A PROBLEMÁTICA CIGANA
A intolerância, a xenofobia e o racismo parecem estar a ganhar terreno na Europa, com o surgimento de formações de extrema-direita nos parlamentos de vários países como acaba de acontecer na Suécia. É uma situação típica em altura de grandes crises em que as estruturas em vigor não são capazes de dar respostas aceitáveis aos problemas nacionais e globais. Trata-se de uma reacção de desespero das populações que, por isso mesmo, não medem as consequências das suas escolhas.
A tendência é descarregar para os “outros” as culpas dos nossos males. Os bodes expiatórios são conhecidos: as minorias étnicas, imigrantes, toxicodependentes, excluídos sociais, etc.
Neste contexto os ciganos são o elo mais fraco. É ponto assente que, na sociedade em que vivemos, não é fácil conviver com os costumes dos ciganos. Eles regem-se por regras de um tempo que acabou há muito e as suas actividades tradicionais extinguiram-se ou foram absorvidas pela indústria. Mas como seres humanos que são, têm direitos inalienáveis e, desde a Idade Média, cidadãos europeus como qualquer europeu. Obviamente que também têm deveres a cumprir respeitando as leis dos países em que nasceram. E esta parte só pode ser plenamente levada a cabo mediante um processo de integração, com respeito pelas suas tradições mas sem ódio porque o ódio nunca é alternativa de parte a parte.
Não tenhamos dúvidas de que o processo de integração será lento e doloroso mas é a única solução possível até porque as gerações mais jovens de ciganos já têm mentalidades mais abertas e começam a rejeitar determinados costumes dos mais velhos como, por exemplo, os casamentos combinados pelas famílias.
Pela nossa parte a solução é ir proporcionando formas de integração e gerindo conflitos com muita paciência e pouca ansiedade. Neste como noutros casos a pressa não proporciona bons resultados.
Luís Moleiro
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