(…)
[oO
apoio político, militar e financeiro] à Ucrânia é devido porque ela foi ocupada
por uma força imperial, não por ser uma democracia.
(…)
Até
porque o preço a pagar por não travar Putin é inimaginável. Fosse qual fosse o
regime ucraniano.
(…)
Esta
guerra tem mostrado como a superioridade tecnológica não consegue compensar a
desvantagem dos números.
(…)
[A
Ucrânia] está a lutar por um impasse que lhe dê condições negociais mais
favoráveis.
(…)
[O
ministro da Defesa] Oleksii Reznikov foi despedido por causa de contratos
militares cujas armas ou abastecimento alimentar se desconhece o
paradeiro.
(…)
[Está
em causa] a esmagadora corrupção estatal, que nenhuma lei conseguiu combater
graças à sistemática interferência do poder político, sempre ao serviço de
oligarcas.
(…)
Nada
que não esteja escarrapachado nos relatórios da UE de 2021.
(…)
Os
oligarcas ucranianos não são assim tão diferentes dos russos.
(…)
[A
candidatura de Zelensky à Presidência] contou com um fortíssimo apoio
financeiro e mediático de um dos mais poderosos oligarcas do país.
(…)
É
verdade que a criatura acabaria por se virar contra o criador — Kolomoisky até
foi detido recentemente.
(…)
[Zelensky]
entrou como peão populista de um oligarca.
(…)
O seu
ministro da Defesa não é um acidente, é a Ucrânia que subsiste e que
provavelmente até se reforçou em circunstâncias que não favorecem a
transparência.
(…)
As
guerras são ótimas para fazer fortunas, não para construir democracias.
(…)
Uma
sondagem de abril deste ano indica que, depois da guerra, não é a economia
parada ou o regresso de familiares que mais preocupa os ucranianos, mas a
persistência da corrupção.
(…)
O
facto de a Ucrânia ter sido ocupada transforma-a em vítima merecedora de apoio,
não a transforma numa democracia europeia pronta a entrar na UE.
(…)
E o
facto de, com o apoio que recebeu, ter impedido uma vitória russa, impondo um
impasse a Putin, não torna provável uma vitória inequívoca sobre a Rússia.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
48%
dos portugueses com menos de 25 anos que residem no país estão, inclinados ou
muito inclinados, a emigrar.
(…)
É
evidente que emigrar pode ser uma forma de aprofundar saberes e competências
profissionais e culturais.
(…)
Não é,
todavia, aceitável que haja jovens obrigados a fazê-lo, porque o país que
investiu na sua formação académica (…) não cuida de criar condições para que
possam ter uma vida decente.
(…)
Os
jovens portugueses emigrados acabam por se fixar e por educar os filhos nos
países que melhor sabem tirar partido da sua formação e da qualidade do seu
trabalho.
(…)
Portugal,
que e já hoje um dos países mais envelhecidos do mundo, necessita, mesmo que
não houvesse emigração, de imigrantes como de pão para a boca.
(…)
Serão
cada vez menos as famílias em Portugal que, como a minha própria, não contem já
com vários casos de jovens obrigados a emigrar nas condições referidas.
(…)
O
capital humano de Portugal, por ser cada vez mais escasso, é mais do que nunca
fundamental para manter ou criar riqueza com os recursos disponíveis.
(…)
Frequentemente
assistimos a exemplos gritantes de menosprezo (…) e hostilização por parte de
responsáveis e governantes de setores profissionais fundamentais e
estruturantes da sociedade portuguesa, como o dos professores, investigadores,
enfermeiros, médicos, membros das forças de segurança, magistrados, entre
tantos outros.
(…)
Sem
recursos humanos sabiamente mobilizados e valorizados, nem o mais rico dos
países em recursos naturais consegue assegurar aos seus cidadãos níveis de
bem-estar minimamente aceitáveis.
Ana Maria Ramalheira, “Diário de Coimbra” (sem link)
Perante um sufoco, o fazer é agora, pois já devia ter sido
ontem. As respostas têm de ser imediatas.
(…)
Mas, será que [o Primeiro-Ministro] dá a devida atenção ao
pensamento e orientação estratégicos, tendo em conta o tempo em que estamos no
plano internacional, europeu e nacional?
(…)
Ou estará tolhido por excesso de taticismo e pelo não
afrontamento de atores do centrão de interesses, nas áreas políticas sensíveis?
(…)
A UE está economicamente estagnada.
(…)
Está a ser cumprido o objetivo do BCE de arrefecer a
economia, e esta instituição não abdicou do aumento do desemprego como
instrumento do “combate à inflação”, nem de atacar o Estado social.
(…)
[O prestígio de Costa emana] de ir entusiasticamente no
barco, ou de remar contra a maré em defesa dos interesses do país?
(…)
Milhões de portugueses vivem reais situações de sufoco.
(…)
O baixíssimo nível de garantia de rendimentos coloca uma
pessoa que viva só do RSI com um rendimento correspondente a 1/3 do que é
necessário para sair da pobreza e pouco mais de 1/4 do salário mínimo
nacional.
(…)
[Acima de tudo, é preciso aumentar os salários] de longe a
garantia mais segura para a formação do rendimento e para melhorar a
distribuição da riqueza produzida.
(…)
Não sairemos dos sufocos com promessas num futuro indefinido,
nem com apoios pontuais (…) em substituição da garantia de direitos universais.
Mergulhamos
numa mistura de sentimentos mesquinhos, em particular nas redes sociais,
cobardes e anónimas, debaixo de uma espécie de auto-romantismo utópico barato
(…)
A
indústria do espectáculo, que é hoje grande parte da comunicação social,
alimenta um romantismo aspiracional sem pés para andar, gerador de implosão
afectiva, até porque a vida poucas vezes é a que se deseja
(…)
A
ignorância conta muito, até porque a tornaram agressiva contra o saber, num
igualitarismo demagógico que faz estragos em toda a sociedade e alimenta o
populismo.
Pacheco Pereira, “Público” (sem link)
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