Eis, de
forma sucinta, seis declarações de voto elaboradas pelo vereador do BE, João Vasconcelos,
na sequência deliberações tomadas nas sessões de Câmara respectivamente nos
dias 1/7 e 15/7 de 2014.
Câmara
Municipal de Portimão – reunião de 1 de Julho de 2014
Proposta
de Deliberação nº 437/14
Assunto:
Protocolo entre a Agência para a Modernização Administrativa e o Município de
Portimão para a instalação de Espaços do Cidadão no concelho de Portimão
Esta
medida por parte do governo PSD/CDS, de instalar 1.000 Espaços do Cidadão por
todo o país, não passa, em primeira instância, de uma enorme manobra de
propaganda. Quando este governo, ao serviço dos banqueiros e da troika
estrangeira tem fechado uma infinidade de serviços em Portugal inteiro, desde
postos de correio, tribunais, escolas, repartições públicas, centros de saúde,
maternidades, postos de segurança, estações de caminhos de ferro, etc.,
desertificando o país e penalizando gravemente as populações, vem agora
procurar redimir-se, através da sua máquina de propaganda, com a instalação de
um milhar de Espaços do Cidadão! Um grande desacaramento e muita pouca vegonha!
Mas
esta manobra do governo visa outros fins – alijar as suas responsabilidades em
termos financeiros, passando este ónus para as Câmaras Municipais e Juntas de
Freguesia. Como é sabido, a instalação desses espaços vai acarretar mais
despesa e quem vai pagar são os municípios. O Executivo de Portimão, devido à
situação de pré-bancarrota financeira em que se encontra, deve ter mais cuidado
em assinar protocolos que envolvam mais despesas desnecessariamente.
Apesar
de tudo, convém assinalar que os cidadãos do concelho irão beneficiar de
algumas vantagens com a instalação dos referidos Espaços do Cidadão.
Pelo
acima exposto, o Bloco de Esquerda vota pela abstenção na proposta de
deliberação nº 437/14.
Proposta
de Deliberação nº 407/14
Assunto:
Guardas – Noturnos – falta de entrega da declaração da Segurança Social
De
acordo com o processo os Guardas-Noturnos em causa foram notificados e não
entregaram as declarações da Segurança Social o que, segundo parece, se prende
com dificuldades financeiras da sua parte para regularizar a sua situação junto
da Segurança Social. Sobre esta situação o Regulamento dessa atividade nada
dispõe e de acordo com o seu artigo 19º os casos omissos são resolvidos pela
Câmara. Assim, devia ser dado mais algum tempo para esses profissionais
regularizarem a sua situação, tendo em conta as suas dificuldades. Desta forma,
por não terem meios financeiros suficientes, acabarão por ser duplamente
penalizados sendo atirados para o desemprego (devido à cassação das licenças
para o exercício de guarda-noturno). O Executivo devia saber gerir estas
situações de índole social com bom senso, o que parece que não é o caso.
Desta
forma, o Bloco de Esquerda vota pela abstenção nesta proposta de deliberação.
Câmara
Municipal de Portimão – reunião de 15 de Julho 2014
Proposta
de Deliberação nº 456/14
Assunto:
Candidatura ao abrigo do Contrato de Emprego e Inserção (CEI) para colocação de
colaboradores nos estabelecimentos de ensino
De
acordo com a proposta, são 67 CEI a contratar pela Câmara de Portimão: 14
cozinheiros, 52 auxiliares de ação educativa e 1 animador sociocultural. Como
se refere, trata-se de uma proposta “urgente, imprescindível e inadiável”, pois
os estabelecimentos do concelho não poderão funcionar adequadamente sem os
funcionários necessários. E perante as restrições impostas por parte do governo
os Municípios encontram-se assim obrigados a enveredar pelos Contratos CEI,
pois caso contrário, não haverá condições para as escolas funcionarem, por
falta de pessoal.
Com
tais contratos, o governo adotou a lei da selva na Administração Pública. Há
cerca de 70 mil trabalhadores em regime CEI mo Estado, que ganham em média 83
euros por mês. São pessoas que estão a receber um subsídio de desemprego para o
qual descontaram, ocupam postos de trabalho permanentes e no fundo não têm nem
contrato, nem emprego, nem inserção. Não há um contrato de trabalho para estas
pessoas, não é um emprego porque não há pagamento de salário por parte do
Estado e muito menos é inserção, porque no fim de um ano, ou menos, estas
pessoas vão para a rua. Devia ser proibido este tipo de contratos.
Todavia,
como se referiu, o Município não tem outra alternativa senão enveredar por este
tipo de contratos devido à imposição do governo PSD/CDS. Caso contrário, as
escolas não iriam funcionar por falta de funcionários.
Pelo
acima exposto, o Bloco de Esquerda vota a favor da proposta de deliberação nº
456/14.
Proposta
de Deliberação nº 457/14
Assunto:
Pedido de informação prévia para obras de edificação – aditamento, na Bemposta
– Alvor
Segundo
a proposta pretende o requerente alterar a moradia unifamiliar para
Empreendimento de Turismo em Espaço Rural (TER). No local existe uma habitação
anterior a 1951, e existe uma outra moradia construída após 1970 e que é
inviável a sua legalização por se localizar em zona verde de equilíbrio
ambiental não urbanizável – é inviável face ao previsto no artigo 54º do
Regulamento do PDM Portimão, e alterações dadas pelo Aviso nº 14572/2010 de 22
de julho.
De
acordo com a legislação (artº 56-E do regulamento do PDM e Aviso citado), é
autorizada a reconstrução da construção anterior a 1951, no entanto sujeita às
condições previstas no nº 2 do artigo referido: manutenção da escala e o relevo
do existente como garantia da sua integração paisagística; não implicar o
aumento do número de pisos pré-existentes (1 piso); adotar a criação de
infraestruturas através de sistemas autónomos e ambientalmente sustentáveis; o
total edificado existente anterior a 1951, não exceder 2000m2 de área de
construção para unidades de turismo no espaço rural; não colocar em risco a
seguramça de pessoas e bens; deverá manter a traça arquitetónica original,
mantendo alguns pormenores existentes.
Quanto
ao cumprimento dos requisitos os Hotéis Rurais devem depender das
classificações dos Empreendimentos de Turismo no Espaço Rural e dos
Estabelecimentos Hoteleiros de Portugal, dependendo assim de parecer do Turismo
de Portugal – constata-se que falta este parecer, o qual deverá ser apresentado.
E no limite sul deverá ser cumprida a implantação da V2.
De
acordo com a informação técnica datada de 25/06/14, “é viável essa reconstrução
anterior a 1951”, excluindo assim a construção após 1970.
Perante
o exposto, o Bloco de Esquerda vota favoravelmente esta proposta de
deliberação.
Declaração
de voto do Vereador João Vasconcelos, do Bloco de Esquerda
Proposta
de Deliberação nº 459/14
Assunto:
Informação prévia para obras de edificação – aditamento, na Palmeirinha – Monte
Ribeiro
Pretende
o requerente construir um Hotel Rural com 26 unidade de alojamento (2000 m2),
equipamentos complementares (500 m2), e moradia unifamiliar (300 m2), a serem
implantados num prédio misto de 4,7 hect., contendo 2 edificações anteriores a
1951, com 308 m2 e 60 m2.
O
terreno face ao PDM insere-se em espaço de fomento agro-florestal e
simultaneamente contém parte do perímetro de proteção a um arqueosítio. De
acordo com a mesma informação datada de 16/06/2014, houve uma reunião em
02/11/2010 entre a CCDR-A e a AMAL, daqui resultando um memorando sobre
construções previstas acima, memorando esse que a Câmara de Portimão tem vindo
a seguir, mas cuja Divisão da Câmara tem interpretação diferente, ou seja, a
CMP devia seguir o entendimento proposto pelos técnicos camarários.
No
dia 23/12/2012 houve um adirtamento á informação prévia, onde a certa altura
refere: “Estes espaços [espaço de fomento agro-florestal] são vocacionados para
a exploração da floresta, atividades agrícolas, silvícolas e pastoris”, sendo
autorizada a edificação e onde se discriminam as exceções previstas em solo
rural.
Na
interpretação das condicionantes impostas pelo PDM (artº 56-E), a técnica é
taxativa quando afirma que essa construção pretendida em espaço de fomento
agro-florestal, “mesmo que reutilizando pré-existências, trata-se de um regime
de exceção [que] não poderá contemplar em simultâneo três usos distintos –
moradia unifamiliar, hotel rural e outros equipamentos – nem tão pouco a
utilização do somatório das respetivas áreas máximas de construção prevista”.
De
acordo com a documentação consultada a técnica solicita diversos elementos ao
requerente, como seja a correção da proposta apresentada, parecer favorável do
Museu de Portimão, consulta à EMARP sobre as infraestruturas de água e
saneamento, os quais não constam. Conclui a técnica pela proposta de indeferimento por contrariar
o disposto no artº 56-E do PDM.
Perante
o exposto, o Bloco de Esquerda vota contra a proposta de deliberação nº 459/14.
Declaração
de voto do Vereador João Vasconcelos, do Bloco de Esquerda
Proposta
de Deliberação nº 461/14
Assunto:
Proposta apresentada pela Presidente de Câmara para aprovação de Protocolo de
Cooperação com o Município de Portimão e a ASPAFLOBAL – Associação dos
Produtores Florestais do Barlavento Algarvio
De
acordo com a referida proposta de protocolo com a ASPAFLOBAL irá a Câmara
disponibilizar instalações para um gabinete de apoio aos agricultores, irá
nomear um técnico para trabalhar nessa Associação e disponibilizar uma verba de
1000 euros mais IVA por mês - tudo até
ao ano de 2020! Será uma verba de quase 100 mil euros ao longo de todo este
período, o que não se compreende tendo em conta as dificuldades financeiras da
Câmara.
Devia
ser o Município a criar diretamente um gabinete de apoio aos agricultores, em
vez de transferir tais competências para uma Associação privada. Por outro
lado, ainda num passado muito recente teve lugar alguma conflitualidade entre a
Câmara e a ASPAFLOBAL, quando esta ainda geria a Quinta Pedagógica e que foi
acusada de não pagar atempadamente aos trabalhadores da Quinta, embora
recebendo as contrapartidas por parte da Câmara – de acordo com o apurado na
altura.
Perante o exposto, o Bloco de Esquerda
vota contra a proposta de deliberação nº 461/14.
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