sábado, 18 de novembro de 2023

MAIS CITAÇÕES (258)

 
Estes são os dias mais cruéis do nosso tempo.

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Culminando 75 anos, Israel massacra os hospitais da Palestina, arrasa o Norte de Gaza e torna o Sul inabitável.

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Tudo com a colaboração dos EUA, mais um bloqueio sem precedentes à imprensa livre.

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Mais mortos civis do que em toda a guerra da Ucrânia. Mais crianças mortas do que em todos os conflitos desde 2019. Muito mais ruínas do que alguma vez foi possível numa faixa de 2,3 milhões de pessoas.

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[Hospitais] onde Israel continua a não provar que o Hamas tem um quartel-general, além de umas armas e uns restos, que podem lá ter sido plantados.

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Que outra “democracia” pode destruir um hospital, matar bebés, crianças e adultos, torturar incontáveis mais, deixando agora 7000 pessoas à fome, ao frio, à vista de toda a gente, sem apresentar provas, e não ter o mundo a impedir?

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Que outra democracia, senão os EUA, pode ajudar a armar esta limpeza étnica, a razia de todas as estruturas do Norte, empurrando os vivos para um sul onde não poderão ficar?

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Nunca o racismo de Israel e aliados ficou tão exposto. Nunca as vidas palestinianas importaram tão pouco para os poderes.

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Anteontem, em Washington, a polícia de choque atirou manifestantes judeus e aliados pelas escadas, arrastou-os pelos cabelos, gás de pimenta na cara, sem aviso de dispersão, porque exigiam um cessar-fogo.

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 Israel manda calar os regimes árabes, e eles obedecem, com poucas excepções. 

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Como a União Europeia continua a ser incapaz [de exigir um cessar-fogo], apesar da brava Irlanda, a que se juntam sinais de Espanha, da Bélgica.

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Israel empurrou um milhão para Sul mas também bombardeia o Sul.

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Anda a diplomacia mundial há 42 dias encravada nas diferenças entre estas palavras [pausa, cessar-fogo, trégua], e Cravinho não consegue escolher uma com clareza no momento destas mortes.

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[Marcelo] destratou o representante da Autoridade Palestiniana como não se imagina que fizesse com um diplomata ocidental, de Israel, ou qualquer Estado poderoso. Uma displicência primária.

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Quantas crianças desfeitas são precisas? Quando é que o Presidente falará da ocupação de décadas? Da lei internacional?

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[Lula disse que] se o Hamas foi terrorista, a resposta de Israel o é igualmente.

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Esse direito [de autodefesa] só se aplica ao ataque de outro Estado.

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Alexandra Lucas Coelho, “Público” (sem link)

 

Os grandes investidores costumam procurar escritórios de advogados para fazerem tudo menos advocacia. 

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Fora ou dentro desses escritórios, selecionam quem funcione como interlocutor para lidar com o poder político.

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Num sistema em que as redes informais de poder garantem a desigualdade de acesso ao Estado, os interlocutores são, geralmente, pessoas com proximidade política ao poder. 

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Por isso, grandes escritórios contratam advogados com peso político e até mediático que dominem esta rede.

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Foi o processo criminal, não a avaliação política, que fez o Governo cair.

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O recurso sistemático a atalhos, mesmo que sejam legais, é sintoma de bloqueios burocráticos, que os poderes fácticos até apreciam, porque, ao contrário de outros, têm formas mais expeditas de lá chegar.

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Da mesma forma que empresários e políticos saltam barreiras institucionais para ver um negócio andar para a frente, procuradores buscam a condenação mediática para aplicarem uma perversa forma de justiça.

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O poder judiciário assume o abuso como cultura, enfiando cidadãos numa cela durante seis dias, sem que nada justifique essa opção, para os humilhar e criar uma perceção de culpa.

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E quem constrói estes megaprocessos, impossíveis de chegar a bom porto, não procura a eficácia formal, mas o impacto social, em sua substituição. 

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

Claro que as “cunhas” e os favores, são como tudo numa sociedade em que alguns mandam e outros são desprovidos de qualquer poder, desiguais e muito injustos.

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O que faz o sucesso dos grandes escritórios de advogados, sempre os mesmos, é o acesso ao poder. 

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Num certo sentido, eles são os “melhores amigos” de ministérios, secretarias de Estado, autarquias, chefes de gabinete, directores-gerais, entidades reguladoras, toda a gente que conta.

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Quando uma grande empresa internacional quer fazer um vultuoso investimento em Portugal, sabe também com que escritórios de negócios falar.

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Esses escritórios e consultoras são constituídos por bons juristas e consultores, gente profissionalmente capaz, sem dúvida, mas o que atrai muitos dos seus grandes clientes, individuais e empresariais, é esse acesso privilegiado.

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Como acontece com muitas “cunhas”, elas são muitas vezes a única forma de ultrapassar uma burocracia complicada e pouco eficiente, assente em muitos interesses.

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[As cunhas de cima] são em si mesmas o prolongamento dos grandes negócios, custam caro e inserem-se num sistema de favores que garante muito dinheiro, bons empregos e influência.

Pacheco Pereira, “Público” (sem link)

 

A resposta às justas aspirações dos nossos jovens e o aproveitamento das suas capacidades a favor dos interesses de toda a sociedade exigem a criação de emprego mais qualificado e valorizado.

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Parece projetar-se para o futuro a via alternativa: o modelo dos baixos salários alimentado por contingentes massivos de imigrantes, cujas dependências os colocam em condições de sujeição a salários baixos. 

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Muitas vezes, patrões e governantes que nos dizem andar à procura de “talento” andam somente à pesca de quem tem qualificações, mas não pode fugir à sujeição ao baixo salário.

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A relação entre o perfil de especialização da economia e a qualidade do emprego e das profissões é total e recíproca.

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A persistência de setores de atividade de baixo valor acrescentado não potencia a criação de emprego de qualidade nem gera (com exceção de pequenos nichos) profissões valorizadas.

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O discurso empresarial dominante deixou de se referir a trabalhadores e também, em grande medida, a profissões concretas. Reclamam “colaboradores” o mais polivalentes possível e de preferência, precários.

Carvalho da Silva, JN


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