(…)
Pelas
17h30, hora alemã, a polícia com a palavra POLIZEI incandescente no blusão dava
murros na cara dxs manifestantes do 8 de Março, Dia Internacional da Mulher.
(…)
Só dxs
que tinham keffiyehs e
bandeiras palestinianas, por não separarem a luta pela sua liberdade da
liberdade da Palestina.
(…)
Consti
levou murros, pontapés, pisadelas da polícia, ficou a sangrar, nariz e boca, a
companheira foi brutalmente algemada, revistada e detida, ficou a precisar de
tratamento médico.
(…)
A violência
estatal alemã anti-Palestina tem crescido desde o 7 de Outubro, já
carregara sobre os manifestantes na Universidade de Humboldt, e tantos outros.
(…)
Pessoas
indefesas e já imobilizadas, algumas a sufocar, a tentarem proteger-se com as
mãos, esmurradas como um saco de boxe, arrastadas pelo chão.
(…)
António Costa, um comentário?
(…)
[Ao
mesmo tempo] na Costa Leste dos EUA já era noite mas ainda hora para a polícia
de imigração, a ICE, ir prender Mahmoud
Khalil à sua residência da Universidade de Columbia, NYC, diante da mulher
grávida de oito meses.
(…)
Sem mandado de captura (…). Um rapto
oficial.
(…)
[Trump] atribuiu a Khalil actividades
“pró-terroristas, anti-semitas, anti-americanas” e fez saber que aquela prisão,
antecedendo deportação, seria “a primeira de muitas”.
(…)
Acusam Mahmoud de ser pró-Hamas sem provas.
(…)
É
preso agora apenas por ter sido um dos
líderes dos protestos de Columbia contra a guerra em Gaza, pelos direitos
palestinianos.
(…)
Porque para o Grande Irmão de 2025 os direitos palestinianos são
terrorismo.
(…)
Mahmoud
Khalil é fruto da limpeza étnica de 1948, quando Israel foi fundado e centenas
de milhares de palestinianos foram forçados a fugir.
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Um daqueles milhões de humanos que Israel
continua a transformar em refugiados mal nascem.
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Já enfrentara a repressão dos protestos em
Columbia e com Trump tudo piorou.
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Dias antes de ser preso, Mahmoud avisou
Columbia que corria riscos. Em vão. A polícia pôde ir lá raptá-lo.
(…)
E Columbia anunciou, entretanto, expulsões de
outros estudantes pró-Palestina, em vez de os proteger.
(…)
A
democracia, em alerta vermelho. Mahmoud Khalil é já o primeiro prisioneiro
político da era Trump/Musk. Em nome de uma suposta protecção aos judeus.
(…)
Porque a Trump — avisam biógrafos — não
interessam os judeus.
(…)
Os reféns interessam-lhe (felizmente para
vários libertados) como o anti-semitismo lhe interessa: enquanto for útil.
(…)
E nada alimenta tanto o anti-semitismo como o
Estado de Israel, hoje a maior ameaça para os judeus do mundo.
(…)
Os judeus dos nazis e de há séculos — os
perseguidos, os exterminados — são hoje os palestinianos.
(…)
Porque judeus, palestinianos e quem quer que os
defenda são ratos de laboratório para o Grande Irmão.
(…)
Entrámos
na segunda semana de Março com dezenas de milhares na Cisjordânia a deambularem
por montanhas de lama e entulho, sem terem para onde ir em pleno Inverno,
porque Israel acaba de lhes destruir as casas. Enquanto em Gaza continua a
impedir toda a entrada de comida e ajuda.
(…)
Ontem
vi o testemunho de um palestiniano a quem os soldados urinaram em cima e
violaram com um pau. Mais um.
(…)
[A
um cirurgião ortopedista palestiniano] partiram-lhe os dedos, danificaram os
nervos das mãos com que opera, mostraram-lhe fotos da esposa dizendo como a iam
violar em grupo se ele não admitisse ser do Hamas.
(…)
E hoje mesmo li que Israel e os EUA tentaram
vender os palestinianos de Gaza ao Sudão e à Somália.
Alexandra Lucas Coelho, “Público” (sem link)
Dos
17 laboratórios universitários de inovação alimentar criados em 2010 pela
Administração de Barack Obama através da iniciativa Feed the Future só um não
ficou já definitivamente sem financiamento.
(…)
A
iniciativa que dizia ter ajudado a aliviar a fome de cerca de 5,2 milhões de
famílias, a tirar da pobreza 5,7 milhões de pessoas e a contribuir para cerca
de um milhar de inovações agrícolas não passou o crivo político do actual
Governo.
(…)
“É assustador ver os danos que vão ser
causados”, dizia no final de Janeiro à Devex, plataforma de media
da comunidade de desenvolvimento a nível global, um antigo
funcionário da USAID que trabalhou na área da segurança alimentar.
(…)
“Ajudámos a alimentar centenas de milhões
de pessoas ao longo dos anos e a ajudámo-las a alimentarem-se a si próprias.”
António Rodrigues, “Público”
(sem link)
O
súbito vácuo deixado pela saída precipitada e sem estratégia da ajuda
norte-americana do cenário global não só irá contribuir directamente para a
morte de pessoas (…) como deixará
entregues à sua sorte as sociedades civis de inúmeros países.
(…)
Na
Geórgia, Moldova e Arménia, onde a Rússia tem movido as suas peças para
conseguir manobrar os ambientes político-sociais a seu favor, o vazio
norte-americano poderá fazer pender a balança para o lado de Putin.
(…)
Em
2023, cerca de 40% do orçamento da USAID (o equivalente a 15,8 mil milhões de
euros) foi destinado à Europa de Leste.
(…)
Além
de reduzir o orçamento da USAID a 17% do que era antes, as prioridades da ajuda
externa norte-americana, entregue agora à gestão do Departamento de Estado,
viram-se para áreas mais adequadas às políticas de expulsão de imigrantes que
Trump pretende implementar.
António Rodrigues, “Público” (sem link)
Mais
do que uma situação circunstancial, temos em mãos uma potencial crise de
confiança na democracia à escala nacional, que se justapõe a uma outra, bem
manifesta, de escala global.
(…)
Atividades
incompatíveis com o exercício de funções públicas, em particular naquelas de
maior responsabilidade, levam as pessoas a desconfiar e desacreditar na
democracia.
(…)
A
confiança dos cidadãos em serviços públicos fundamentais - na saúde, na
justiça, na educação - está perigosamente degradada.
(…)
Os
custos da habitação são criminosamente altos, bloqueando a organização de vida
dos jovens.
(…)
O
trabalho e a proteção social, ancoradouros de direitos humanos e de fatores de
realização das pessoas, nos planos individual e coletivo, têm sido maltratados.
(…)
Os salários
(e também as pensões de reforma) continuam muito baixos. As instituições
centrais que os ancoram, como é o caso da contratação coletiva, estão
fragilizadas.
(…)
No
quadro internacional, também a confiança entre estados e nas instituições que
regem as suas relações - nomeadamente o Direito Internacional - atravessam um
período de enorme turbulência.
(…)
As
eleições de 18 de maio exigem forte sentido de responsabilidade.
(…)
Façamos do
voto uma oportunidade para reconstruir a confiança na democracia.
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