sexta-feira, 11 de abril de 2025

CITAÇÕES

 
O cálculo das tarifas de Trump não resulta das que são cobradas por outros países, mas da extensão do défice comercial dos EUA com esses parceiros comerciais. 

(…)

Um dos países mais protecionistas, o Brasil, fica com tarifas de 10%, e pequenos países produtores de café ou baunilha, que os EUA nunca irão produzir na quantidade que consomem, terão de pagar cerca de 50%.

(…)

As tarifas são um instrumento económico que pode estar certo ou errado, não são a antecâmara do fascismo.

(…)

Agora, não se trata de promover a industria­lização de uma economia em desenvolvimento, mas de proteger um dos países tecnologicamente mais desenvolvidos do mundo da concorrência emergente. 

(…)

Como já se adivinha, as tarifas de Trump terão péssimas repercussões imedia­tas. 

(…)

A longo prazo, poderá haver (ou não) uma deslocalização da produção ou uma renegociação das relações comerciais.

(…)

Mas o que tem falhado, alimentando o ressentimento do povo americano, são os mecanismos de redistribuição da riqueza criada pelo grande vencedor da globalização.

(…)

Os efeitos da covid na economia global, com o mundo parado (…) obrigaram-nos a concluir que é bom as economias estarem interligadas, mas indispensável haver espaço de recuo para que tudo não colapse com um sopro. 

(…)

Muitos a avisaram que haveria alguma desglobalização. 

(…)

Este era um caminho anunciado.

(…)

Só que a inevitabilidade foi deixada a um palhaço. 

(…)

Apesar de tudo o que é disparatado em Trump, não estamos a assistir a um mero disparate, mas a uma mudança sistémica que não começou nem acabará com Trump.

(…)

O que vivemos é a continuação de uma luta pela hegemonia, que pode correr bem ou mal aos EUA.

(…)

A era que chega ao fim, que correspondeu à financeirização do capitalismo, a um brutal aumento da desigualdade e a uma extraordinária concentração de riqueza, não será de boa memória para os trabalhadores da Europa e dos EUA. 

(…)

A vitória de homens como Donald Trump é, aliás, prova disso. A que agora começa tem tudo para ser pior.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

A violência contra as mulheres parece ter-se tornado “trendy”, um objecto de conforto de energúmenos à boleia de Andrew Tate. 

(…)

Um conjunto de saqueadores morais que, de volta à idade das cavernas que têm como casa, transportam a bandeira da objectificação da mulher, vulgarizando-a e tornando-a até “jogável”.

(…)

Para uma sociedade que glorifica youtubers numeiros “on prozis” ou grilas “on the run”, talvez seja apenas um reflexo de que a estupidez tem de ser combatida com violenta inteligência.

(…)

Os rapazes em idade escolar mostram-se mais agressivos e manipuladores, enquanto as raparigas se encolhem, mais submissas e permissivas. 

(…)

O espectro da regressão civilizacional, a olhos vistos. 

(…)

O que virá a acontecer a esta gente no mercado de trabalho não é difícil de adivinhar.

(…)

Uma em cada quatro raparigas adolescentes reconhece ter sido vítima de violência física ou sexual por parte do parceiro.

(…)

19 mulheres foram mortas em 2024 (tantas como em 2023) em contexto de violência doméstica.

(…)

Um manual de violência e anormalidade que as redes sociais fomentam pela ausência crescente de controlo. 

(…)

O que antes era controlo parental é, agora, uma miragem monetizada por um conjunto de profetas do “come e cala”.

(…)

Os impactos devastadores na saúde, no desempenho escolar, na família e na vida afectiva futura de quem sofre, todos os dias, da pendência permanente do abuso estão ainda por aferir.

(…)

É preciso esclarecer, duvidar, lutar por direitos dados como adquiridos.

Miguel Guedes, JN

 

Se estamos indecisos, se estamos cansados, e temos razões para estar, lembremo-nos que a democracia não é sobre o nosso bem-estar emocional. É sobre a dignidade de todos os cidadãos.

(…)

De todos os perigos a que a sociedade pode concorrer, o maior talvez seja o das pessoas deixarem de acreditar que fazem parte de um futuro colectivo, do qual podem beneficiar e contribuir positivamente, com reciprocidade.

(…)

Acreditar neste futuro colectivo é, para alguns, uma retribuição de todo o bem que lhes foi oferecido, para outros a obrigação de lutar por direitos que lhes foram negados.

(…)

É preciso ter a fé, e não pouca, de que os nossos concidadãos, que quase sempre discordam de nós, vão tomar decisões políticas respeitáveis.

(…)

É precisa a fé, antes de cada eleição, de que novos e melhores futuros são sempre possíveis. É preciso ter fé na Democracia.

(…)

Mas não terá cada um de nós uma responsabilidade pelo país? Como renunciar a esta responsabilidade?

(…)

É fácil culpar toda a gente por problemas que nos afectam.

(…)

Mas e a minha culpa? Quantas vezes sabia de um problema e me calei e resignei?

(…)

Portugal vai a eleições novamente, mas essa é uma infelicidade feliz.

(…)

Muitas ditaduras esforçam-se em parecer perfeitas, claro, amordaçando e encobrindo verdades e opiniões.

(…)

Se todos temos igualdade política, temos igualdade de responsabilidade. 

(…)

A democracia é de facto, humanamente grandiosa, porque exige o maior humanismo de cada um.

Luís Andrade, “Público” (sem link)

 

Foi publicado no passado mês de dezembro, no Jornal Oficial da União Europeia, o Regulamento relativo à proibição de produtos feitos com trabalho forçado no mercado da União.

(…)

Bastará que um só elemento em todo o processo de produção tenha tido intervenção de trabalho forçado para que possa ficar abrangido pelas novas regras
(…)

O Regulamento (…) entrará em vigor a partir de 14 de dezembro de 2027.

(…)

A pergunta que faço sempre é: estão as empresas preparadas para isso? Se não estão, devem começar a preparar-se o quanto antes.

(…)

Só com uma estratégia clara e bem definida é que se poderá afirmar que se está preparado para as novas regras que visam banir o trabalho forçado.

(…)

Desde logo está prevista uma presunção de que se verifica a existência de trabalho forçado quando um estado terceiro se opõe a que seja feita uma investigação nestes casos.

(…)

Eliminar o trabalho forçado é dar a dignidade àqueles a quem a mesma lhes foi retirada.

(…)

O trabalho forçado existe ainda nos dias de hoje – estima-se que sejam mais de 27 milhões de pessoas em todo o mundo.

(…)

Na verdade, cabe a cada um de nós eliminar o trabalho forçado, assim como cabe a cada um de nós assegurar e respeitar os direitos humanos do próximo.

Tiago Magalhães, “Público” (sem link)


Sem comentários:

Enviar um comentário