quarta-feira, 6 de setembro de 2023

CITAÇÕES À QUARTA (67)

 
[Rui Moreira] tem duas hipóteses: ficar na história como o presidente que destruiu um dos viveiros culturais mais dinâmicos e impressionantes do país, ou construir uma solução para preservar o STOP. 

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Moreira parece obcecado com a primeira hipótese, mas ainda vai a tempo da segunda.

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Seria preciso, para começar, o mais importante recurso que tem faltado: vontade.

José Soeiro, “Expresso” online

 

Não há carta nenhuma sobre habitação, o que há é o textinho que é enviado todos os anos com sugestões sobre as prioridades para a UE, é a rotina.

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Usando os salamaleques que ficam bem nas coisas bruxelenses, o governo alerta “a Comissão Europeia [que] deve estar atenta ao problema da escassez e aos altos custos da habitação” (leu bem, “deve estar atenta”).

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As formulações são maravilhosas, contentarão os crédulos que suspiram por este vapor de europeismo e notam o alto sentido de responsabilidade que mobiliza a Comissão nesta aflição.

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A novidade não é, portanto, a carta. O que é notória é a publicidade que o governo lhe deu, como se fosse uma coisa a sério, como se fosse o dia da mudança, o “turning point”.

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O facto é que o gabinete do primeiro-ministro fez da carta um acontecimento maior.

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O efeito foi tremendo, como seria de esperar, os jornais encheram-se de títulos e o país suspendeu a respiração à espera da resposta da Comissão encurralada no seu recanto.

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Poder-se-ia dizer, mas seria malícia, que se em 2015 e 2019 e 2022 foi prometido pelo partido que agora tem maioria absoluta que nos cinquenta anos do 24 de Abril, ou seja, dentro de meses, teríamos o problema resolvido para todas as famílias que necessitassem de casa.

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Nada disso aconteceu e o facto é que a carta é trivial

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Se os estrategos agora se lembram de bater o pé à Comissão é por pouco mais terem a oferecer.

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Percebendo que a habitação vai ser o tema da política, o governo saiu-se com esta, uma carta a Bruxelas.

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Uma carta que afinal é um impresso anual que foi preenchido a bem da burocracia, uma exigência que é uma farsa, uma expetativa de solução vinda de nenhures.

Francisco Louçã, “Expresso” online (sem link)

 

[Cada aparição de Cavaco é] normalmente para repetir o que já foi dito tantas outras vezes, mas a vontade de o fazer parece ser irreprimível.

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Nunca vi ninguém com tamanha capacidade para unir a esquerda.

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De tempos a tempos, a esquerda une-se e, unida, confronta a direita e os seus argumentos. O que discutem? Aníbal Cavaco Silva.

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[O mais recente livro de Cavaco] até poderia ser sobre doçaria conventual; seria sempre uma razão para reacender o eterno debate à volta de Cavaco Silva.

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[Na disputa com Costa], Cavaco Silva tenta apresentar provas aos portugueses de que a sua governação foi melhor.

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Nunca se viu um político, no ativo ou fora dele, defender a sua obra ou o seu legado a este ponto. Cavaco Silva é um caso sério de autoelogio.

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Para Cavaco Silva, o assunto do dia serão sempre as suas virtudes enquanto político e o mérito de cada decisão que tomou por mais anos que tenham passado entretanto.

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Não é a falta de mundo, ou de cosmopolitismo, o grande defeito de Cavaco. É a sua arrogância.

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A sua dificuldade, talvez impossibilidade, de admitir erros.

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[A propósito da “geringonça] devemos recordar, e recordar Cavaco Silva, de que teve um papel fundamental na união da esquerda. 

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Cavaco Silva transmitiu ao país que os dois partidos [Bloco e PCP] não tinham dignidade democrática para integrar uma solução governativa.

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Mas Cavaco esqueceu-se do seu grande talento; com as suas palavras apenas uniu mais a esquerda e facilitou o seu entendimento [em 2015].

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É Cavaco Silva a única pessoa que consegue estabelecer a paz e a concórdia entre socialistas, bloquistas e comunistas.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)

 

Tenho ideia de ter havido um tempo em que os Presidentes da República marcavam reuniões do Conselho de Estado porque queriam ser realmente aconselhados.

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Não passaria pela cabeça a um Presidente da República convoca o Conselho de Estado para dar recados ao primeiro-ministro.

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E muito menos [o Conselho de Estado] serve para o Presidente falar ao país sobre o governo de forma a não poder ser indesmentivelmente citado.

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Até porque, nesse tempo que talvez esteja a idealizar, não se sabia o que era dito no Conselho de Estado. 

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Poucos minutos depois do Conselho de Estado ter terminado, algum (ou alguns) conselheiro passou para a comunicação social, com pormenor, o que lá se passou.

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Senadores, comentadores e dirigentes políticos lamentam este tempo de desinstitucionalização da política, cheio de perigos para a democracia a que chamam liberal.

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[Essa desinstitucionalização da política] vem de quem não está à altura do cargo que ocupa.

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O problema [de Marcelo] é a incapacidade de mudar de registo [da informalidade] quando o registo tem mesmo de ser diferente.

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Depois destas indiscrições, o Conselho de Estado, que serviria de pouco, passou a ter uma única função: desprestigiar as instituições, mostrando que lá se senta quem não se poderia sentar, porque é incapaz de guardar o recato mínimo exigido.

Daniel Oliveira, “Expresso” online (sem link)

 

A Ucrânia é, geralmente, vista como um país em que as elites apresentam um elevado nível de corrupção. 

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[Esta semana foi substituído o ministro da defesa] por este não conseguir conter a onda de corrupção, roubo e fraude que assola o seu ministério.

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Os médicos têm vindo a declarar inaptos muitos jovens a troco de dinheiro. 

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Outro escândalo relatado no jornal americano prende-se com os preços de compra da comida para os militares que terá sido adquirida a preços altamente inflacionados.

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Mesmo em tempo de guerra muitos governantes e responsáveis ministeriais preferem o seu interesse pessoal ao interesse coletivo.

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A Ucrânia vê-se [assim] a braços com uma outra frente que vai minando a confiança dos cidadãos na liderança governamental.

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[A corrupção chega ao] ponto de por em risco operações militares de envergadura.

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[A carreira política do novo ministro da Defesa, Rustem Umerov] apoiada na fortuna pessoal, está longe de convencer que será um oligarca como ele a combater eficazmente a corrupção.

Jorge Fonseca Almeida, Jornal i


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