(…)
O fundamental do lastro político para esta
desastrosa caminhada vinha das últimas décadas do século XX – a ideia de que
não há alternativa ao capitalismo neoliberal, tendo por objetivo desacreditar
qualquer projeto de emancipação da Humanidade.
(…)
Foi intencionalmente ignorada a análise sobre
os poderes que estavam a ser gerados.
(…)
No Ocidente e muito em particular na Europa,
impera agora a ideia de que o futuro só pode ser pior, muito pior do que o
presente.
(…)
Devemos aceitar a guerra que nos vai sendo
apresentada como a salvação da nossa civilização.
(…)
Perante o perigo de guerra nuclear, é patética
a ideia de que os seres humanos se podem proteger agindo individualmente.
(…)
Estamos obrigados a debater os efeitos da opção
assumida pelos EUA e, por consequência, a discutir a estratégia, a organização
e caraterísticas das forças armadas e até a sua articulação no quadro europeu.
(…)
Só a mobilização dos povos pode evitar o
espoletar de guerras e a sua continuidade. Afirmemos valores humanistas e de
progresso para travar o sofrimento, o retrocesso e a perda de vidas humanas.
O
tema, central em democracia, da liberdade de expressão é, ao mesmo tempo,
simples e complexo, dependendo do modo como nos aproximamos dele.
(…)
Quando há ou se sente a censura, e se perde
assim a liberdade, cada um, nós, sabe que é assim.
(…)
Os únicos [mecanismos] que para aqui interessam
são os que se traduzem na percepção de que há menos liberdade.
(…)
Este
texto, de 1791, [Primeira Emenda
da Constituição americana] é um dos mais revolucionários da
história humana, quer pelo tempo em que foi escrito quer pelo modo como nas
emendas posteriores, do período da chamada “reconstrução” posterior à guerra
civil americana, foi reafirmado e consolidado.
(…)
Nem sempre foi devidamente aplicado, em
particular no período do macarthismo, como agora na era Trump,
talvez o período da história americana em que a liberdade de expressão mais
está ameaçada.
(…)
Pergunto-me, sempre que há uma polémica sobre
liberdade de expressão em Portugal, se nos EUA isso daria uma condenação.
(…)
Calúnia,
difamação, falsidades podem ser consideradas crimes, mas essa condenação terá
sempre de ser feita por um tribunal, porque a única limitação à liberdade de
expressão é o crime, mas isso não implica censura prévia.
(…)
O que
é mais grave do ponto de vista político [no cartaz do Chega] é a referência aos
“50 Anos”, ou seja, a associação entre a corrupção e a democracia.
(…)
Se tirarmos a manta da censura ao regime da
ditadura, aparece corrupção por todos os lados.
(…)
Os 50 anos
ajudam a perceber a parte da corrupção — para o Chega, o regime democrático é
intrinsecamente corrupto.
Pacheco Pereira, “Público” (sem link)
Direitos humanos, liberdade de expressão ou
democracia são conceitos em regressão.
(…)
“Recessão democrática” é uma expressão em vias
de se transformar em algo tão normal como “recessão económica”.
(…)
A
erosão do Estado de direito, princípio basilar de qualquer regime democrático,
que tem na separação de poderes um valor indiscutível, é uma evidência [em
vários países europeus].
(…)
Há uma
crescente tendência para o controlo político do poder judicial, como tem sido
prática da primeira-ministra italiana, a aprendiz europeia de Donald Trump.
(…)
Sobre
a Itália de Giorgia Meloni, o relatório da Liberties desfiava o habitual rol de
ataques a um regime democrático, aos quais os autocratas e candidatos a autocratas
não conseguem resistir.
(…)
A
saber: criminalizar a dissidência, interferir nos meios de informação públicos,
para
exercer censura e manipulação, perseguir jornalistas e exterminar qualquer
crítica.
(…)
Alguns destes países (…) talvez não
reunissem hoje as condições necessárias para serem admitidos como países da
União Europeia.
(…)
Pluralismo é uma palavra que não pode ser
soletrada na Turquia.
(…)
O autoritarismo faz parte deste nosso tempo, no
qual qualquer candidato a tirano não esconde a sua paixão pela tirania.
(…)
Ninguém ficará muito surpreendido se Erdogan alterar a
Constituição para se eternizar como o novo “pai dos turcos”.
(…)
Erdogan
está a esticar a corda e a aproveitar esta conjuntura de desvalorização do
Estado de direito e da liberdade de pensamento.
(…)
O mundo não hesitava em condenar estas
diatribes contra a democracia quando aconteciam na China ou no Irão.
(…)
Impunidade é uma palavra comum a Erdogan, Putin
ou Netanyahu.
(…)
Vladimir Putin já explicou como se faz.
(…)
A tomada da Rússia por Putin foi um “processo
de esmagamento da democracia nascente”.
(…)
Susan B. Glasser olha para esta segunda
presidência de Trump e detecta “tácticas semelhantes às de Putin”.
(…)
Deportações à revelia do sistema judicial, sem
culpa formada, a condenação de qualquer discurso sobre igualdade.
(…)
Qualquer discurso sobre o respeito pelos
direitos humanos do povo palestiniano, a perseguição às universidades.
(…)
Ameaças a juízes que decidiram contra a opinião
governamental.
(…)
A Administração Trump já fez a lista de
palavras proibidas. Só falta começar a queimar livros.
(…)
O maior sonho de Trump deve ser transformar a
Casa Branca numa réplica do Kremlin. E a democracia numa arqueologia.
Amílcar Correia, “Público”
(sem link)
O
embuste da ZFM [Zona Franca da Madeira] não se explica por uma ingenuidade
enternecedora dos responsáveis políticos da região, mas por uma promiscuidade
de interesses apoteótica.
Susana Peralta, “Público” (sem link)
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