quarta-feira, 5 de março de 2025

CITAÇÕES À QUARTA (145)

 
Sem direito a perguntas, Luís Montenegro usou, em direto e mais uma vez, o horário nobre das televisões para 50% de propaganda, 50% de manobras palacianas (expressão sua) e 0% de esclarecimento.

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Desde que chegou ao poder, e já lá vai quase um ano, Montenegro deu uma única entrevista amigável (nada contra, há muitos géneros de entrevista) e com entrevistadora escolhida por si.

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Passou por 15 dias de suspeitas, em que é acusado de receber uma avença de uma empresa dependente de decisões do Estado, sem falar com jornalistas.

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Sempre disse que, na sua relação com a imprensa, Montenegro tinha decidido regressar ao estilo de Cavaco Silva

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Na mesma noite em que Luís Montenegro se recusou a responder aos jornalistas sobre um caso suficientemente grave para ele achar que pode criar uma crise política, enviou cinco ministros aos cinco canais de informação.

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Foi caricato ver estas pessoas responderem a informação a que não têm acesso e não estão envolvidas. 

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Foi um ato de cobardia que os jornalistas aceitaram. E em que Montenegro tem confiado para evitar o escrutínio. Começa a ser claro porquê.

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O escrutínio, por vezes impiedoso, (…) Serve para defender o Estado e o interesse público de políticos demasiado vulneráveis para governar. 

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Luís Montenegro já fizera uma campanha baseada na gestão do silêncio.

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No dia das eleições, sabíamos quase tudo sobre Pedro Nuno Santos e fiávamo-nos no perfil que a propaganda construiu de Luís Montenegro.

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O resultado está à vista e veremos se não nos tratará mais surpresas: o escrutínio está a ser feito a um primeiro-ministro em exercício sobre o qual deveríamos saber quase tudo antes de ter sido eleito.

Daniel Oliveira, “Expresso” online

 

A entrada dos jovens no mercado de trabalho em Portugal tornou-se uma verdadeira prova de resistência. 

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Depois de anos de estudo, muitos acabam presos num ciclo interminável de estágios e programas de trainees.

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O mais frustrante é que, apesar de todo o tempo investido em formação e experiência, a verdadeira integração no mercado de trabalho parece ser uma daquelas metas que, quanto mais se corre atrás, mais longe fica.

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Os estagiários, muitas vezes, acabam a fazer o trabalho dos "trabalhadores verdadeiros", sem a devida compensação. E no final do estágio, em vez de um contrato fixo, são substituídos por... mais estagiários.

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A ironia? Enquanto o jovem acumula experiência prática, muitas empresas não a reconhecem como experiência "real".

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A experiência é uma moeda que, aparentemente, nunca chega a ser trocada por um contrato fixo.

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Em muitos outros países, a situação é a mesma: uma licenciatura já não basta, e o mestrado também não garante nada.

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As empresas exigem “experiência”, mas o único meio de obtê-la é, frequentemente, passando por estágios mal pagos ou não remunerados.

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Não faz sentido que, após tanto tempo de estudo e experiência prática, os jovens sejam tratados como "sem experiência" e sejam forçados a passar por estágios sem fim.

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As empresas precisam de valorizar os estagiários como profissionais e dar-lhes a oportunidade de progredir na carreira, sem os manter presos numa fase de aprendizagem interminável.

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Quando se prolonga indefinidamente, sem uma transição clara para um emprego fixo, o estágio transforma-se numa armadilha.

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Precisamos de repensar o sistema de entrada no mercado de trabalho, principalmente do ponto de vista das empresas.

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O mercado de trabalho tem de perceber que a experiência adquirida durante o estágio é crucial para o crescimento, e não deve ser ignorada.

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Quando as empresas passarem a valorizar os estagiários como profissionais de verdade, o ciclo dos estágios finalmente terá um fim.

Constança Soares Seborro, “Público” (sem link)


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