quarta-feira, 16 de agosto de 2023

CITAÇÕES À QUARTA (64)

 
O patético episódio da escolha do nome para a ponte sobre o rio Trancão pode ser visto de vários modos e dificilmente se encontrará algum que abone pela sensatez dos intervenientes.

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Em qualquer caso, fez bem Manuel Clemente em, dias depois da polémica lançada, se ter retirado desta vergonha.

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Que Moedas diga agora que não a comenta a ponte para não desvalorizar o impacto da iniciativa com o Papa não deixa de ter a sua piada, atirou a pedra e agora esconde a mão.

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Que o governo tivesse tratado aqueles dias não como uma ação de uma comunidade religiosa mas antes como uma procissão política não deixa de ser revelador.

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[Também existe] o ressurgimento dos discursos conservadores e restauracionistas daquela Igreja que Francisco combate.

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Esse duplo investimento na banalização e na restauração conservadora, e foi uma vaga desde que Francisco tomou o avião, tem sido a forma de ignorar os seus discursos incómodos.

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Presumo que mais do que tudo, contra o [discurso da] economia e a finança que matam, os termos que escolheu para retomar a lição paulina.

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A facilidade com que os conservadores abandonaram o simbolismo do nome na ponte pedonal não será a mesma com que cederão a uma noção de igualdade ou democracia que inclua toda a gente. 

Francisco Louçã, “Expresso” online (sem link)

 

André Ventura voltou a divulgar fake news, mas desta vez o caso merece especial atenção.

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Falsas no sentido em que nunca foram notícia em plataforma alguma (…) e falsas no sentido em que davam conta de factos que não aconteceram.

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Tanto o grupo Renascença como o jornal PÚBLICO já confirmaram publicamente este facto: foram alvo de notícias falsas difundidas por André Ventura.

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Mas Ventura não apagou. 

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A atitude não surpreende, vindo de alguém que é apanhado a mentir quase diariamente.

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Já sabemos, ou temos obrigação de saber, que Ventura mente e usa a mentira sem qualquer hesitação ou pudor.

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O que quero dizer é que acharíamos todos que a conduta de Ventura deveria configurar um crime e que tudo se passaria nessa conformidade.

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Perante isto, o legislador português deve atuar. Um novo tipo de crime, que vise especificamente estas condutas, deve ser criado.

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Ventura divulgou factos falsos com o conhecimento de o serem e fê-lo de forma deliberada e apta a enganar as pessoas.

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Mais do que a honra ou o bom nome de alguém ou de alguma instituição, as notícias falsas que divulgou provocam danos no Estado de direito.

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Uma das notícias dava conta de milhares de inscritos na JMJ desaparecidos e de um especialista que afirmava tratar-se de imigração ilegal.

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André Ventura inventa notícias para instigar ao medo e ao ódio contra pessoas destes países, pessoas que está a acusar de se terem feito passar por peregrinos para ardilosamente entrarem em Portugal.

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[Ventura] revela não ter quaisquer princípios ou valores morais e ser capaz de tudo, mas tudo, para conseguir votos.

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[Ventura é portador de uma] impunidade de quem faz da falta de carácter um estilo político e da mentira uma prática quotidiana.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)

 

Depois do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior ter instituído a passagem das universidades a fundações públicas, de direito privado, o Governo vem agora reforçar o processo de mercantilização do Ensino Superior público, querendo alterar o respectivo modelo de financiamento.

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Sob o proclamatório propósito de o novo modelo vir a “fortalecer o papel das instituições de ensino superior no desenvolvimento dos territórios onde se encontram inseridas”, esconde-se, afinal, a intenção de desresponsabilizar o Estado, uma vez mais, da obrigação de financiar o ensino superior.

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Como pretende o Governo salvaguardar a independência científica das universidades e dos politécnicos, já que, legitimamente, os investidores quererão ter retorno do seu aporte financeiro?

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Mas as consequências também são óbvias: são os interesses privados que, crescentemente, irão influenciar o que se investiga nas instituições e irão pressionar para que o esforço de ensino se concentre nas áreas e nos cursos que mais interessam às suas actividades.

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Paulatinamente, a universidade, instituição por natureza produtora de conhecimento, abstracto ou aplicado, vem-se afastando da erudição, fonte de cultura, para se entregar ao utilitário, gerador de ganhos económicos imediatos.

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A mesma tendência é facilmente identificável nas reformas curriculares em curso no ensino básico e secundário, onde o valor intrínseco do estudo das humanidades, designadamente da Filosofia, da História e da Literatura, foi substituído pelo valor instrumental e imediato de questões menores.

Santana Castilho, “Público” (sem link)

 

A Igreja Católica, liderada pelo Papa Francisco, vive um momento delicado.

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A falta de conhecimentos científicos das sociedades que nos precederam criou as suas divindades como sendo portadoras e geradoras de mistérios que os humanos não atingiam.

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As diversas religiões funcionaram muitas vezes como travões ao despertar e à curiosidade humana.

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Hoje a discriminação ainda se mantém em relação ao papel das mulheres e aos homossexuais, apesar de Francisco.

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[A fé religiosa é] uma procura, mesmo que inconsciente, para dar sustento à razão de ser face ao descalabro do mundo - pobreza, fome, crise climática e guerra na Ucrânia.

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Os poderes dominantes pretendem transformar o ser humano num ser anestesiado.

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Francisco, conhecedor profundo do mundo, aponta novos caminhos, aos crentes, em primeiro lugar, mas também a outras confissões religiosas e aos não crentes.

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[O Papa Francisco] tem a coragem de se pronunciar pela abolição das armas nucleares e de se empenhar na defesa da paz na Europa e na denúncia das políticas anti-imigração.

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As suas palavras são marcas indeléveis do seu papel e do que ele pretende para a Igreja enquanto instituição e Estado.

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[Francisco] tem consciência de que os tempos são difíceis para os católicos se a juventude não arriscar e despertar para as condições em que a imensíssima maioria da população vive.

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Os banqueiros, quase todos assumidamente praticantes [da avareza], vão para o Inferno com as suas muitas condecorações?

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[Francisco sabe] que há um mundo à espera dos que foram à JMJ e dos que a seguiram com atenção.

Domingos Lopes, “Público” (sem link)


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