(…)
A Spinumviva é de Montenegro.
(…)
O facto de anunciar, depois de se ter “desvinculado”, que as
quotas da mulher iam para os filhos foi a enésima confissão de propriedade.
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O seu negócio [leia-se da empresa] são os contactos de
Montenegro, que não tem uma vida empresarial, tem rendas.
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[A empresa] não existe para além dele.
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Montenegro fez uma campanha baseada na gestão dos silêncios,
que não poderá repetir.
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Foram raríssimas as suas conferências de imprensa com
perguntas.
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No sábado, mandou cinco ministros a cinco canais responder às
perguntas que ele se recusara a responder minutos antes.
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[O escrutínio] serve para defender o Estado e o interesse
público de políticos demasiado vulneráveis.
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Furtar-se ao escrutínio, que inclui a imprensa, é
desrespeitar a democracia.
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Ao escrutínio exigido pela oposição, o primeiro-ministro deu
uma resposta assombrosa: ou param de fazer perguntas ou crio uma crise política.
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Perante a possibilidade de se esgotarem todos os instrumentos
de esclarecimento, só Montenegro saberá porque prefere este caminho.
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Quem apresenta a moção de confiança faz apelos para o PS a
aprovar, em nome da estabilidade, quando, para isso, bastava não a apresentar.
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É por causa da insustentável ausência de condições éticas para
o cargo que ocupa que Montenegro escolheu não o fazer [leia-se governar] e
preparou a queda que sempre desejou.
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Montenegro sempre quis eleições e escolheu a revelação das
suas próprias falhas para as provocar.
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É o seu comportamento, primeiro, e a decisão de forçar eleições,
depois, que levam a esta crise. É o solitário responsável por tudo isto.
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A campanha será sobre os seus negócios.
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Será uma campanha feia, que deixará marcas na democracia.
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[Exigia-se] era que se demitisse, porque o problema é ele.
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Ele [Montenegro] é a crise.
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O PSD vai atirar-se para o lodo, em nome da sobrevivência de
um homem desesperado.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
A grande questão é que esta estabilidade política não serve
ao PSD.
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Para Luís Montenegro, as dificuldades desta magistratura
parlamentar são um suplício, uma espécie de contragovernação ou governo-sombra
que teria de suportar até ao cutelo do próximo Orçamento do Estado.
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Um solavanco chegou pela própria mão e Montenegro entende que
é altura de avançar para a vitimização, esvaziar um pouco a extrema-direita e
estabelecer também com a IL.
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As notas para a gestão da crise (…) são claras quanto ao
plano traçado para a estratégia de comunicação do Executivo nos próximos dias.
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Explicar a dimensão da empresa de Montenegro como um pináculo
de cuidado no tratamento da causa pública e na gestão das incompatibilidades é
esquecer a natureza dos seus clientes, da sua estrutura familiar e da própria
morada ou telefone.
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Montenegro percebe, porventura antes de todos os outros, que
é gigante a probabilidade das eleições correrem muito melhor do que uma
comissão parlamentar de inquérito.
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Ninguém válido se aproximará da vida política nos próximos
tempos.
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O tempo, como se vê pela bancada do CH, será dos medíocres.
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Haverá a tentação do voto popular passar uma esponja em casos
onde a legalidade seja duvidosa.
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Esta última, igualmente
perigosa, também só atrairá mediocridade.
No ano que marca os oitenta anos do fim da
Segunda Guerra Mundial, assistimos a um novo recrudescimento dos discursos de
ódio, seja no âmbito da política interna dos Estados-nação, seja nas políticas
internacionais.
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O termo woke
popularizou-se nos Estados Unidos como sinônimo de políticas liberais que
defendem pautas legítimas, como igualdade racial e social, feminismo, o
movimento LGBTQIA+, o uso de pronomes de gênero neutro, o ativismo ecológico,
entre outras-
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As eleições na Alemanha têm sido um bom exemplo
de como a representatividade sem consciência política e de classe pode servir a
fins políticos escusos.
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A líder da extrema-direita, Alice
Weidel, que é casada com uma mulher estrangeira, reivindica os direitos
LGBTQIA+ e das mulheres contra os imigrantes.
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Ainda que reconheçamos que movimentos
progressistas estiveram na base de muitas lutas e conquistas emancipatórias,
dentro de um contexto de crise eles têm grande potencial de se tornarem
reacionários.
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A alienação das políticas progressistas e sua
redução a pautas identitárias sem universalidade e efetividade têm permitido
que o fascismo se aproprie da crítica legítima à ineficácia das instituições e
a transforme em um clamor por um governo de mão forte.
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A única forma de contrariar esse discurso
neofascista é afirmá-lo tal como é: políticas baseadas em identidade têm o
potencial de se tornarem conservadoras e reacionárias.
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Como mulher racializada, de origem de classe
trabalhadora precarizada e imigrante, ser feminista e antirracista foi um caminho
natural de sobrevivência.
Marcela Uchôa, “Público”
(sem link)
A política não deveria ser entendida como uma
relação transacional, onde apenas aqueles que tiveram oportunidade de
beneficiar do sistema podem, depois, "devolver" algo ao país.
(…)
O que distingue a política profissional desse
simples voluntariado? Talvez o facto de que, no primeiro caso, o suposto gesto
de devolução vem sempre acompanhado de benefícios para o próprio.
(…)
Esses benefícios
não se limitam ao poder simbólico da função, incluem estatuto, influência e,
sim, até dinheiro.
(…)
A política, aqui apresentada como um ato de
serviço e retribuição, não é, pelo menos no nosso país, um sacrifício, mas,
sim, uma posição de privilégio, acessível a poucas pessoas.
(…)
Incomoda-me esta visão messiânica da política,
que insiste na ideia do "homem providencial", do "salvador
desinteressado" que, movido por um altíssimo altruísmo, se apresenta como
aquele que vai “retribuir”.
(…)
[Luís
Montenegro tem não] somente de prestar contas, mas de agir em consequência,
como, por exemplo, demitindo-se do cargo para o qual não serve, mas do qual,
esperemos, não se tenha servido.
Luísa Semedo. “Público” (sem
link)
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