(…)
Com Montenegro, basta-me saber que recebia uma avença de
casinos enquanto era primeiro-ministro e tropeçar nas sucessivas
meias-verdades, omissões e coincidências entre os seus negócios privados,
relações partidárias e funções técnicas para confirmar, a cada notícia que sai,
que elegemos um videirinho.
(…)
As condições de governabilidade até eram excessivas para uma
coligação com 29% que não mostrou interesse em construir entendimentos
parlamentares com quem quer que fosse.
(…)
Apesar de ser óbvio que o que corre bem já corria bem e o que
corre mal piorou mais um pouco.
(…)
Montenegro apresentou uma moção de confiança que sabia
chumbada, recorrendo ao sufrágio popular para atestar a sua própria honestidade.
(…)
É impossível que esta campanha não seja sobre a razão pela
qual vamos a votos: as condições éticas para Montenegro ocupar o cargo que
ocupa.
(…)
Ainda só começámos a puxar o fio à meada e já se percebeu que
Montenegro será um poço de casos nos próximos anos.
(…)
Não há vitória eleitoral que apague a sua biografia.
(…)
E não foi por falta de sinais, com uma carreira feita de
ajustes diretos com autarquias do PSD.
(…)
As eleições não sufragam o cumprimento da lei. Só tribunais o
podem fazer.
(…)
Foi escolha de quem achou, muito provavelmente com razão, que
o mau momento reputacional seria compensado pelo bom momento económico e
orçamental.
(…)
Imagino que restarão dois temas nesta campanha: os casos de
Montenegro e a governabilidade. E parece haver a tentação de separar os dois.
Só que eles estão ligados.
(…)
As histórias continuarão lá todas.
(…)
Montenegro será um primeiro-ministro vulnerável. Uma
vulnerabilidade ditada por muitas suspeitas e algumas certezas.
(…)
A extrema-direita cresce com a degenerescência da democracia.
Ela não representa a indignação.
(…)
A reeleição e reforço de um primeiro-ministro com este perfil
ético pode corresponder ao derradeiro episódio de uma era.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
Num
país [India] onde a violência entre comunidades aumentou no ano passado 84% em relação a 2023, de acordo com um estudo do Centro
para o Estudo da Sociedade e do Secularismo (…) Sadhan [uma aldeia a poucos quilómetros do Taj Mahal]
resiste com amor.
(…)
“As pessoas pensam no Taj Mahal como o símbolo
máximo do amor”, conta à mesma agência o antigo lutador Kedar Singh, orgulhoso
habitante da aldeia.
(…)
Jameel
Jadon, antigo líder da aldeia, critica as políticas radicais fomentadas por
Nova Deli desde que a extrema-direita
hindu chegou ao poder há uma
década.
António Rodrigues, “Público” (sem link)
Booker,
senador democrata de Nova Jérsia (um dos 14 afro-americanos eleitos para o
Senado na história dos EUA), falou no plenário do Senado durante 25 horas e quatro minutos.
(…)
O
discurso de Booker contra um Presidente empenhado em fazer o país recuar em
muitas das conquistas sociais dos últimos 70 anos transformou-se, dizia a NBC News, num “momento catártico para para uma vasta faixa
de eleitores desmoralizados em todo o país”, ansiosos por uma verdadeira
oposição do Partido Democrata ao que Trump e o Partido Republicano estão a fazer.
(…)
O seu
interesse não era ser uma pedra na engrenagem, mas chamar a atenção para os
perigos da engrenagem posta em marcha por esta Casa Branca.
António Rodrigues, “Público” (sem link)
O
Eternauta [filme] é, na
realidade, uma obra realista sobre as ditaduras que se abatem sem dó nem
piedade sobre as sociedades e sobre aqueles que resistem a se submeter a esses
poderes obscuros arriscando a sua própria vida.
(…)
A
Oesterheld interessava contar a história, não de um solitário sobrevivente como
o criado por Daniel Defoe, mas de um grupo.
(…)
Ao invés do herói solitário tantas vezes
encenado pelo cinema norte-americano (…) emergiu o que vemos em O Eternauta, a luta do herói colectivo.
(…)
Como
tão bem diz a sinopse da série, “a única maneira de continuar vivo é resistir e
lutar juntos”, pois “ninguém se salva sozinho”.
António Rodrigues, “Público” (sem link)
Nos
cantos menos lidos da Bíblia podem estar ensinamentos que nos ajudam a navegar
estes tempos de violência e desespero. E a partir dessa sombra [o padre franciscano Richard Rohr]
tenta alumiar-nos o caminho.
(…)
Com
esta obra, o autor de O Cristo
Universal procura, com auxílio dos profetas, ajudar-nos a viver com
a raiva que sentimos por todas as injustiças que vemos à nossa volta.
António
Rodrigues, “Público” (sem link)
O reforço de segurança à volta da juíza que acusou Marine Le
Pen deveria inspirar-nos, a todos, ao cerco sanitário necessário à poluição
produzida pelos autodenominados impolutos.
(…)
Limpar Portugal é um belíssimo “slogan” para quem tem feito
vida subvertendo a lei dos mais fracos, porventura porque pretende colocar o
país verdadeiramente limpo, ou seja, como resultado de um saque.
(…)
[Em França],dois dias depois da condenação da líder da União
Nacional por desvio de fundos do Parlamento Europeu, são mais do que muitos os
ataques a juízes pela extrema-direita, nomeadamente a Bénédicte de Perthuis,
juíza especialista em crimes financeiros, agora com protecção policial diária.
(…)
É o primeiro momento em que a França se confronta com uma
camisa de forças onde a democracia luta com a demagogia e a violência que lhe
está associada.
(…)
Uma vez mais, é a França a iluminar caminho.
(…)
As fontes de
financiamento da extrema-direita europeia estão bem estudadas e documentadas,
nomeadamente a portuguesa.
(…)
Sair à rua
é, ainda hoje, uma demonstração de determinação e poder. Amanhã será um sábado
quente no mundo.
(…)
Talvez seja
na rua, no combate ao medo, mais do que nos “outdoors”, que se venha a limpar a
política.
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