sexta-feira, 5 de julho de 2024

CITAÇÕES

 
Tristeza, vergonha e uma profunda revolta é que se sente perante a decisão do Tribunal de Sintra sobre o caso de Claúdia Simões, a mulher que foi agredida brutalmente por um polícia numa paragem de autocarro da Amadora.

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Todo o julgamento foi uma sucessão de horrores, humilhações, preconceitos, desumanização, achincalhamento e violências por parte da juíza sobre a vítima das agressões.

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Agora, o desfecho foi uma condenação da vítima e a ilibação do agressor, que foi apenas condenado por ter espancado outros dois cidadãos, também eles negros, testemunhas do caso

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O que aconteceu é muito mau. Primeiro, pela desproporção do uso da força por parte da polícia, responsável pela nossa segurança. 

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[Quem tem o poder do uso legítimo da força] está obrigado, em suma, a conhecer e respeitar a lei, em vez de a violar grosseiramente.

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O que aconteceu naquele dia na paragem foi exatamente o oposto.

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O caso é grave pelo racismo estrutural que revela e confirma.

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Se não fosse uma mulher negra, se não fosse numa carreira na Amadora, se não fosse uma mulher pobre, obviamente que Cláudia Simões não teria sido tratada como foi.

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Em terceiro lugar, este desfecho é grave pela evidente injustiça da Justiça.

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Sobre o trauma da criança que viu a sua mãe ser espancada, declarou a juíza: “o choro da sua filha é à mãe que se deve".

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A sentença de Catarina Pires sancionou práticas de violência por parte das forças policiais, ignorou insultos racistas, acusou a vítima de má-fé, deslegitimou o movimento anti-racista e amplificou a violência racial.

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Onde Claúdia Simões devia ter encontrado proteção, recebeu mais um conjunto de ofensas.

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Claúdia Simões anunciou que vai recorrer desta sentença, que vai “nem que seja ao fim do mundo”.

José Soeiro, “Expresso” online

 

É mais urgente do que nunca falar de vida, de construção, de esperança num mundo equilibrado em sintonia com a Natureza.

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A aprovação pela UE da Lei do Restauro da Natureza, com o contributo do voto de Portugal, parecendo extemporâneo, poderá ser precursor se assim o quisermos. 

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Corremos agora o risco de sermos vítimas da sobreposição de várias guerras. 

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[Da Lei do Restauro da Natureza] também depende o restauro de outras coisas urgentes, como é o equilíbrio entre economia e ecologia.

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Em Portugal esta lei reflete-se de imediato na arrastada disfunção do nosso sistema de áreas protegidas. 

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São três grandes domínios que esta lei aponta: solos, rios e mares — três grandes valores que sustentam a bio­diversidade. 

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Como conservar e restaurar o mar quando o olhamos apenas como o baú líquido de riquezas por extrair?

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É toda a charada que traduz estas contradições que tem de ser resolvida, e tal começa logo pelas áreas protegidas e parques naturais.

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A Lei do Restauro da Natureza teve um conjunto alargado de especialistas a requerê-la.

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São tempos assustadores e tenebrosos os que vivemos, mas se houver futuro, e tem de haver, é por aqui que ele dará sinal de nascer. O nosso papel hoje é merecê-lo.

Luísa Schmidt, “Expresso” (sem link)

 

A segmentação divisionista do mundo sindical acentua-se à medida que crescem os sindicatos-cogumelo, forças de truculência que representam facções em nome do mesmo suposto interesse. 

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A “doença infantil do sindicalismo” veio para ficar e é um sinal precoce do fim.

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Do combate político passou-se, agora, à instrumentalização. 

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A forma como a luta dos polícias se deixa instrumentalizar pela extrema-direita não é de agora e até já está bem documentada.

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O convite de André Ventura para que os manifestantes irrompessem pelo Parlamento, somando vozes ao protesto que se preparava no exterior, é mais um acto de irresponsabilidade gratuita que em tudo prejudica a luta e a razão de ser dos protestos. 

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A visão do gesto supremacista branco que Ventura usou na convocatória à acção avançada policial não é irrelevante.

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Ao Chega interessa a preservação dos instrumentos que possibilitem a manutenção da neblina de que tanto precisam para continuar a promover a mentira, a insídia e a demagogia.

Miguel Guedes, JN


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