(…)
Assim se somam a outra contagem: a da maior
geração de amputados, tantos deles crianças, diante dos nossos olhos.
(…)
O engenho sobre-humano que estes 76 anos
parecem ter dado aos palestinianos (…) quando inventam próteses
ortopédicas com pedaços de madeira, plástico e esponja, para pelo menos
coxearem.
(…)
Nove meses tão sobre-humanos como
infra-humanos. Duas, três — quantas gerações perdidas?
(…)
Gaza revela o inferno em que se tornou Israel.
(…)
Entre
o pior de Israel hoje está a violência do supremacismo judaico escancarado, do
sionismo religioso com rédea solta, a sua multiplicação por todo o território.
(…)
Esse
Israel acaba de anexar oficialmente a Cisjordânia, mais um salto dramático em
relação ao que vi lá em Dezembro/Janeiro, que já era dramático.
(…)
Aquela
Cisjordânia vital para a Solução Dois Estados de que falam os diplomatas, onde
a maior expansão de colonos em 30 anos acaba de ser anunciada, sim.
(…)
Para esse Israel, todo o palestiniano bom é o
que já não está lá, porque foi expulso ou extinto.
(…)
Vi os israelitas ignorarem os palestinianos ao
longo de 22 anos, cada vez mais tragicamente.
(…)
Sim, os monstros saíram da caixa. Mas da caixa
de Israel.
(…)
Os filhos e netos do gueto ignorarem os seres
humanos no gueto não é só um fracasso humano (…) É um erro estratégico
básico.
(…)
O que aconteceu a 7 de Outubro foi terror e
trauma inéditos, quebrando o statu quo para sempre.
(…)
[Tenho]
horror a qualquer espécie de teocracia ou totalitarismo, dos ayatollahs aos estalines,
incluindo emires, sultões e reinos violadores de todos os direitos, cortejados
por Israel, pela Europa e pelos EUA, quando lhes convém.
(…)
Quero que os palestinianos tenham alternativa,
em vez de serem amputados há 76 anos. Todas as alternativas.
(…)
Não é só Israel que está pior. O mundo está
pior pelo que não fez, ou ajudou Israel a fazer.
(…)
Temos uma União Europeia que foi a votos quase
como se os palestinianos não existissem.
(…)
E
temos o mais aterrador espectáculo de uma eleição nos EUA: a escolha entre um
Trump seguro pelos seus eleitores e um Biden inseguro até pelos seus eleitores.
(…)
Além
de todo o seu leque de males para a América e para o mundo, Trump só vai piorar
o pior de Israel.
(…)
Milhões de pessoas que se consideram
democratas, não-racistas, herdeiras dos direitos humanos [não se
alarmaram] com o facto de Biden se ter tornado uma espécie de presidente-sombra
de Israel a partir de 7 de Outubro.
(…)
Agora
que António Costa está na esfera do Mundo, adianto: é urgente que a UE olhe
para estas 100 mil pessoas [palestinianas muitas delas feridas e todas traumatizadas que se encontram
no Egipto].
(…)
[A UE] é directamente responsável por elas,
também.
Alexandra Lucas
Coelho, “Público” (sem link)
Uma breve declaração inicial de Biden, deu o
mote à Cimeira da NATO.
(…)
Biden tropeçou nas palavras, quando quis sair
do texto que lhe haviam dado.
(…)
Há meses, ou anos, que uma indústria poderosa
de “mentira organizada” (…), ao serviço de quem manda nos EUA, ocultou do povo
americano e do mundo que o presidente declinava rapidamente nas suas faculdades
mentais.
(…)
A cegueira do Ocidente, incluindo uma UE
mergulhada no hábito da servidão, reflete a ignorância atrevida dos seus líderes.
(…)
Podemos fechar os olhos, mas o colapso
ambiental e o vírus da desigualdade não se esquecem de nós.
(…)
Para quê tantas armas, se apenas o arsenal
nuclear de Moscovo seria capaz de destruir todas os países presentes na Cimeira?
(…)
Como ensina Clausewitz, um país só é realmente
derrotado quando as suas Forças Armadas são destruídas, através de uma “decisão
pelas armas”.
(…)
Quem provocasse uma guerra direta com a Rússia
encomendaria o dia do juízo final.
(…)
Sinto tristeza por os órgãos de soberania
portugueses seguirem o guião da guerra infinita na Ucrânia, enquanto encolhem
os ombros perante o genocídio, assistido por Washington, em Gaza.
(…)
O que está em causa, contudo, não é só a
Ucrânia, mas salvar a nação portuguesa de ser empurrada para o vórtice da
aniquilação.
Há setores da sociedade, incluindo entidades
patronais, para quem os desempregados devem ser colocados em estado de
necessidade, como forma de se sentirem forçados a regressar ao trabalho, nem
que seja com salários de miséria.
(…)
O Governo encarregou-se de colocar o tema dos
“desempregados malandros” na praça pública e na Concertação Social, em sintonia
com aqueles setores.
(…)
A ministra assume-se como comandante de uma
expedição ao fundo do tacho dos desempregados, para rapar de lá uns malandros
que estão agarrados às mordomias do desemprego.
(…)
A taxa de cobertura das prestações de
desemprego, em 2023, era apenas de 57,1%.
(…)
O valor médio do subsídio de desemprego para os
desempregados da componente contributiva (…) era de 649 euros mensais, em maio
de 2024.
(…)
Acresce que o subsídio de desemprego só é pago
12 meses.
(…)
Em Portugal o SMN (820 euros) é salário de
pobreza e o valor médio do subsídio de desemprego vale apenas 68% do SMN, ou
seja, é de miséria.
(…)
A ministra parece não perceber muito de
segurança e proteção sociais.
(…)
[A ministra] conhece muito bem os caminhos e as
armadilhas com que se atacam, de forma direta ou indireta, os direitos dos trabalhadores.
(…)
Esta semana, em França, confirmou-se que só
haverá democracia se houver respostas positivas para valorização de salários e
rendimentos do trabalho, melhores pensões e não discriminações.
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