sábado, 5 de outubro de 2024

MAIS CITAÇÕES (302)

 
Gaza não deixa de ser aqui [na Ásia] porque desde 7 de Outubro não há fora de Gaza, ou Gaza está em toda a parte.

(…)

Cada pessoa à minha volta aqui também é testemunha. Mesmo, ou sobretudo, quando falar sobre Gaza pode sair caro aqui, também.

(…)

Vai fazer agora um ano, a 7 de Outubro de 2023, um sábado (…)  pensei: Israel acabou.

(…)

Ainda não se conhecia a escala do ataque, muito menos os detalhes, tudo estava ainda a acontecer, e a vida já mudara para sempre.

(…)

[A 10 de dezembro] já todos à volta da Terra éramos testemunhas: a aniquilação em directo, sem paralelo na História ou na Geografia, de uma população que não tinha para onde fugir.

(…)

Tudo com a ajuda das bombas, do dinheiro ou da inacção do Ocidente, e perante o silêncio ou a indiferença de tantos que nos eram próximos.

(…)

Quem éramos nós, humanos? Só os palestinianos pareciam de pé. Um holocausto de pé.

(…)

Biden assumindo-se como presidente de Israel, armas e mesadas incluídas, como se os palestinianos fossem uma casta sub-humana.

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A vergonha da Europa que depois de tantos séculos a perseguir judeus agora ajudava a matar ou não salvava os palestinianos.

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A miséria dos regimes árabes, calculistas ou carrascos, sem excepção.

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E que fracasso, que vazio das mais velhas democracias (?) quando vemos a defesa da Palestina empunhada por um regime tão repulsivo como o iraniano.

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Uma das mais contínuas hipocrisias da Europa e dos EUA é jogar com uns ditadores contra outros.

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Quem se importa de apertar a mão ou fazer negócios com os senhores que a cada dia oprimem o próprio povo?

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[11 de dezembro de 2023] Jerusalém Oriental e a Cisjordânia estavam na mão de colonos e soldados que se comportavam como eu nunca vira, nem no auge da Segunda Intifada, porque no espaço de uma geração ganharam toda a licença para ocupar, destruir e matar à descarada.

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[O que hoje vemos é Netanyahu] 1) tornar Gaza invivível para os palestinianos 2) tornar a Cisjordânia cada vez mais invivível para os palestinianos, enquanto os colonos aumentam.

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[Netanyahu] matou quem quis, destruiu o que quis, onde quis, fazendo dos EUA e de quase toda a UE umas baratas tontas, a correrem daqui para ali, ou a fazerem de conta.

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Israel enterrou-se com o 7 de Outubro, o mundo inteiro perdeu, e o sacrifício da Palestina é incalculável.

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Uma geração de crianças órfãs a sofrer o inimaginável com cada um de nós a assistir.

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Há um ano que Israel continua a matar repórteres em Gaza e impede os outros de lá entrar, além de invadir redacções com soldados, para as fechar.

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Como um Estado pode ser tratado como democracia quando é uma teocracia ou etnocracia que limpa etnicamente outro povo há 76 anos.

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A culpa narcísica da Europa gerou um monstro incontrolado.

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[Netanyahu] arrastou Israel para o abismo, mas o problema vem da fundação. Nenhum Estado viverá à custa de outro povo.

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O 7 de Outubro enterrou o sionismo como ideia. Não há futuro para o sionismo.

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Nada protegerá tanto os judeus como libertarem-se da opressão de outro povo.

Alexandra Lucas Coelho, “Público” (sem link)

 

Como chegámos a este absurdo [no Médio Oriente] de parte do nosso futuro coletivo depender de uma figura tão hedionda como Netanyahu?

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Do apartheid passámos ao genocídio, e agora a uma possível conflagração global.

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Foi com Begin que se aceleraram os colonatos em Gaza e na Cisjordânia, tendo também sido ele o primeiro a invadir o Líbano, em 1982.

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O atual PM israelita desempenhou o cargo, intermitentemente, durante quase 20 anos, sempre pronto a aliar-se a formações ainda mais racistas e fanáticas do que o Likud.

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A fúria homicida de Netanyahu, cuja raiz foi denunciada na carta de Einstein e Arendt em 1948, hipnotizou o Congresso dos EUA, esse gigante sem cabeça, colocando ao serviço da sua pulsão de morte todo o poderio militar de Washington e a servil cumplicidade da UE. 

Viriato Soromenho Marques, DN

 

Foi assinado, na passada terça-feira, por todas as confederações patronais e pela UGT, um “Acordo tripartido sobre valorização salarial e crescimento económico 2025-2028” (Acordo).

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No jogo de manipulação da agenda social (ou socioeconómica) para servir a agenda política, os mestres são os governos e os patrões.

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O enviesamento estrutural e funcional da concertação social permite, quase sempre, a construção de maiorias para defesa de conteúdos ou de objetivos políticos que agradem às confederações patronais e à Direita. 

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Os parceiros que aceitaram entrar neste jogo fizeram-no numa altura em que não era claro que o Governo viesse a ter força para incluir as suas propostas estratégicas de redução do IRC e do IRS jovem.

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A redução daqueles impostos, nos termos que o Governo pretende, faz parte de uma visão classista e ultraliberal que o Governo quer instituir. 

(…)

Parceiros comprometidos com rumos progressistas da sociedade jamais podem ignorar estes factos.

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O Acordo mantém a trajetória de valorização do salário mínimo nacional - longe do necessário e possível - que vinha de trás. 

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Podemos ter a certeza de que não haverá efetiva melhoria geral dos salários.

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Os desafios colocados à sociedade portuguesa, à nossa economia e às empresas são enormes. O Acordo é uma inexistência estratégica para lhes responder.

Carvalho da Silva, JN


Já o negacionismo, termo cunhado pelo historiador Henry Rousso, define-se pela rejeição de conceitos básicos, incontestáveis e apoiados em consenso científico, bem como de factos provados, em favor de invenções e de conceções pseudocientíficas que servem de munição a determinados absurdos.

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São exemplos bem conhecidos a negação do Holocausto, a obtusa noção de que a Terra é plana, a rejeição das alterações climáticas ou a invalidação do papel das vacinas.

Rui Bebiano, “diário as beiras”


PROPOSTA DE RECOMENDAÇÃO BLOCO DE ESQUERDA PELA CRIAÇÃO DE CRECHES MUNICIPAIS EM PORTIMÃO

 

Proposta apresentada pelo Bloco de Esquerda na Assembleia Municipal de Portimão a 30 de Setembro de 2024, para a criação de creches municipais. Recusada com os votos contra do PS e da CDU.

https://portimao.bloco.org/.../proposta-de.../3643

No mínimo curiosa a posição da CDU, numa matéria como esta.

A LATA DO CHEGA

 

Ameaçou cortar o apoio às vítimas de violência doméstica mas diz defender as mulheres. Joana Mortágua


VIVA A REPÚBLICA PORTUGUESA NOS SEUS 114 ANOS!

A República é a terra de mulheres e homens, de crianças e adultos, imigrantes e emigrados, sem discriminações, sem intolerância, sem perseguições.

Viva a República Portuguesa! Viva a igualdade na lei!


5 DE OUTUBRO, DIA MUNDIAL DO PROFESSOR

  

Via Susana Félix


UMA ATITUDE MUITO FEIA POR PARTE DO GOVERNO

 

Via Catarina Martins


MAIS UM EXEMPLO DE RETROCESSO CIVILIZACIONAL EM PAÍSES GOVERNADOS PELA DIREITA RADICAL

 

Presidente do parlamento da Geórgia refere que nova norma “defende os valores mais importantes: a família e os filhos”. Lei estabelece uma pena até quatro anos de prisão para cirurgias de mudança de sexo e multa para a difusão de "propaganda" sobre relações homossexuais em instituições de ensino

Saiba mais: https://expresso.pt/.../2024-10-03-presidente-do...


sexta-feira, 4 de outubro de 2024

OS 400 MILHÕES DE EUROS QUE A EDP DEVE AO PAÍS VÃO SAIR DOS BOLSOS DOS PORTUGUESES

 

A EDP deve 400 milhões de euros ao país pela venda de seis barragens, um valor que prescreve no final do ano. O Bloco desafiou o governo a garantir que cobrará cada cêntimo devido, questionando a inação da Autoridade Tributária e o silêncio cúmplice do Primeiro-Ministro. É inaceitável que, enquanto a EDP foge às suas responsabilidades fiscais, o governo planeia oferecer uma "borla fiscal" de milhões à empresa em IRC. O Bloco exige uma resposta direta: vai o governo deixar caducar este imposto? Mariana Mortágua


CITAÇÕES

 
Sei que, se uma linha vermelha ainda quer dizer o mesmo, o novo IRS Jovem, que até o “radical” FMI critica, e a descida cega do IRC terão de cair.

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[O problema do IRS Jovem] é ser, na prática, irreversível e, por isso, um cavalo de Troia. 

(…)

A desigualdade dentro das empresas será insustentável.

(…)

A única saída será alargar o modelo, levando a uma tal perda fiscal que tornaria o Estado social insustentável.

(…)

Quanto à descida cega do IRC, não passa de uma caríssima fezada.

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O psicodrama que vivemos há meses resulta de o Presidente ter transformado o Orçamento numa moção de confiança anual. 

(…)

 Fê-lo em 2022, quando Costa se queria livrar da ‘geringonça’. 

(…)

Qualquer Governo minoritário pode escolher o momento mais vantajoso para ir a votos [conseguindo responsabilizar o opositor pelo chumbo do OE].

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A estratégia de Montenegro já era clara antes da posse: repetir 1987, obrigando a oposição a fazer cair o Governo.

(…)

Bastava distribuir dinheiro nos primeiros meses e não ceder no essencial do OE para ir a eleições

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Até lá, era governar como se a maioria fosse plena.

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Não podendo haver dissolução nos últimos seis meses do mandato de Marcelo, se o OE passar serão dois anos com 29%, a tentar esticar o dinheiro e a visível incompetência de alguns ministros.

(…)

Marcelo mandou [em novembro do ano passado] o país para eleições, pela segunda vez, sem pestanejar.

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Não, os duodécimos não são uma tragédia. Ninguém deu por eles na primeira metade de 2022. E não, o PRR não está em causa.

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Se não quer fechar todas as portas de saída da crise, disfarça bem.

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Se formos a votos, é preciso marcar eleições, fazer campanha, formar Governo e apresentar novo Orçamento. Até lá, ficamos em... duodécimos.

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Se o Presidente quer obrigar os partidos a entenderem-se, diga-lhes que é inútil pensarem em eleições. Vai ver como se entendem num instante.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

Estes acontecimentos [incêndios rurais recentes] são a demonstração evidente da ocorrência, com uma maior frequência, de eventos extremos.

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A preparação das populações é, cada vez mais, um fator de grande pertinência no que diz respeito à prevenção.

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Em Portugal, apesar dos incêndios rurais serem um problema recorrente e incisivo, o conhecimento das populações sobre o risco de incêndio é considerado baixo.

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Há uma imperativa necessidade de investimento em infraestruturas adequadas e seguras (abrigos/refúgios/rotas de evacuação), assim como melhorias nos sistemas de comunicação e ações de sensibilização e simulacros regulares.

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É muito importante perceber que, cada vez mais, podem surgir incêndios extremos.

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Quando [toda uma série] variáveis se combinam, o cenário poderá ser catastrófico!

(…)

Na falta de uma preparação adequada das populações para esta nova realidade, grandes tragédias podem voltar a ocorrer! 

(…)

É imprescindível reforçar, de forma contínua, uma verdadeira implementação, monitorização e avaliação dos programas de prevenção e de sensibilização.

(…)

Uma estratégia preventiva a médio e longo prazo deve ser sustentada por um compromisso político sólido e duradouro.

Diogo Miguel Pinto, “Público” (sem link)

 

Os jogos de compromissos em relação ao Orçamento do Estado para 2025 são apresentados em trinta minutos num encontro entre Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos.

(…)

Menos uma hora do que o encontro da semana passada parece ter sido suficiente para armar uma solução de cedências e ganhos relativos que não desculpem uma eventual tentação de não viabilização do Orçamento. 

(…)

Se Pedro Nuno Santos for literal e firme em relação ao que já afirmou, terá todas as razões para recusar o Orçamento.

(,,,)

Tanto no IRS Jovem como sobretudo no IRC, a aproximação do Governo fica muito longe do que o PS pretende.

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Se essa aproximação pode ser adensada no âmbito do IRS Jovem, já é muito difícil conceber que Pedro Nuno Santos possa dar o dito por não dito em matéria de IRC.

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O sentido de Estado do Governo procura encontrar um culpado e Pedro Nuno Santos, ao remeter-se ao silêncio, não instala a sua narrativa, permitindo que o primeiro-ministro seja o primeiro e o último a falar.

Miguel Guedes, JN


O INTERMINÁVEL FOSSO SALARIAL ENTRE HOMENS E MULHERES

 

O maior aumento desta desigualdade é nos quadros superiores, por oposição aos quadros inferiores ou médios, entre os quais a “desigualdade não é tão elevada”.

💰Veja aqui: https://www.publico.pt/2106503


AUXILIARES DE EDUCAÇÃO, MUITAS VEZES NÃO DEVIDAMENTE VALORIZADAS, SÃO PEÇA FUNDAMENTAL NA QUALIDADE DA ESCOLA PÚBLICA

 

As auxiliares de educação, que todos os dias fazem as nossas escolas funcionarem, estão hoje nas ruas a lutar pela sua carreira e pela qualidade da Escola Pública. Mariana Mortágua


HOJE É UM DIA IMPORTANTE PARA O BLOCO AVANÇAR NA DEFESA DOS DIREITOS DOS ANIMAIS

 

Hoje, no Dia Mundial dos Animais, o Bloco de Esquerda apresenta dois Projetos de Lei que reforçam a proteção dos animais.

🐂Fim do apoio institucional às touradas

🚫Proibição da participação de menores em atividades tauromáquicas


ELON MUSK, UM BEM ACABADO PRODUTO DO SISTEMA…

 

Via Bernard Andrea


quinta-feira, 3 de outubro de 2024

A MOBILIZAÇÃO POPULAR REVELOU-SE, MAIS UMA VEZ, COMO A MAIOR POTÊNCIA MUNDIAL

 

A maior potência mundial contra o genocídio é a mobilização popular, que forçou a retirada da bandeira portuguesa do navio que transporta explosivos para Israel. Ao receber a Relatora Especial da ONU para a Palestina, Francesca Albanese, reconhecemos a clareza do seu contributo. Mariana Mortágua

Mais Aqui


OS 45 ANOS DO SNS ALVO DE SAUDAÇÃO APRESENTADA PELO BE NA AM DE PORTIMÃO

 

Saudação aos 45 anos do SNS apresentada pelo Bloco de Esquerda na Assembleia Municipal de Portimão a 30 de setembro de 2024. Aprovada com a abstenção do PSD e do CDS.

https://portimao.bloco.org/saudacao-45-anos-do-sns/3644


AINDA A VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA

 

A violência obstétrica não é apenas o toque frio de um ato médico desnecessário; é a ausência de consentimento, a objetificação, a invisibilidade da experiência feminina. É um eco da desigualdade de género. Mas quando damos nome ao que foi silenciado, quebramos o ciclo. Quando ouvimos as histórias de parto, damos espaço à dignidade e ao respeito. É essencial que falemos sobre essas realidades para que possamos avançar em direção a um sistema de saúde mais respeitoso e igualitário. Joana Mortágua


GUTERRES, ESTÁ ENTRE OS FAVORITOS AO PRÉMIO NOBEL DA PAZ

 

O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, está entre os favoritos ao Nobel da Paz, avança a agência Reuters. O anúncio do vencedor será no dia 11 de outubro.

Saiba quem são os outros favoritos: https://expresso.pt/.../2024-10-03-antonio-guterres...


FRASE DO DIA (2322)

 
Na verdade, os carros eléctricos não se destinam a salvar o planeta mas sim a indústria automóvel.

Mário Reis, “diário as beiras”


A RESPOSTA ADEQUADA A UMA PROVOCAÇÃO DA DEPUTADA CHEGANA RITA MATIAS

 

A deputada Rita Matias questionou-me o que é ser mulher. Eu respondi que perguntasse ao ex-líder da Juventude do Chega que acha que as mulheres não tinham apetência para a política. Mariana Mortágua


A IMPUNIDADE NÃO PODE PREVALECER

 

O Bloco de Esquerda condena a decisão de Israel de declarar António Guterres persona non grata. A Assembleia da República não pode consentir que a defesa dos direitos humanos e a luta pela paz sejam silenciadas. A impunidade não pode prevalecer.


quarta-feira, 2 de outubro de 2024

CITAÇÕES A QUARTA (123)

 
Desde 2007, em virtude da lei, os pensionistas não têm direito a ver a sua pensão atualizada no ano seguinte a terem passado à reforma.

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O caso é conhecido, há vários meses que o Movimento “Justiça para Pensionistas” o vem denunciando e pressionando para que se resolva.

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Durante muito tempo, o tema passou com relativa indiferença, porque a inflação baixa determinava atualizações nulas ou próximas disso.

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Com a inflação, a situação mudou.

(…)

À conta daquela regra, mais de 200 mil trabalhadores que passaram à reforma entre 2020 e 2022 viram o valor da sua pensão congelado no ano seguinte a terem deixado de trabalhar.

(…)

Os pensionistas de 2022 perderam muito.

(…)

Ficaram sem o aumento de janeiro e também sem o aumento intercalar de junho.

(…)

Em 2024, a mesma injustiça.

(…)

São centenas de milhares de pessoas que perderam rendimento nos anos de maior aumento de preços.

(…)

Em meados de julho, o Bloco apresentou um projeto de lei para pôr fim a esta injustiça. 

(…)

Deu sequência ao trabalho que o Movimento tinha posto em marcha, ao interpelar a Provedoria de Justiça, o Presidente da República, o primeiro-ministro e os grupos parlamentares.

(…)

Na segunda-feira de manhã, o PS anunciou um projeto de lei para acompanhar o agendamento do Bloco.

(…)

O Movimento criado há cerca de um ano terá, pois, uma importante vitória.

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Grande parte das pensões mantêm-se baixas, há inúmeros casos de desgaste rápido que continuam a não ser reconhecidos.

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Mobilizaram-se e vão ganhar. Haverá melhor exemplo do tão apregoado “envelhecimento ativo”?

José Soeiro, “Expresso”

 

No último sábado, houve manifestações em todo o país pelo direito a ter casa para viver

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A verdade inegável é que o preço das rendas está num patamar absurdo, estando estas totalmente desfasadas dos rendimentos dos portugueses. 

(…)

É igualmente de realçar que, na enorme maioria dos casos, a qualidade das habitações não melhorou, muitas vezes piorou, mas o preço desses mesmos imóveis aumentou. 

(…)

Basta uma mera viagem virtual pelos anúncios dos imóveis disponíveis em sites a eles destinados, para se denotar um notável descaramento por parte dos proprietários dos imóveis.

(…)

Poder viver sozinha/o tornou-se um privilégio ainda maior. 

(…)

Ao valor da renda acresce a conta de eletricidade, água e internet, para além dos transportes, supermercado, e atividades de lazer.

(…)

Repare-se que, após viver apenas com uma pessoa, com a qual se tem uma relação amorosa, torna-se muito difícil voltar a dividir casa com pessoas aleatórias ou com as quais não se tem uma relação.

(…)

Esta dificuldade em arranjar uma nova casa, ou ficar na mesma suportando a renda por inteiro é, geralmente, ainda mais difícil para uma mulher.

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A inflação das rendas acarreta um fator gravíssimo em casos de violência doméstica, já que tipicamente é a vítima que procura uma nova habitação.

(…)

Tudo em nome do capital dos investidores do mercado livre do imobiliário?

(…)

Dado este panorama tenebroso, em vez de regulamentar o mercado livre, o Estado encontrou medidas que nos tapam o sol com a peneira.

(…)

O apoio [Porta 25] tem um prazo, o contrato de arrendamento tem um prazo, o que faz com que a estabilidade nem prazo tenha, porque não existe.

(…)

Não há tetos máximos de valor, só investidores a ganhar cada vez mais e a população geral com cada vez menos qualidade de vida.

(…)

A habitação não pode ser vista primeiramente como um investimento, mas sim como uma necessidade humana.

(…)

O mercado imobiliário não pode ser livre, porque ao sê-lo, está a fazer com que as pessoas estejam presas à incerteza.

(…)

As medidas postas em prática até agora não resolvem o problema da habitação, são meros pensos rápidos para uma ferida aberta de osso exposto. 

(…)

Precisamos de medidas que tratem a doença e não meramente os sintomas.

Clara Não, “Expresso”

 

Pela quarta vez, em pouco mais de um ano, as pessoas decidem protestar e exigir medidas para possibilitar casas a todos.

(…)

Diante do contexto de inflação e alta das rendas, ter onde morar tornou-se desafiador.

(…)

[A casa] serve de intermediária entre nós e as cidades, o íntimo e o público, e tem como princípio esconder-se, existir invisível.

(…)

[A casa] serve sobretudo para nos devolver a nós mesmos.

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Uma casa, então, também é dispositivo de valor ao reconhecimento de cada um de sua própria perspectiva ante a estrutura social.

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Se a casa é o intermediário entre nós e a cidade, as cidades são casas que intermedeiam o social e a cultura, onde o dispositivo moral propõe outra lógica, a convivência.

(…)

Quando o espaço urbano deixa de ser de todos para ser casa de alguns, elimina a capacidade de surgir no ambiente público movimentos de contraposição ao capital e de emancipação.

(…)

Assim, da mesma maneira que lutamos pelo direito à casa, precisamos insistir em deixar as cidades serem casas coletivas.

(…)

O interesse dos radicais é tomar as cidades para si, como quem fecha as portas e deixa de fora o intruso.

(…)

Em cidades limitadas a valores cerceadores, a cultura, também ela uma espécie de casa, atua de outra forma no intermediar da subjetividade e da imaginação.

(…)

A política, se ainda lhe interessar impedir o desmoronamento, precisa agir e achar maneiras de facilitar o acesso às moradias, preparar a cidade e proteger nossa subjetividade.

Ruy Filho, “Público” (sem link)

 

[Dia vinte sete de setembro o] parlamento português aprovou o alargamento da licença de parentalidade para seis meses com salário a 100%, concretizando na lei todas as recomendações da OMS sobre a necessidade de garantir o aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida do bebé. 

(…)

[Trata-se de] uma questão de direito dos bebés ao aleitamento materno exclusivo até à idade recomendada para iniciar a introdução alimentar.

(…)

As bravas cidadãs que se mobilizaram por esta iniciativa foram muito perseverantes e a elas devemos este feito histórico, cumprido com os votos contra do PSD e do CDS.

(…)

Se, independentemente do género, fosse claro para o empregador que, em caso de nascimento, todos os seus funcionários teriam direito a licença igual, as mulheres deixariam de estar em desvantagem.

Capicua, JN