(…)
Moreira parece obcecado com a primeira hipótese, mas ainda
vai a tempo da segunda.
(…)
Seria preciso, para começar, o mais importante recurso que
tem faltado: vontade.
José Soeiro, “Expresso” online
Não há carta nenhuma sobre habitação, o que há é o textinho
que é enviado todos os anos com sugestões sobre as prioridades para a UE, é a
rotina.
(…)
Usando os salamaleques que ficam bem nas coisas bruxelenses,
o governo alerta “a Comissão Europeia [que] deve estar atenta ao problema da
escassez e aos altos custos da habitação” (leu bem, “deve estar atenta”).
(…)
As formulações são maravilhosas, contentarão os crédulos que
suspiram por este vapor de europeismo e notam o alto sentido de
responsabilidade que mobiliza a Comissão nesta aflição.
(…)
A novidade não é, portanto, a carta. O que é notória é a publicidade
que o governo lhe deu, como se fosse uma coisa a sério, como se fosse o dia da
mudança, o “turning point”.
(…)
O facto é que o gabinete do primeiro-ministro fez da carta um
acontecimento maior.
(…)
O efeito foi tremendo, como seria de esperar, os jornais
encheram-se de títulos e o país suspendeu a respiração à espera da resposta da
Comissão encurralada no seu recanto.
(…)
Poder-se-ia dizer, mas seria malícia, que se em 2015 e 2019 e
2022 foi prometido pelo partido que agora tem maioria absoluta que nos cinquenta
anos do 24 de Abril, ou seja, dentro de meses, teríamos o problema resolvido
para todas as famílias que necessitassem de casa.
(…)
Nada disso aconteceu e o facto é que a carta é trivial
(…)
Se os estrategos agora se lembram de bater o pé à Comissão é por
pouco mais terem a oferecer.
(…)
Percebendo que a habitação vai ser o tema da política, o
governo saiu-se com esta, uma carta a Bruxelas.
(…)
Uma carta que afinal é um impresso anual que foi preenchido a
bem da burocracia, uma exigência que é uma farsa, uma expetativa de solução
vinda de nenhures.
Francisco Louçã, “Expresso” online
(sem link)
[Cada aparição de Cavaco é] normalmente para repetir o que já
foi dito tantas outras vezes, mas a vontade de o fazer parece ser irreprimível.
(…)
Nunca vi ninguém com tamanha capacidade para unir a esquerda.
(…)
De
tempos a tempos, a esquerda une-se e, unida, confronta a direita e os seus
argumentos. O que discutem? Aníbal Cavaco Silva.
(…)
[O mais
recente livro de Cavaco] até poderia ser sobre doçaria conventual; seria sempre
uma razão para reacender o eterno debate à volta de Cavaco Silva.
(…)
[Na disputa com Costa], Cavaco Silva tenta apresentar provas
aos portugueses de que a sua governação foi melhor.
(…)
Nunca
se viu um político, no ativo ou fora dele, defender a sua obra ou o seu legado
a este ponto. Cavaco Silva é um caso sério de autoelogio.
(…)
Para
Cavaco Silva, o assunto do dia serão sempre as suas virtudes enquanto político
e o mérito de cada decisão que tomou por mais anos que tenham passado
entretanto.
(…)
Não é a falta de mundo, ou de cosmopolitismo, o grande
defeito de Cavaco. É a sua arrogância.
(…)
A sua dificuldade, talvez impossibilidade, de admitir erros.
(…)
[A propósito da “geringonça] devemos recordar, e recordar
Cavaco Silva, de que teve um papel fundamental na união da esquerda.
(…)
Cavaco Silva transmitiu ao país que os dois partidos [Bloco e
PCP] não tinham dignidade democrática para integrar uma solução governativa.
(…)
Mas
Cavaco esqueceu-se do seu grande talento; com as suas palavras apenas uniu mais
a esquerda e facilitou o seu entendimento [em 2015].
(…)
É Cavaco Silva a única pessoa que consegue estabelecer a paz
e a concórdia entre socialistas, bloquistas e comunistas.
Carmo Afonso, “Público” (sem link)
Tenho ideia de ter havido um tempo em que os Presidentes da
República marcavam reuniões do Conselho de Estado porque queriam ser realmente
aconselhados.
(…)
Não passaria pela cabeça a um Presidente da República convoca
o Conselho de Estado para dar recados ao primeiro-ministro.
(…)
E muito menos [o Conselho de Estado] serve para o Presidente
falar ao país sobre o governo de forma a não poder ser indesmentivelmente
citado.
(…)
Até porque, nesse tempo que talvez esteja a idealizar, não se
sabia o que era dito no Conselho de Estado.
(…)
Poucos minutos depois do Conselho de Estado ter terminado,
algum (ou alguns) conselheiro passou para a comunicação social, com pormenor, o
que lá se passou.
(…)
Senadores, comentadores e dirigentes políticos lamentam este
tempo de desinstitucionalização da política, cheio de perigos para a democracia
a que chamam liberal.
(…)
[Essa desinstitucionalização da política] vem de quem não
está à altura do cargo que ocupa.
(…)
O problema [de Marcelo] é a incapacidade de mudar de registo [da
informalidade] quando o registo tem mesmo de ser diferente.
(…)
Depois destas indiscrições, o Conselho de Estado, que
serviria de pouco, passou a ter uma única função: desprestigiar as
instituições, mostrando que lá se senta quem não se poderia sentar, porque é
incapaz de guardar o recato mínimo exigido.
Daniel Oliveira, “Expresso” online
(sem link)
A Ucrânia é, geralmente, vista como um país em que as elites
apresentam um elevado nível de corrupção.
(…)
[Esta semana foi substituído o ministro da defesa] por este
não conseguir conter a onda de corrupção, roubo e fraude que assola o seu
ministério.
(…)
Os médicos têm vindo a declarar inaptos muitos jovens a troco
de dinheiro.
(…)
Outro escândalo relatado no jornal americano prende-se com os
preços de compra da comida para os militares que terá sido adquirida a preços
altamente inflacionados.
(…)
Mesmo em tempo de guerra muitos governantes e responsáveis
ministeriais preferem o seu interesse pessoal ao interesse coletivo.
(…)
A Ucrânia vê-se [assim] a braços com uma outra frente que vai
minando a confiança dos cidadãos na liderança governamental.
(…)
[A corrupção chega ao] ponto de por em risco operações
militares de envergadura.
(…)
[A carreira política do novo ministro da Defesa, Rustem Umerov]
apoiada na fortuna pessoal, está longe de convencer que será um oligarca como
ele a combater eficazmente a corrupção.
Jorge Fonseca Almeida, Jornal i
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