sábado, 15 de março de 2025

MAIS CITAÇÕES (324)

 
Pouco antes das 7h30, hora de Londres [do dia 8 de março], a polícia de Sua Majestade foi chamada porque um homem escalava o Big Ben descalço com uma bandeira da Palestina.

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Pelas 17h30, hora alemã, a polícia com a palavra POLIZEI incandescente no blusão dava murros na cara dxs manifestantes do 8 de Março, Dia Internacional da Mulher.

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Só dxs que tinham keffiyehs e bandeiras palestinianas, por não separarem a luta pela sua liberdade da liberdade da Palestina.

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Consti levou murros, pontapés, pisadelas da polícia, ficou a sangrar, nariz e boca, a companheira foi brutalmente algemada, revistada e detida, ficou a precisar de tratamento médico.

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A violência estatal alemã anti-Palestina tem crescido desde o 7 de Outubro, já carregara sobre os manifestantes na Universidade de Humboldt, e tantos outros.

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Pessoas indefesas e já imobilizadas, algumas a sufocar, a tentarem proteger-se com as mãos, esmurradas como um saco de boxe, arrastadas pelo chão.

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António Costa, um comentário?

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[Ao mesmo tempo] na Costa Leste dos EUA já era noite mas ainda hora para a polícia de imigração, a ICE, ir prender Mahmoud Khalil à sua residência da Universidade de Columbia, NYC, diante da mulher grávida de oito meses.

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Sem mandado de captura (…). Um rapto oficial.

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[Trump] atribuiu a Khalil actividades “pró-terroristas, anti-semitas, anti-americanas” e fez saber que aquela prisão, antecedendo deportação, seria “a primeira de muitas”.

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Acusam Mahmoud de ser pró-Hamas sem provas.

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É preso agora apenas por ter sido um dos líderes dos protestos de Columbia contra a guerra em Gaza, pelos direitos palestinianos.

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Porque para o Grande Irmão de 2025 os direitos palestinianos são terrorismo.

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Mahmoud Khalil é fruto da limpeza étnica de 1948, quando Israel foi fundado e centenas de milhares de palestinianos foram forçados a fugir.

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Um daqueles milhões de humanos que Israel continua a transformar em refugiados mal nascem.

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Já enfrentara a repressão dos protestos em Columbia e com Trump tudo piorou.

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Dias antes de ser preso, Mahmoud avisou Columbia que corria riscos. Em vão. A polícia pôde ir lá raptá-lo.

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E Columbia anunciou, entretanto, expulsões de outros estudantes pró-Palestina, em vez de os proteger.

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A democracia, em alerta vermelho. Mahmoud Khalil é já o primeiro prisioneiro político da era Trump/Musk. Em nome de uma suposta protecção aos judeus.

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Porque a Trump — avisam biógrafos — não interessam os judeus.

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Os reféns interessam-lhe (felizmente para vários libertados) como o anti-semitismo lhe interessa: enquanto for útil.

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E nada alimenta tanto o anti-semitismo como o Estado de Israel, hoje a maior ameaça para os judeus do mundo.

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Os judeus dos nazis e de há séculos — os perseguidos, os exterminados — são hoje os palestinianos.

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Porque judeus, palestinianos e quem quer que os defenda são ratos de laboratório para o Grande Irmão.

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Entrámos na segunda semana de Março com dezenas de milhares na Cisjordânia a deambularem por montanhas de lama e entulho, sem terem para onde ir em pleno Inverno, porque Israel acaba de lhes destruir as casas. Enquanto em Gaza continua a impedir toda a entrada de comida e ajuda.

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Ontem vi o testemunho de um palestiniano a quem os soldados urinaram em cima e violaram com um pau. Mais um.

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[A um cirurgião ortopedista palestiniano] partiram-lhe os dedos, danificaram os nervos das mãos com que opera, mostraram-lhe fotos da esposa dizendo como a iam violar em grupo se ele não admitisse ser do Hamas.

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E hoje mesmo li que Israel e os EUA tentaram vender os palestinianos de Gaza ao Sudão e à Somália.

Alexandra Lucas Coelho, “Público” (sem link)

 

Dos 17 laboratórios universitários de inovação alimentar criados em 2010 pela Administração de Barack Obama através da iniciativa Feed the Future só um não ficou já definitivamente sem financiamento.

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A iniciativa que dizia ter ajudado a aliviar a fome de cerca de 5,2 milhões de famílias, a tirar da pobreza 5,7 milhões de pessoas e a contribuir para cerca de um milhar de inovações agrícolas não passou o crivo político do actual Governo.

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 “É assustador ver os danos que vão ser causados”, dizia no final de Janeiro à Devex, plataforma de media da comunidade de desenvolvimento a nível global, um antigo funcionário da USAID que trabalhou na área da segurança alimentar.

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Ajudámos a alimentar centenas de milhões de pessoas ao longo dos anos e a ajudámo-las a alimentarem-se a si próprias.”

António Rodrigues, “Público” (sem link)

 

O súbito vácuo deixado pela saída precipitada e sem estratégia da ajuda norte-americana do cenário global não só irá contribuir directamente para a morte de pessoas (…) como deixará entregues à sua sorte as sociedades civis de inúmeros países.

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Na Geórgia, Moldova e Arménia, onde a Rússia tem movido as suas peças para conseguir manobrar os ambientes político-sociais a seu favor, o vazio norte-americano poderá fazer pender a balança para o lado de Putin.

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Em 2023, cerca de 40% do orçamento da USAID (o equivalente a 15,8 mil milhões de euros) foi destinado à Europa de Leste.

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Além de reduzir o orçamento da USAID a 17% do que era antes, as prioridades da ajuda externa norte-americana, entregue agora à gestão do Departamento de Estado, viram-se para áreas mais adequadas às políticas de expulsão de imigrantes que Trump pretende implementar.

António Rodrigues, “Público” (sem link)

 

Mais do que uma situação circunstancial, temos em mãos uma potencial crise de confiança na democracia à escala nacional, que se justapõe a uma outra, bem manifesta, de escala global.

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Atividades incompatíveis com o exercício de funções públicas, em particular naquelas de maior responsabilidade, levam as pessoas a desconfiar e desacreditar na democracia.

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A confiança dos cidadãos em serviços públicos fundamentais - na saúde, na justiça, na educação - está perigosamente degradada.

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Os custos da habitação são criminosamente altos, bloqueando a organização de vida dos jovens.

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O trabalho e a proteção social, ancoradouros de direitos humanos e de fatores de realização das pessoas, nos planos individual e coletivo, têm sido maltratados.

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Os salários (e também as pensões de reforma) continuam muito baixos. As instituições centrais que os ancoram, como é o caso da contratação coletiva, estão fragilizadas.

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No quadro internacional, também a confiança entre estados e nas instituições que regem as suas relações - nomeadamente o Direito Internacional - atravessam um período de enorme turbulência.

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As eleições de 18 de maio exigem forte sentido de responsabilidade.

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Façamos do voto uma oportunidade para reconstruir a confiança na democracia.  

Carvalho da Silva, JN


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