(…)
[Existe] o
perigo de o cidadão comum entender que “é tudo politiquice”, o que pode
conduzir a que os resultados das eleições se voltem contra a própria democracia.
(…)
Vamos
observar, também, se o presidente da República continua a fazer de conta que
estamos numa crise apenas conjuntural, quando existem vozes a sentenciar o fim
do regime democrático.
(…)
[Na União
Europeia] são evidentes contradições e becos em que estamos a ser metidos.
(…)
Temos
lideranças políticas fracas e desfasadas das dinâmicas da nova arrumação do
Mundo, nos principais países europeus.
(…)
Os
burocratas que lideram as instituições europeias objetivamente não lideram
quase nada.
(…)
As forças
ultraconservadoras e fascistas, entretanto, estão fortes. Neste contexto, o
esclarecimento das pessoas e a mobilização da sociedade serão determinantes.
(…)
A União
Europeia surge-nos como uma Armada de 27 navios e naviozinhos, com bússolas
pouco sincronizadas, no meio de uma enorme tempestade, e com o comando em boias
de salvação.
(…)
Precisamos
de movimentos sociais e políticos que ajudem na construção de solidariedade
entre os povos, que rechacem aventuras e lutem por princípios e valores de
progresso.
A cada
8 de março, celebramos o Dia Internacional da Mulher, um momento de
reconhecimento dos avanços conquistados, mas também de reflexão sobre os
desafios persistentes e foco na procura de soluções eficazes.
(…)
A saúde psicológica das mulheres não pode ser dissociada das
condições sociais em que vivem.
(…)
Os
dados são claros: as mulheres têm o dobro da probabilidade de experienciar
depressão, ansiedade e perturbação de stress pós-traumático quando comparadas
aos homens.
(…)
A
desigualdade salarial, a sobrecarga de responsabilidades entre o trabalho e a
família, a maior exposição à pobreza e à violência são fatores que contribuem
para um maior sofrimento psicológico da mulher.
(…)
Em Portugal, as mulheres continuam a ganhar, em média, menos
20% do que os homens.
(…)
São
elas que assumem a maior parte das tarefas domésticas e do cuidado familiar,
muitas vezes em detrimento da sua própria saúde e tempo de descanso.
(…)
Mais
de 20% das mulheres vivem em situação de pobreza e uma em cada cinco já sofreu
violência doméstica, sexual ou física.
(…)
Apesar da desigualdade persistente, os indicadores de
igualdade de género em Portugal mostraram melhorias significativas nas últimas
décadas.
(…)
A
questão-chave é: estamos num ponto de viragem para um retrocesso? Ainda é cedo
para afirmar com certeza, mas há sinais preocupantes.
(…)
Esses
movimentos [de extrema-direita] promovem a ideia de que a igualdade de género
já foi alcançada, que as mulheres não precisam de proteção especial.
(…)
Em
alguns países, vemos retrocessos claros, como restrições ao aborto e à educação
sexual, ou a normalização da misoginia no espaço público.
(…)
Em Portugal, ainda não vemos um retrocesso institucional
significativo, mas o discurso anti-igualdade começa a ganhar terreno e
influência.
(…)
Se não estivermos atentos e atuarmos preventivamente, podemos
assistir a uma inversão do progresso alcançado.
(…)
A história ensina-nos que os direitos nunca são garantidos
para sempre.
(…)
Sempre que há uma onda de extremismo, os direitos das
mulheres estão entre os primeiros a serem atacados.
(…)
Uma
sociedade que não protege a igualdade de género está, na prática, a comprometer
o bem-estar psicológico de metade da sua população.
(…)
O Que fazer? Onde há discriminação, há sofrimento psicológico.
(…)
A melhor forma de evitar um retrocesso é garantir que a
igualdade de género continue na agenda política e social.
(…)
Como sociedade, precisamos de consolidar os avanços, para que
não fiquem vulneráveis a ciclos políticos regressivos.
(…)
Cada
direito conquistado não é definitivo — precisa de ser defendido todos os dias,
para que a igualdade não seja apenas uma promessa.
(…)
O Dia
Internacional da Mulher não é apenas uma celebração — é um lembrete da
responsabilidade que todos temos para assegurar que a igualdade, a diversidade
e a inclusão continuem a ser uma prioridade.
Sofia Ramalho, “Público” (sem link)
A maldição hoje centra-se no azar histórico de termos à
frente da que antes era a maior democracia do mundo (…) os
EUA, um homem que é um narcisista patológico, dotado de carisma e intuição, com
um domínio único dos mecanismos do contínuo
político mediático, absolutamente desprovido de qualquer escrúpulo moral, por
isso mesmo cruel.
(…)
Conseguiu
criar uma corte de gente corrupta, que o emula, pequenos Trumps capazes de
tudo, e uma multidão de sicofantas [patifes] que o bajulam para sobreviver.
(…)
Como lição sobre a miséria humana é “interessante”, embora
não seja nova na história, e prenunciou sempre tempos muito perigosos.
(…)
Pode parecer um exagero, mas estou inteiramente convicto de
que Trump (…) [quer dizer] que foi ele que acabou com a guerra e
garantiu a paz [na Ucrânia], como tinha prometido na campanha eleitoral.
(…)
Feito o tweet, o que vai acontecer não é com ele, nem lhe interessa.
(…)
O homem tem uma única e exclusiva motivação, a sua própria
glória, e, como tem força, é perigoso.
(…)
Trump tem força e isso muda tudo.
(…)
Parte dessa força tem origem democrática, mas cada vez mais
ele está a usá-la para se tornar num autocrata.
(…)
Para
Trump ele manda e os outros não têm outro remédio senão obedecer-lhe ou cairá
sobre eles toda a fúria da América.
(…)
O contraste inteligente desta fúria são os chineses que o
conhecem bem demais e sabem lidar com ele.
(…)
[A admiração que tem por Putin] é também inveja porque Putin
pode fazer coisas que ele gostaria de fazer e ainda não pode.
(…)
Lá chegará a seu tempo se o deixarem continuar a tornar os
tempos “interessantes”.
Pacheco Pereira, “Público” (sem link)
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