(…)
Como pode passar pela cabeça de um
primeiro-ministro que a votação de uma moção de confiança serve para propor um leilão em que o
escrutinado regateia as condições em que o parlamento o escrutina?
(…)
[O
Governo pretendia] matar a CPI, transformando-a numa “rapidinha”, ou construir
uma narrativa de vitimização que permitisse mudar a perceção dos portugueses, que,
segundo das sondagens, o responsabilizam pela crise.
(…)
Perante um caso grave, o primeiro-ministro provocou uma crise política depois de duas moções de
censura chumbadas, exigindo que a oposição decretasse o fim das
suspeitas, através de uma moção confiança desnecessária.
(…)
[Vem à tona que] o PS deveria viabilizar uma
moção de inocência do primeiro-ministro e de culpa de si mesmo.
(…)
Luís Montenegro tinha todas as condições materiais para governar.
(…)
[No entanto], não fazer cair um governo não é o
mesmo que o apoiar.
(…)
Quando isto foi explicado, no debate sobre o
programa de governo, já lá vai um ano, Luís Montenegro achou suficiente, não
apresentando um voto de confiança, como poderia ter feito.
(…)
O
único responsável por esta crise é Luís Montenegro.
(…)
É responsável por forçar uma moção de confiança que sabia chumbada, para poder ir o mais depressa possível a votos, na
derradeira esperança deles substituírem a verdade.
(…)
[Tentou] transformar a moção de confiança numa
negociação de uma CPI.
(…)
Quem
sequestra, desta forma, um partido, um parlamento e um País para se proteger a
si mesma não pode ser primeiro-ministro.
Daniel Oliveira, “Expresso”
online
Se
todo o tempo de existência do planeta Terra fosse condensado em 24 horas, nós, Homo sapiens, teríamos aqui
chegado há sensivelmente três segundos.
(…)
Nesse reduzidíssimo período de tempo, fomos
capazes de coisas extraordinárias, algumas nunca vistas nesta esfera global.
(…)
[Entre outras] alterámos o clima.
(…)
Tudo isto exigiu organização e estrutura, e
então fomos ensaiando sistemas de governança.
(…)
E continuamos a testar todas estas [as]
invenções, sem chegar a conclusão alguma, mas perpetuando violentas disputas.
(…)
Entende-se a confusão. Ninguém esperaria que,
em três segundos, já soubéssemos governar o quer que fosse da maneira “certa”.
(…)
[Não fomos capazes de] aprender a governar.
(…)
Na
natureza, existem tantos sistemas de governança quanto as espécies e
ecossistemas. Mas há algo de transversal a todos eles: a lógica de partição de
recursos.
(…)
[As] espécies
recém-chegadas a determinado ambiente, não tendo aprendido as seculares lições
das espécies nativas, “julgam-se” em vantagem competitiva e começam a
expandir-se desenfreadamente.
(…)
Consomem
todos os recursos, aniquilam as demais espécies e ignoram a necessidade de
equilíbrio. No curto prazo, são “as donas de tudo”.
(…)
Nenhum
sistema funciona com uma única espécie dominante, e o resultado inevitável, a
médio-longo prazo, é o colapso de todo o ecossistema,
incluindo da própria invasora.
(…)
A
natureza não é conivente com o comportamento invasor. E isto é verdade para as
espécies, mas também para os indivíduos e as sociedades.
(…)
Líderes invasores, que apenas se norteiem pelo
benefício próprio, não são tolerados na natureza.
(…)
No
mundo natural, a liderança existe e é necessária, mas só é respeitada se for
baseada no serviço ao grupo, num equilíbrio entre poder e cooperação.
(…)
A transferência do conhecimento não é de
somenos. Todos os seres vivos, por definição, evoluíram sobre as aprendizagens
coletivas.
(…)
No caso dos humanos, para perpetuar e acelerar estas
grandes lições, inventámos a educação.
(…)
O
saber coletivo expõe modelos de governança deficientes e lideranças fracas, o
que se torna bastante inconveniente para um pseudolíder que queira manter o
poder sem prestar contas ao grupo.
(…)
Daí que, ao longo da história, sistemas
opressores tenham investido tanto no controlo da educação e da informação.
(…)
Quando
o acesso à informação e à aprendizagem é restringido ou manipulado, garante-se
o pouco questionamento dos modelos de governança e mantém-se a ilusão da
prosperidade invasora.
(…)
Os espetáculos decadentes a que temos assistido
na política nacional e global envergonham toda a nossa espécie.
Milene Matos, “Público” (sem link)
[Viemos]
assistindo incrédulos ao cortejo da obstinação de Luís Montenegro em permanecer
silencioso sobre as suas avenças diretas ou indiretas de entidades privadas.
(…)
Como primeiro-ministro, não podia auferir essas
avenças, uma delas, pelo menos, com interesses dependentes do Estado.
(…)
Como
Montenegro não quer dar explicações acerca desta conduta e como sabe que ficou
e ficará marcado para todo o sempre por a não esclarecer foge e leva consigo debaixo do braço o
partido e o Governo.
(…)
Como advogado, bem sabe [que uma conduta
ilícita não pode ser branqueada por um ato eleitoral].
(…)
Há, no
entanto, nesta crise algo de misterioso e que leva a fazer a pergunta: porque
foge com tanto pavor da comissão de inquérito? O que teme?
(…)
O dr.
Luís não parou no tempo para ressuscitar a União Nacional de Salazar? Falta
apenas arregimentar autocarros e populares e encher o Terreiro do Paço para o
aclamar como salvador da pátria e da proteção de dados…
(…)
Só
adiantados mentais seriam capazes de congeminar que para governarem exigiriam
que a oposição desse a sua confiança política a um Governo cujo chefe está
envolvido em condutas censuráveis, pelo menos do ponto de vista político.
(…)
Porque
se autoderruba [um governo] avançando com o pedido de confiança que nunca
poderia ter, pois é absolutamente minoritário?
(…)
Montenegro anda a brincar aos governos.
(…)
Quer
autoderrubar-se para alegar que não o deixaram governar, quando ninguém o
impediu…O Governo quer que a oposição seja sustento da sua política.
(…)
Luís Montenegro navega nos ventos da chantagem
política.
Domingos Lopes, “Público” (sem link)
Montenegro
quer eleições, porque precisa de sobreviver. Mas ignora um detalhe: as eleições
não limpam suspeitas.
Maria Castello Branco “Expresso”
Até
hoje, a pertença à União Europeia tem servido de escudo, mas como se vê em cada
vez mais países europeus, a Democracia pode muito facilmente ser destruída por
dentro, através de eleições.
João Paulo Craveiro, “Diário de Coimbra” (sem link)
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