quarta-feira, 23 de agosto de 2023

CITAÇÕES À QUARTA (65)

 
Como o Governo já estaria informado há dias, (…), teria de haver veto [ao pacote Mais Habitação]. 

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A maioria absoluta reaprovará a legislação, renovando as críticas dos vários lados.

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Em 2024 não haverá as 26 mil casas prometidas solenemente por Costa em campanha eleitoral tanto em 2019 quanto em 2022.

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Não se comemorarão os cinquenta anos do 25 de Abril com a solução do problema mais urgente da habitação.

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No final deste mandato, os preços e as rendas continuarão a destacar as nossas cidades entre as mais caras da Europa.

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Destruir a saúde pública e criar a espiral imobiliária serão as duas heranças em que o Governo parece ter mais empenho.

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Há quem se pergunte a razão para o Governo se meter nesta alhada.

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Pois terminada essa saga, ficou um pacote pastilha-elástica.

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No meio de tudo isto, a persistência dos Vistos Gold tornou-se um dos mais fascinantes tabus do regime, sobrevivendo aos escândalos, à revelação de redes mafiosas, à exibição dos casos, e ultrapassando promessas ferozes dos governantes.

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Em resumo, o Governo defende energicamente as condições que garantem a continuidade dos preços altos.

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Dá vergonha ver os preços das casas em Madrid ou Barcelona, ou Roma ou Berlim e compará-las com Lisboa e Porto.

Francisco Louçã, “Expresso” online (sem link)

 

Quem vive e vota em Oeiras é muitas vezes acusado de não se importar com a corrupção, elegendo sucessivamente um homem que já foi condenado e cumpriu pena de prisão efetiva por fuga ao fisco e branqueamento de capitais.

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Quando, em 2020, comecei a reunir-me com conhecidos e vizinhos de Oeiras para falarmos sobre o nosso concelho, uma das principais questões que nos uniu foi precisamente a questão da transparência e a necessidade de combater a corrupção e infrações conexas na política local.

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93% da população em Portugal considera a corrupção uma prática generalizada no país, face a uma média de 70% da União Europeia.

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Sabemos que durante muitos anos houve alguma tolerância social em Portugal para com determinadas práticas de corrupção lato sensu.

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Na sondagem ICS/ISCTE para o Expresso e para a SIC de junho, 87% dos inquiridos manifestam-se insatisfeitos com o combate à corrupção.

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Mas, se estamos preocupados, e queremos combater a corrupção, não podemos aceitar como normais comportamentos que, na realidade, são lesivos para o bem comum. 

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O que é normal, no sentido de habitual, não quer dizer que seja legal, ou sequer que seja o correto do ponto de vista ético. 

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A verdade é que também existe, na prática, corrupção que não está tipificada como crime, como o conflito de interesses e as chamadas "portas giratórias”.

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Esta semana ficámos a saber que o fundo de maneio do presidente da Câmara Municipal de Oeiras é usado na sua maioria para refeições, muitas delas faustosas. 

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Será ético, ou mesmo legal, haver várias faturas (num dos casos, quatro) de almoços em restaurantes diferentes em nome do mesmo autarca no mesmo dia?

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O facto é que na gestão do Executivo de Isaltino temos inúmeros exemplos cuja legalidade, e sobretudo cuja ética, é questionável. 

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Na luta contra a corrupção é preciso o esforço e a determinação de todos. Desde logo, dos jornalistas, que têm um papel fundamental na democracia, sendo o jornalismo um dos seus pilares.

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De todos os políticos e políticas, independentemente do campo ideológico, que não se revejam em práticas lesivas do interesse público e numa forma de fazer política opaca e autoritária.

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Mas também dos cidadãos, que devem exercer a sua cidadania de forma crítica, exigente e bem informada, nunca superficial ou justicialista. 

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Em Oeiras, como no resto do país, não podemos permitir que nos enfiem goela abaixo o fado de que nada há a fazer, ou de que os políticos são todos iguais.

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Mas, não basta indignar-nos, é preciso agir e ser coerente nas urnas com esse desígnio de transparência.

Carla Castelo, “Expresso” online

 

Quem avaliar a proposta através das reações destes partidos e de outras organizações justamente conotadas com princípios de direita chega à conclusão que se trata de um diploma de esquerda radical, marxista ou comunista.

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Aqui está [por parte da IL] uma outra maneira de fazer combate político: fazer queixas do socialismo que para aqui vai às instâncias europeias.

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Nestes setores [associações de proprietários e de alojamento local], todos estão contra o pacote Mais Habitação e é unânime a interpretação de que constitui uma legislação vincadamente de esquerda.

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Este pacote prevê a preservação de um quadro legislativo que favorece e estimula a iniciativa privada, valoriza o funcionamento do mercado imobiliário como solução para o problema da habitação e não o investimento público.

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Mais: esta proposta não se atreveu a interferir com a famosa “lei Cristas”, que agilizou despejos e fomentou a especulação imobiliária, e afinal vai manter os “vistos gold”

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A sério que chamam a isto marxismo?

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O Governo está simplesmente a dar cumprimento a uma obrigação já prevista na lei.

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Graças a estas acusações [da direita nervosa] fica dispensado de prosseguir políticas mais difíceis e fica muito bem visto perante o seu eleitorado.

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É sobretudo grave para os portugueses que precisam de respostas ao gravíssimo problema de habitação que atravessam.

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O pacote Mais Habitação precisa do contributo destes partidos [à esquerda do PS] para dar respostas a essas pessoas.

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O grande desafio do Bloco e do PCP é conseguir furar esta narrativa de que o PS prossegue políticas socialistas e reclamar a sua identidade.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)

 

Nada mudará nos problemas da habitação com este pacote do Governo.

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Ter uma vida sem sobressaltos e sem medo de ficar sem teto continuará a ser uma miragem para centenas de milhares de pessoas.

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[Marcelo] não se incomoda com os benefícios fiscais ao imobiliário e com a ausência de regulação para travar a expansão do Alojamento Local (AL).

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[Um governo de esquerda] faria o oposto, nos conteúdos, do que o PS propõe com este programa.

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E já se sabe, entretanto, que as carências habitacionais extremas são em dimensão muito superior: pelo menos 77 mil famílias a viver em condições indignas.

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No Alojamento Local, que tem canibalizado os fogos disponíveis e contraído a oferta de arrendamento para habitação permanente, o programa foi de recuo em recuo. 

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A pressão sobre os centros das cidades vai manter-se e não haverá retração do número de casas retiradas à habitação para o negócio do turismo. 

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O direito à habitação continuará submetido à lógica do mercado que o nega para uma grande fatia da população.

José Soeiro, “Expresso” online


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