(…)
A acusação que faz ao Bloco de Esquerda, na sua última
crónica do Expresso, é a de que tem “uma pulsão totalitária”, contudo
disfarçada, não tem uma única alegação plausível e demonstrada.
(…)
Apenas como atoarda destinada a caricaturar o que não se
conhece ou se quer desfigurar.
(…)
Devo recordar que o BE apoiou Chavéz depois de um golpe de
estado falhado promovido de fora pelos Estados Unidos da América, apesar de
Chávez ter sido eleito presidente em eleições incontestadas.
(…)
O Bloco de Esquerda nunca teve relações com os bolivarianos
da Venezuela, ao contrário do PSD e PSD/Madeira, do CDS, e do PS de José
Sócrates.
(…)
No Bloco de Esquerda, nunca secundamos o regime de Maduro a
quem sempre acusamos de corrupção endémica e de desvio antidemocrático.
(…)
Será talvez um arrojo demonstrar que, em mais de vinte anos,
no Bloco defendemos os Direitos Humanos onde quer que fossem ofendidos,
independentemente dos regimes, atitude única na Assembleia da República.
(…)
Não fomos nós que abrimos garrafas de champanhe quando
venderam a EDP à China e o mostraram no telejornal das 20 horas.
(…)
O mesmo governo que foi vender vistos gold para a máfia de
Putin.
(…)
O Bloco tem relações políticas com um partido russo que neste
momento tem centenas de ativistas presos, o Movimento Socialista.
(…)
A nossa relação com a Ucrânia não é de agora.
(…)
Isso também não quer dizer que tenha de se apreciar os grupos
armados nazis que pululam pela Ucrânia ou sequer que se tenha de achar que tal facto
é impeditivo das autoridades deterem o exercício da sua soberania integral em
território reconhecido.
(…)
Sempre reconhecemos [no Bloco] os valores constitucionais do
nosso regime democrático e os nossos ideais socialistas não entram em
contradição com isso.
(…)
O Bloco abrange várias posições filosóficas entre os seus
membros.
(…)
Ser a favor da dissolução da NATO, como prevê a Constituição
Portuguesa é, em abono da verdade, uma ajuda à Paz.
Henry Kissinger defendeu que a Ucrânia devia ser livre de entrar
na UE, mas não devia pertencer à NATO, optando pela neutralidade finlandesa.
(…)
A motivação revisionista e imperialista de Putin está
expressa em artigos assinados pelo seu punho e deixámos de poder não acreditar.
(…)
Antes
de Putin perdemos demasiadas oportunidades. E se nos livrarmos dele, teremos de
encontrar uma solução em que a Rússia tenha lugar.
(…
[Na
Ucrânia] há um ocupante e um ocupado. Isso é simples e quem se baralha merece
crítica severa.
(…)
Em
tempo de guerra não se limpam armas, e por isso assistimos à militarização da inteligência.
(…)
Esta é
a primeira guerra televisionada e acompanhada pelas redes ao minuto. Do lado do
ocupado.
(…)
A
emoção das opiniões públicas, sempre passageira, pode empurrar as lideranças
para becos sem saída.
(…)
Ou o
déspota de Moscovo cai ou há negociações.
(…)
Para
que o conflito ucraniano não seja o derradeiro, os compromissos, e não as
justas certezas morais, serão inevitáveis.
(…)
Um Putin
transtornado e encurralado mandará as tropas russas regressar sem perder a
face?
(…)
Não
sabemos que efeitos esta aventura terá na sociedade russa, na elite económica e
na cadeia de comando militar perante a evidência de que o ditador já só ouve
quem lhe diz o que quer ouvir.
(…)
[O
mundo] precisa de esmagar Putin, ganhando a Rússia. Uma Rússia fraca é uma Rússia
perigosa.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
A brutal agressão à Ucrânia, perpetrada por Vladimir Putin em nome da Rússia
(…) merece-nos condenação inequívoca.
(…)
Impõe-se ampla mobilização dos povos, dos
países e das instituições internacionais, no sentido de rapidamente se pôr
termo à guerra e à invasão.
(…)
Putin nega valores e princípios da
democracia, da paz e da liberdade.
(…)
Entretanto, mesmo que as nossas
consciências estejam sobrecarregadas com o que é prioritário (…) são
indispensáveis análises de maior fôlego, dada a delicadeza da situação.
(…)
Assusto-me quando descortino, em posições
nomeadamente da NATO e da União Europeia, uma perspetiva de incremento
armamentista e de leituras simplistas do bem e do mal, em vez de assumirem a
necessidade de uma nova ordem internacional.
(…)
Aprendi pela vivência social, política,
religiosa e académica a importância de, na saída da II Guerra Mundial, ter
emergido uma forte consciência em defesa da paz, da justiça social e da
democracia.
(…)
A comunicação moderna mantém graves
vícios antigos e as redes sociais são, em grande medida, espaços de incremento
de ódios.
(…)
A economia financeirizada (com o seu
primado dos negócios) é dos espaços onde se praticam mais violações de
princípios democráticos, da ética, dos direitos, liberdades e garantias dos
cidadãos.
Estamos a viver tempos interessantes e não são bons.
(…)
A incerteza, a surpresa, a dificuldade de dizer onde tudo
isto vai parar, se é que pára, são dominantes.
(…)
O
impacto da brutalidade da invasão criou um movimento que mudará os termos da
política europeia, mas nem todos o perceberam.
(…)
[A Rússia de Putin] é um país de capitalismo corrupto e
agressivo, e um país imperialista.
(…)
Não há nenhum valor, seja da democracia, seja da liberdade,
seja do socialismo, que esteja presente na invasão da Ucrânia.
(…)
A posição do PCP decorre de considerar que sem a Rússia não
há travão ao imperialismo americano.
(…)
E uma análise geopolítica, não é uma análise marxista…
(…)
Muito desse imperialismo [americano] mudou e está muito
enfraquecido.
(…)
[Biden] é um atlantista que quer reatar as
relações com a Europa e fortalecer a NATO, e, formado na Guerra Fria, vê a
Rússia como um inimigo sério.
(…)
Ao mesmo tempo, Biden tem prosseguido uma política de muito
maior moderação com Cuba e o Irão.
(…)
Todas as consequências que Putin não desejava vão-se realizar.
(…)
[Na Ucrânia está] em causa um combate entre a democracia
e a autocracia.
(…)
A
Ucrânia está longe de ser uma democracia perfeita, com uma vida política
turbulenta, uma extrema-direita nazi e corrupção endémica, de uma ponta à outra
da governação.
(…)
E quanto a oligarcas, a Ucrânia tem também a sua dose.
(…)
Pode
ser, com todas as reservas do “se”, que a participação popular na defesa do seu
país venha a dar origem a uma Ucrânia mais democrática.
Pacheco Pereira, “Público” (sem link)
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