violência da polícia em Bilbau tornou-se sistemática. Por exemplo, em Abril,
mais de 50 organizações da sociedade civil saíram à rua para denunciar o
racismo institucional e a violência policial contra os vendedores ambulantes.
(…)
Os cidadãos africanos “não são respeitados em
lado nenhum do mundo”, dizia Diallo em entrevista ao Resumen Latinoamericano.
António Rodrigues, “Público”
(sem link)
A postura de Lucília Gago, desafiante e sem pingo de
autocrítica, aparecendo perante uma entrevista televisiva como alguém que nada
deve à explicação (…) é um manual de penitência e compromisso com
a maior demagogia que recria e fortalece os piores males.
(…)
A confirmação de que Lucília Gago goza de um espectro de
inimputabilidade face ao que quer que diga e (não) faça ficou reiterada.
(…)
Não entende ou não quer entender, embora possa ou deva saber
que os esclarecimentos que nos deve não são obrigação, são dever.
(…)
É a sociedade civil, porém, que reclama por justiça para quem
se procura condenar antes do tempo.
(…)
É difícil acreditar que alguém com esta responsabilidade nos
diga, sem pestanejar, que não acompanha os principais processos porque são
muito detalhados e minuciosos. E porque não quer intervir.
A sequência política vivida, nestas últimas
semanas, em França foi intensa e de certa forma traumática.
(…)
Em
democracia, não há vitórias definitivas, sobretudo face a uma extrema-direita
que continua a ganhar em influência e poder a nível nacional e internacional.
(…)
Em democracia, ganham-se batalhas mais ou menos
grandiosas, nunca se ganha a guerra.
(…)
O que pode França, e já agora Portugal,
aprender com esta sequência em curso?
(…)
Continua a ser a esquerda a força mais fiel aos
valores democráticos e o pilar mais sólido da República Francesa.
(…)
Quer a
esquerda quer os seguidores de Macron insistiram, na campanha da segunda volta,
não na denúncia do programa económico da UN, mas na sua natureza racista,
xenófoba, misógina, "lgbtfóbica" e fascista.
(…)
Voltaram aos fundamentos. (…) Na
época em que a estratégia de desdiabolização e normalização da extrema-direita
ainda não contava com a cumplicidade de idiotas úteis.
(…)
Esses desesperados que não sabem bem o que
estão a fazer e que votam assim como forma de protesto.
(…)
Vários
estudos e análises foram, entretanto, publicados e colocam definitivamente esta teoria do voto de
protesto na categoria da ilusão ou negação coletiva.
(…)
O voto na extrema-direita é na sua maioria um
voto de adesão.
(…)
O que
a extrema-direita promete a estas pessoas é que podem sentir-se abandonadas, na
base da pirâmide, mas estarão sempre acima das pessoas discriminadas,
negativamente racializadas ou estrangeiras.
(…)
A luta [contra a extrema-direita] é económica, mas também
social, humanista, antirracista, feminista e pró-LGBTI+.
Luísa
Semedo, “Público” (sem
link)
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