quarta-feira, 22 de junho de 2016

LOUÇÃ FORMULA 28 QUESTÕES SOBRE O BREXIT


O referendo sobre a permanência do Reino Unido (RU) na União Europeia (UE) vai ter lugar manhã e multiplicam-se as opiniões e previsões sobre o seu possível resultado. Pela nossa parte entendemos como muito provável que o povo britânico vote favoravelmente à continuidade do RU na UE. Aliás, é essa a opinião expressa por Francisco Louçã no blog em que intervém no Público, onde hoje formulou 28 perguntas, tendo como pano de fundo o referendo de amanhã. Recomendamos vivamente a sua leitura.
No referendo britânico, vai vencer a permanência na União Europeia? Sim.
O que mudou a tendência eleitoral foi o assassinato de Jo Cox? Sim.
Os votos dos nacionalistas (escoceses) são decisivos para a vitória do “fica”? Sim (mas não só esses votos).
As campanhas do “fica” e do “sai” transformaram a questão dos imigrantes no tema essencial e ambas alimentaram expressões de xenofobia? Sim.
O isolamento de Cameron aumenta, devido a ter lançado uma aventura para ajustar contas dentro do seu partido, mesmo ganhando o referendo? Sim.
O argumento de Jeremy Corbyn e de sectores da esquerda britânica, segundo o qual o voto pelo “fica” é condicional e exige mudanças na Europa, vai ser ouvido em Bruxelas e Berlim? Não.
A promessa dos trabalhistas britânicos de que Europa vai ouvir os votantes britânicos e recuar em medidas de destruição neoliberal, como a Parceria Transatlântica com os Estados Unidos, tem algum sentido? Não.
A promessa de “agora é que é”, “desta vez é diferente” e a União vai corrigir os seus tratados, anular o Tratado Orçamental, ou recuperar da sua crise, tem cabimento? Não.
Com a eventual vitória no referendo, os dirigentes da União Europeia vão-se sentir confortados para continuarem a política que tem destruído as economias e diminuído as democracias? Sim.
Depois da unha negra nas eleições austríacas, este resultado do referendo britânico manterá o poder das instituições europeias e levá-las-á a esquecer as vagas promessas de correcção? Sim.
A União Europeia sai enfraquecida desta eventual vitória? Sim.
Os Estados que entendam construir barreiras contra os imigrantes ou, inclusivamente, impor normas especiais para prejudicar os imigrantes europeus, recusando assim a aplicação dessas normas de livre circulação de cidadãos, vão ter luz verde? Sim.
A UE está preparada para seguir algum outro caminho que não seja ou a desagregação ou uma concentração de poderes com o reforço da hegemonia germânica? Não.
Ainda é possível um federalismo europeu, ou mesmo uma confederação em que os Estados europeus tenham estatutos iguais e que inclua transferências orçamentais entre os países superavitários e os países deficitários? Não.
Para os europeístas que defendiam uma política social contra o neoliberalismo e uma estratégia de criação de emprego, a União Europeia é um projecto falhado? Sim.
A livre circulação de capitais e as regras do mercado único vão continuar a acentuar a divergência entre as várias economias, como tem acontecido nos últimos anos? Sim.
O euro é um instrumento para essa diferenciação (embora não o único)? Sim.
A transferência de soberania de cada Estado para o Conselho Europeu, para a Comissão Europeia e para o Eurogrupo é um perigo para a democracia? Sim.
O esvaziamento da legitimidade nacional dos órgãos eleitos democraticamente vai continuar a pressionar ou a corroer os regimes políticos em cada país? Sim.
O populismo crescerá em outros países europeus? Sim.
A vitória do “fica” ajuda a uma reflexão sobre o que deve mudar na União Europeia para ganhar a confiança dos cidadãos e cidadãs? Não.
A vitória do “sai” teria impacto em Portugal, porque teria alguma consequência económica de curto prazo nas exportações e muitas consequências políticas de médio prazo? Sim.
A vitória do “fica” tem impacto em Portugal, porque fecha as instituições europeias no continuismo? Sim.
A continuidade da política e das regras e imposições institucionais da União Europeia é aceitável para Portugal? Não.
Portugal pode recuperar capacidade de resolver os seus problemas de desemprego, emigração e empobrecimento cumprindo as regras europeias da livre circulação de capitais e do controlo da sua política económica e sistema financeiro por Berlim? Não.
Para que Portugal possa recuperar capacidade de decisão democrática e políticas úteis para criar emprego e reduzir a dependência é preferível não estar no euro? Sim.
Para Portugal é vantajosa uma situação de desagregação da União Europeia, se produzida por um colapso súbito ou um desentendimento generalizado? Não.
Para que Portugal possa recuperar a sua economia, reduzir a sua dívida externa e criar emprego é vantajosa uma negociação faseada sobre a recuperação de soberania dos países em divergência? Sim.

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