sábado, 19 de fevereiro de 2011

MOÇÃO DE CENSURA? SIM! SIM! SIM!

A direita dos interesses esfrega as mãos de contente com as medidas anti-sociais que o Governo tem vindo a tomar à boleia da crise. Direitos dos trabalhadores e conquistas sociais adquiridos ao longo de décadas estão a ser laboriosamente destruídos por um governo apoiado num partido com nome de esquerda. O PS está a fazer o trabalho sujo que convém à direita e esta espera, recostada num cadeirão, o momento ideal para lhe retirar o tapete que, encapotadamente, vai permitindo a sobrevivência de um governo moribundo – mesmo apoiado numa bem oleada máquina de propaganda – aos olhos da maioria dos portugueses.
Por isso é de aplaudir a coragem política do BE ao apresentar, sem qualquer espécie de hipocrisia, uma moção de censura que, se não tiver outro efeito, serve para separar o trigo do joio, ou seja, aqueles que efectivamente se opõem às malfeitorias que o Governo Sócrates está a levara cabo e os que, disfarçadamente as apoiam.
O texto seguinte que é assinado por José Manuel Pureza, deputado do BE, vem muito a propósito, foi transcrito do jornal “Diário As Beiras” de ontem.

Censura
“A política quer-se clara. E o momento que o país vive exige-o em dobro. O apodrecimento da situação do país desafia todas as forças políticas a mostrar sem tacticismos os seus propósitos.
Para a vida concreta das pessoas, a crise é isto: o afundamento da economia, o ataque nunca visto contra o salário, a desconsideração dos pobres e desempregados, a hipoteca de uma geração condenada a estudar para a escravidão.
Tacticismo é encarar esta realidade e decidir que é melhor que o governo arda em lume brando e atacar só quando as sondagens garantirem uma vitória. Tacticismo é fingir que direita e esquerda criticam o governo pelas mesmas razões e não clarificar posições mesmo que isso não dê maioria.
A moção de censura anunciada pelo Bloco de Esquerda diz sem subterfúgios ao que vem. O país é (dês)governado por uma hipermaioria PS-PSD, que se entende para os PEC, para o Orçamento e para a ofensiva sem precedentes contra os direitos sociais e os serviços públicos. Mas essa maioria finge que não o é. E a culpa morre solteira todos os dias. Houve até quem alegasse que a subida dos juros da dívida era responsabilidade… do Bloco!
É uma moção que, em nome de quem está a pagar o desgoverno da coligação PS-PSD, quer parar esta ofensiva mas que não se equivoca, não estende a passadeira ao extremismo liberal de direita. Vai perder? Não, já tem pelo menos uma essencial vitória: a pressa e o tom com que a direita veio em apoio de Sócrates são o rosto desse sucesso do Bloco.”

Luís Moleiro

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