sábado, 8 de março de 2025

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A discussão e votação da moção de confiança apresentada pelo Governo ao Parlamento, na próxima terça-feira, propiciará, por certo, uma observação mais completa sobre os contornos da crise política em que o país foi mergulhado.

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[Existe] o perigo de o cidadão comum entender que “é tudo politiquice”, o que pode conduzir a que os resultados das eleições se voltem contra a própria democracia.

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Vamos observar, também, se o presidente da República continua a fazer de conta que estamos numa crise apenas conjuntural, quando existem vozes a sentenciar o fim do regime democrático.

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[Na União Europeia] são evidentes contradições e becos em que estamos a ser metidos.

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Temos lideranças políticas fracas e desfasadas das dinâmicas da nova arrumação do Mundo, nos principais países europeus.

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Os burocratas que lideram as instituições europeias objetivamente não lideram quase nada.

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As forças ultraconservadoras e fascistas, entretanto, estão fortes. Neste contexto, o esclarecimento das pessoas e a mobilização da sociedade serão determinantes.

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A União Europeia surge-nos como uma Armada de 27 navios e naviozinhos, com bússolas pouco sincronizadas, no meio de uma enorme tempestade, e com o comando em boias de salvação.

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Precisamos de movimentos sociais e políticos que ajudem na construção de solidariedade entre os povos, que rechacem aventuras e lutem por princípios e valores de progresso.

Carvalho da Silva, JN

 

A cada 8 de março, celebramos o Dia Internacional da Mulher, um momento de reconhecimento dos avanços conquistados, mas também de reflexão sobre os desafios persistentes e foco na procura de soluções eficazes.

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A saúde psicológica das mulheres não pode ser dissociada das condições sociais em que vivem.

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Os dados são claros: as mulheres têm o dobro da probabilidade de experienciar depressão, ansiedade e perturbação de stress pós-traumático quando comparadas aos homens.

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A desigualdade salarial, a sobrecarga de responsabilidades entre o trabalho e a família, a maior exposição à pobreza e à violência são fatores que contribuem para um maior sofrimento psicológico da mulher.

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Em Portugal, as mulheres continuam a ganhar, em média, menos 20% do que os homens.

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São elas que assumem a maior parte das tarefas domésticas e do cuidado familiar, muitas vezes em detrimento da sua própria saúde e tempo de descanso.

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Mais de 20% das mulheres vivem em situação de pobreza e uma em cada cinco já sofreu violência doméstica, sexual ou física.

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Apesar da desigualdade persistente, os indicadores de igualdade de género em Portugal mostraram melhorias significativas nas últimas décadas.

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A questão-chave é: estamos num ponto de viragem para um retrocesso? Ainda é cedo para afirmar com certeza, mas há sinais preocupantes.

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Esses movimentos [de extrema-direita] promovem a ideia de que a igualdade de género já foi alcançada, que as mulheres não precisam de proteção especial.

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Em alguns países, vemos retrocessos claros, como restrições ao aborto e à educação sexual, ou a normalização da misoginia no espaço público.

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Em Portugal, ainda não vemos um retrocesso institucional significativo, mas o discurso anti-igualdade começa a ganhar terreno e influência.

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Se não estivermos atentos e atuarmos preventivamente, podemos assistir a uma inversão do progresso alcançado.

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A história ensina-nos que os direitos nunca são garantidos para sempre.

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Sempre que há uma onda de extremismo, os direitos das mulheres estão entre os primeiros a serem atacados.

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Uma sociedade que não protege a igualdade de género está, na prática, a comprometer o bem-estar psicológico de metade da sua população.

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O Que fazer? Onde há discriminação, há sofrimento psicológico.

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A melhor forma de evitar um retrocesso é garantir que a igualdade de género continue na agenda política e social.

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Como sociedade, precisamos de consolidar os avanços, para que não fiquem vulneráveis a ciclos políticos regressivos.

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Cada direito conquistado não é definitivo — precisa de ser defendido todos os dias, para que a igualdade não seja apenas uma promessa.

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O Dia Internacional da Mulher não é apenas uma celebração — é um lembrete da responsabilidade que todos temos para assegurar que a igualdade, a diversidade e a inclusão continuem a ser uma prioridade.

Sofia Ramalho, “Público” (sem link)

 

A maldição hoje centra-se no azar histórico de termos à frente da que antes era a maior democracia do mundo (…) os EUA, um homem que é um narcisista patológico, dotado de carisma e intuição, com um domínio único dos mecanismos do contínuo político mediático, absolutamente desprovido de qualquer escrúpulo moral, por isso mesmo cruel.

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Conseguiu criar uma corte de gente corrupta, que o emula, pequenos Trumps capazes de tudo, e uma multidão de sicofantas [patifes] que o bajulam para sobreviver.

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Como lição sobre a miséria humana é “interessante”, embora não seja nova na história, e prenunciou sempre tempos muito perigosos.

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Pode parecer um exagero, mas estou inteiramente convicto de que Trump (…) [quer dizer] que foi ele que acabou com a guerra e garantiu a paz [na Ucrânia], como tinha prometido na campanha eleitoral.

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Feito o tweet, o que vai acontecer não é com ele, nem lhe interessa.

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O homem tem uma única e exclusiva motivação, a sua própria glória, e, como tem força, é perigoso.

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Trump tem força e isso muda tudo.

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Parte dessa força tem origem democrática, mas cada vez mais ele está a usá-la para se tornar num autocrata.

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Para Trump ele manda e os outros não têm outro remédio senão obedecer-lhe ou cairá sobre eles toda a fúria da América.

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O contraste inteligente desta fúria são os chineses que o conhecem bem demais e sabem lidar com ele.

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[A admiração que tem por Putin] é também inveja porque Putin pode fazer coisas que ele gostaria de fazer e ainda não pode.

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Lá chegará a seu tempo se o deixarem continuar a tornar os tempos “interessantes”.

Pacheco Pereira, “Público” (sem link)


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