sexta-feira, 18 de agosto de 2023

CITAÇÕES

 
Javier Milei é o surpreendente — e distanciado — vencedor das eleições primárias argentinas e pode vir a ser o seu próximo Presidente.

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No estilo, é uma imitação superlativa de Trump e Bolsonaro, que diz admirar.

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No conteúdo, é portador de um liberalismo arrasador.

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Abolirá a moeda nacional e adotará o dólar e promoverá a venda livre de armas. 

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O que pergunto é como é que o liberalismo se tornou a extrema-direita da América Latina?

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Em duas décadas, a Universidade de Chicago criou [no Chile] a coluna vertebral de uma nova política económica.

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O resultado é conhecido: as empresas públicas foram vendidas (exceto as minas, oferecidas a generais) e a Segurança Social foi privatizada (faliu uns anos mais tarde e teve de ser nacionalizada).

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Foram nisso entusiasticamente apoiados pelos gurus do liberalismo europeu e norte-americano.

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O liberalismo contra as liberdades foi um bom negócio.

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A ditadura [argentina] também precisou da mesma receita.

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Cavallo [que o peronista liberal Menem recuperou da ditadura] dolarizou o país, o que Milei agora promete, arruinando os salários e as pensões,

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[Cavallo] entregou a petrolífera nacional à Repsol, a Aerolineas Argentinas à Iberia e a companhia dos telefones à France Telecom e à Telefónica espanhola.

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No Chile como na Argentina, o avanço do liberalismo destruiu as economias e enriqueceu intermediá­rios, ministros e investidores.

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O Presidente Macri (2015-19) negociou com o FMI um empréstimo de 44 mil milhões de dólares com condições drásticas, e o efeito é uma inflação de 100%.

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O Governo peronista que se lhe seguiu não quis reverter este caos e o descontentamento popular explodiu.

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[Mieli] promete, portanto, o desmantelamento do Estado e libertar o mercado.

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Admite a venda de órgãos humanos (o corpo é propriedade), já sugeriu a venda de crianças.

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Defende a proibição do aborto, que foi recentemente legalizado no país, é negacionista climático.

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Detesta Francisco, um “jesuíta que promove o comunismo”.

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Talvez a Argentina volte a lembrar que tudo é possível nas trevas do desespero social.

Francisco Louçã, “Expresso” (sem link)

 

O regresso da política após a pausa de Verão é a prova evidente de que, sem debate parlamentar, os media são o terreno eleito pelos aparelhos partidários para novas baterias de demagogia. 

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Em 2023 presenciamos [na Festa do Pontal] mais um pré-lançamento da candidatura presidencial de Marques Mendes, não vá o diabo realmente aparecer de surpresa. 

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Passos Coelho continua a ser uma ameaça interna para Luís Montenegro.

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A presença [de Moeas] no Pontal não é coroação, mas indica que Luís Montenegro (à semelhança de António Costa) não hesita em ter os seus putativos sucessores por perto.

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Todo o discurso-panfleto de demagogia de Montenegro sobre a baixa de impostos não tem adesão à história recente do PSD no poder. 

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Montenegro depende delas [Eleições Europeias] e a redução dos impostos colhe votos à sua ilharga.

Miguel Guedes, JN

 

Em Portugal, existem dois mundos socioeconómicos separados por aquilo a que devemos chamar um fosso.

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A maioria dos portugueses considera o salário de um ministro um patamar de riqueza ao qual não pode aspirar.

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Aproximadamente um milhão de trabalhadores portugueses ganha o salário mínimo nacional.

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Temos que 66% dos trabalhadores ganham abaixo dos 1000 euros mensais e 27% ganham entre 1000 e 2499 euros.

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Apenas 4% ganham entre 2500 e 4999 euros.

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Um ministro ganha [mais de 5000 euros] aquilo que apenas uma ínfima minoria dos portugueses ganha.

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Um ex-ministro [Eduardo Catroga] partilhou com os portugueses uma perspectiva da vida, que é a sua, que os coloca na cauda da pura insignificância

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Aquilo que poderiam sonhar ganhar num mundo ideal corresponde ao que Catroga ganhou por ter aceitado fazer um sacrifício pessoal.

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Eduardo Catroga não se distinguiu por ter combatido as desigualdades sociais e é certo que desempenhou funções em que poderia ter feito alguma diferença nessa área.

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Baixou a TSU para as empresas e aumentou a taxa de IVA, prejudicando os que ganhavam menos.

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Destacou-se ainda a equilibrar as contas públicas, o que tem um conhecido impacto negativo nos rendimentos dos trabalhadores.

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[Catroga] conviveu bem com a imposição, aos portugueses, de apertarem o cinto até doer.

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Algumas das pessoas que integram a minoria privilegiada estão confortavelmente instaladas no seu privilégio sem ao menos acusar a consciência da gravidade política dessa situação.

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Reparem que injustiça social nunca foi o berço da paz.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)

 

O PSD marcou a rentrée política com uma agenda de reforma fiscal em duas partes. A reforma fiscal abrangente, pomposamente chamada Alternativa, com A maiúsculo.

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Como todas as políticas com objetivos meritórios, a Alternativa pode vir a revelar-se ótima ou nem tanto, dependendo dos pormenores.

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De resto, o único impacto certo desta proposta é no bolso de quem vai pagar menos IRS – um alívio bem-vindo em tempos de inflação e de aperto de taxas de juro.

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Apesar das promessas otimistas, não há estudos credíveis para Portugal sobre a resposta da atividade económica aos impostos e a evidência internacional mostra que esta é limitada.

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Isto é especialmente verdade nos rendimentos do trabalho.

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Também é improvável que tenham influência substancial nas decisões de migração das pessoas qualificadas.

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Seria ótimo que o PSD ressuscitasse a ideia de complementar com euros públicos o rendimento de trabalho de quem menos ganha, proposta pelo PS em 2015 e enterrada pelas negociações da "geringonça"

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A bem da qualidade do debate democrático, cada político devia ser obrigado a definir a classe média quando fala dela.

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Mas o país é o que é e dificilmente a classe média se pode definir como “os 25% que estão logo abaixo dos 5% mais ricos”.
Susana Peralta, “Público” (sem link)


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