sexta-feira, 4 de março de 2022

CITAÇÕES

 
Essa fantasiosa Grande Rússia [de Putin] não será imposta e, se o país tem sido submetido a uma longa história de humilhação, também foram os próprios dirigentes russos que a promoveram, por vezes com vantagem própria.

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No conflito entre potências, esses dirigentes têm perdido sempre, o que não impediu Moscovo de ter favorecido Trump.

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Em 2018 Trump rompeu o acordo com o Irão, sob protesto dos outros signatários, o Reino Unido, a Alemanha e a França.

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[Trump aplicou] a retirada do irão do Swift, o sistema mundial de pagamentos interbancários.

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E ameaçou as empresas europeias de lhes aplicar a mesma sansão se mantivesse negócios no Irão.

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A União [Europeia] criou mesmo uma agência financeira para fazer os pagamentos em euros fora da alçada da Casa Branca e do Swift.

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Só que o Swift tem um servidor com os mesmos dados nos EUA, que a Casa Branca usa para identificar as transações de empresas e cidadãos europeus, ao abrigo da sua lei de exceção.

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O Governo norte-americano não pode, em função da sua agenda, impor restrições a transações legais europeias.

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O governo alemão começou por se opor ao uso do Swift como arma de guerra, coo se tinha oposto no caso do Irão.

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Cedeu e ficou estabelecida a nova regra. É um triunfo esmagador para Washington, capturou o Swift.

Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

 

Vladimir Putin é um jogador em plena guerra ideológica e, curiosamente, até tem inflectido nos últimos meses: radicalizou-se.

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O líder russo extremou posições sobre a independência da Ucrânia, concretizando-a numa guerra

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Desde que rebentou o conflito armado, não há uma vírgula que inflicta no discurso oficial do Kremlin.

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"Desnazificação" da Ucrânia como se a extrema-direita não estivesse representada na Duma russa.

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A extrema-direita sairá reforçada, tanto na Rússia como na Ucrânia.

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Mais velada, a aparente razão da escalada: a aproximação da Ucrânia à NATO tem passado para segundo plano nas linhas de controvérsia.

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[Putin] pretende agora decapitar o poder ucraniano de forma a permitir a colocação de um novo fantoche russo, servil e conveniente.

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Putin reforçou todos os laços ideológicos com esta visão [expansionista], com o apoio da oligarquia russa.

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O reforço militar e a aposta na escalada da guerra dificilmente farão a diferença.

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[Confia-se], sobretudo, na resistência da sociedade civil do país.

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Após décadas em que andámos a dormir com o inimigo, pode ser o deslaçar interno que o venha a acordar.

Miguel Guedes, JN

 

A guerra no mundo ocidental e a provocação da violência têm provocado ondas de solidariedade internacional.

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Perguntamo-nos, então, porque não foi e não é estendida a mesma solidariedade a todas as vítimas de guerra, às que morrem no Mediterrâneo, as que são impedidas de encontrar refúgio em solo europeu, as que sofreram as guerras pelo petróleo, pelos interesses económicos das elite.

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Têm-se encontrado tonalidades deste discurso [de solidariedade] pelos meios de comunicação ocidental, distinguindo estes refugiados [ucranianos] de outros vindos do Médio Oriente, de países africanos, por exemplo.

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Qualquer pessoa num contexto de guerra que não se pareça com essa idealização ocidental percebe que a mesma solidariedade não se aplica.

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Vários relatos têm vindo à tona sobre a discriminação por parte das Forças Armadas do país e da Polónia, para onde grande parte dos refugiados da guerra contra a Rússia está a fugir.

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É profundamente lamentável que, quando deparadas com esta situação, percebamos que temos somente a sorte de não nos encontrarmos naquele contexto.

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Percebemos neste choque em situações tão drásticas o problema de não reconhecer o racismo como um sistema de opressão.

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A recusa em abrir este debate [sobre a história do colonialismo, da violência, que é o legado carregado por todos os afro-descendentes] de forma séria, comprometida, impede que haja qualquer política, qualquer programa de redistribuição social e económica que tenha como critério a desigualdade étnico-racial.

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[A Europa] prescreve sentenças de morte para as pessoas das comunidades que pilhou e explorou historicamente.

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Quando disseram “primeiro, os nossos”, seremos os e as primeiras a dizer que não pode haver justiça enquanto não houver igualdade.

Andreia Galvão, “Público” (sem link)

 

[Em 2003] 22 oligarcas controlavam cerca de 40% do emprego e das vendas das empresas analisadas [pelos economistas Serguei Guriev e Andrei Rachinski]

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Os dez maiores detinham 60% das empresas cotadas em 2003. Dezanove deles apareciam na lista dos mais ricos da Forbes em 2004.

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Os autores explicam que a maioria da população russa considera esta concentração excessiva de propriedade ilegítima.

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A excessiva concentração de riqueza não mudou desde então.

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A lista da Forbes era então [2018] dominada pela Rússia, com 100 bilionários, que detinham 25 e 40% da riqueza do país.

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Muitas destas fortunas nasceram [a partir] de um esquema de corrupção no coração do programa de privatizações de Ieltsin.

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A fortuna dos privados resultou de uma transferência de património público.

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Piketty e co-autores estimam que metade do património russo está investido no estrangeiro, num total de 800 mil milhões de dólares, dos quais mais de 400 mil milhões pertencem aos 100 bilionários da Forbes.

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Uma parte substancial deste dinheiro está em offshores, mas muito está na Europa.

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Não é só com o dinheiro sujo de Abramovich que Portugal tem uma relação carinhosa.

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O ministro também foi esquivo sobre os “vistos gold”, que foram, junto com os de Malta e Chipre, censurados pela Comissão Europeia (CE) em 2019.

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Não é feita diligência que permita determinar se o dinheiro vem de atividades criminosas.

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Mas bom mesmo era ir ver quem são os 431 [russos] que detêm os [vistos gold].

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Viciadas no dinheiro sujo e nos privilégios por ele pagos, as nossas democracias tornaram-se cúmplices do saque organizado pelos oligarcas russos ao povo do seu país e da infame máquina de guerra que Putin montou à custa dele.

Susana Peralta, “Público” (sem link)


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