quinta-feira, 21 de julho de 2011

HAJA FUTURO PARA A REABILITAÇÃO URBANA

Ontem não passava de uma utopia - hoje o programa de reabilitação urbana para promover a recuperação de imóveis degradados tem possibilidades de concretização.
A crer nas palavras da (de saída) secretária de Estado do Ordenamento do Território será no futuro uma bonita realidade (haja o empenho necessário, quer das instituições públicas, quer dos privados) não só nos grandes centros urbanos como Lisboa e Porto, mas também em todas as cidades do país em que esse aspeto seja mais relevante.
Vejamos o exemplo de Faro, cidade a que me sinto ligada desde o meu tempo de estudante e onde vou com alguma regularidade.
Tenho constatado o número de edifícios antigos de bonita traça em elevado estado de degradação - casas senhoriais que guardam histórias de vidas, lugares de permanência e afetos compartilhados por sucessivas gerações que nasciam e morriam entre os seus familiares.
Os centros urbanos são hoje blocos de cimento compartimentados em reduzidos espaços por onde passam famílias, vidas, sentimentos fragmentados num quotidiano de breves encontros...
Esperemos que este programa, que conta com uma verba disponível de 1.700 milhões de euros, chegue até ao Algarve e que as autarquias se empenhem em fazer das zonas antigas degradadas, espaços alegres de vivência e encontros, com espaços verdes, jardins onde as crianças possam brincar e os idosos sentarem-se nos bancos em amena cavaqueira, e não mais lugares desertos, de insegurança, por onde as pessoas têm medo de andar....
Portimão, dada a sua privilegiada situação junto ao mar, com boas ofertas turísticas de sol e praia e festas de Verão badaladas nas revistas cor-de-rosa, poderá ser também uma cidade atrativa.
Para isso, basta que, à semelhança de outros centros urbanos, faça de toda a zona antiga da Casa Inglesa, jardim e área circundante, um espaço reabilitado, com animação de rua, lojas de artesanato, galerias de arte, etc, tudo o que cria, à semelhança de outras cidades europeias, o prazer de ficar.
É urgente a mudança do paradigma turístico resumido ao triângulo sol/mar/praia e apostar num roteiro que inclua o património arquitetónico tão desprezado em Portimão e para isso há que evitar alguns erros do passado, a saber:
- Mercado de verduras demolido para dar lugar a um estacionamento subterrâneo.
- Convento de S. Francisco (século XVI) em ruínas - que destino?
- Antiga central elétrica (finais do século XIX) em mau estado e com uso irregular.
- Casco histórico da cidade (medieval e pós terramoto) a esvaziar-se, sem recuperação, muito adulterado por construção recente.
- Fontes de água (início do século XX) todas desaparecidas.
-Pelourinho (século XVII) destruído?
- Ponte de Portimão (século XIX) recentemente remodelada, com destruição de todos os elementos originais do tabuleiro...
- Janela manuelina (século XVI) na Quinta do Morais, em semi-ruína e “entalada” entre prédios.
Há anos já foi slogan na campanha autárquica do atual executivo PS a frase «Portimão tem rumo».
Pois está na altura de o provar!

Luísa Penisga Gonzalez
Professora de História e membro da Assembleia Municipal de Portimão, eleita pelo BE

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