(…)
É falso que a maioria dos portugueses seja
saudosista do colonialismo e que os ex-colonizados tenham saudades dos
portugueses.
(…)
[Atualmente] seria bom não deixarmos que uma
minoria ressentida monopolize os termos deste debate.
(…)
Ainda assim, a maioria dos portugueses continua
a não fazer uma avaliação claramente positiva da libertação das colónias
africanas e do fim da experiência colonial portuguesa.
(…)
A ideia de que a descolonização poderia ser
feita de forma diferente parte do princípio de que a potência colonial ainda
podia determinar os termos, o tempo e o processo de descolonização.
(…)
Para que Portugal determinasse, naquele
momento, os termos da descolonização teria de segurar o poder colonial e usar a
força para impor a transição.
(…)
Como acham que a jovem democracia poderia
continuar a mandar homens para morrer e matar em África?
(…)
Em que realidade alternativa seria possível ter
gerido de forma diferente o impasse herdado do Estado Novo?
(…)
E, apesar da integração conseguida, não fomos
capazes de compreender os dramas pessoais de centenas de milhares de
“retornados”.
(…)
Está chegado o momento de, seguindo em frente,
responsabilizar quem tem de ser responsabilizado por uma descolonização
violenta, tumultuosa e rápida: os que recusaram uma descolonização pacífica,
politicamente negociada e no tempo em que aconteceram no resto de África.
(…)
Mostrando que o ruído não representa a maioria,
são mais os que culpam o Estado Novo (38%) do que os negociadores da época
(20%).
(…)
A forma como a descolonização aconteceu tem
como responsáveis os que, para manterem o seu poder autoritário, precisavam de
segurar um império colonial anacrónico nas mãos de um país miserável e atrasado.
Daniel Oliveira, “Expresso”
(sem link)
Para o país dos navegadores e do hipercluster
do mar, a realidade da política de gestão costeira põe-nos ao espelho da
vergonha e da revolta.
(…)
[Há competências] que não se têm cansado de
alertar e denunciar a gravíssima hipoteca em que os desmandos têm posto o
futuro do país nas ameaçadas e frágeis zonas costeiras.
(…)
Passam até algumas figuras mais corajosas e
atuantes, mas que pouco acabam por conseguir.
(…)
O país tem falta de tudo — da Saúde ao Ensino,
da Justiça à ferrovia, — e todos os anos tem que gastar dezenas de milhões de
euros a pôr areia na linha de costa para segurar praias em erosão.
(…)
(…) para proteger imóveis que todos os
especialistas dizem que jamais deveriam ter sido ali licenciados.
(…)
Os atentados continuam costa fora, antevendo-se
sempre custos crescentes para os segurar...
(…)
[Hoje] é também a tentativa de obstrução do
acesso público ao Domínio Público Marítimo (uma lei de 1864!) visando a
‘privatização’ ilegal de praias perante a indignação das populações.
(…)
Percorrendo a costa portuguesa, é possível ver
em tempo real o saque e a destruição a acontecer.
(…)
No meio de tudo isto a pirâmide de responsáveis
é enorme e vai desde o funcionalismo autárquico até ao topo da hierarquia do
Estado.
(…)
É a total paralisia de toda a estrutura do
Estado face à brutalidade ruinosa que paulatinamente tem vindo a tomar conta de
todo o litoral português.
(…)
Pior que tudo, legamos-lhes [aos que cá virão a
estar] a vergonha de quem deixou tudo isto acontecer, atirando para as costas
das gerações futuras a falta de futuro que as espera.
Luísa Schmidt, “Expresso”
(sem link)
Na confusão das prioridades há quem tenha olho
por olho a procurar o mal dos outros para fazer justiça dente por dente.
(…)
Donald Trump aumenta a dívida norte-americana,
militariza toda a economia e afasta a classe trabalhadora com baixos salários
do acesso à saúde e aos cuidados básicos, abolindo a “Medicaid” em cortes
selvagens de 700 biliões de dólares para oferecer uma prenda de cortes fiscais
de 235 biliões de dólares aos mais ricos dos mais ricos.
(…)
Que ausência de moral é esta que fará com que
esta geração seja julgada pela História como a mais conivente com a pobreza e a
guerra, quando tinha objectivas condições para acabar com ambas?
(…)
Quando não interessa o que se diz, deixa de ser
verosímil questionar o resultado da realidade, mesmo global, à escala de tudo e
de todos.
(…)
A promessa de Trump em acabar com a guerra na
Ucrânia apenas num dia bateu contra o relógio na primeira hora.
(…)
Putin garante ao presidente norte-americano que
não renunciará aos seus objectivos de obter território e soberania “artificial”
sobre partes da Ucrânia.
Por
estes dias de genocídio dos palestinianos em Gaza às mãos de Israel, envergar
camisolas ou agitar bandeiras com as cores da Palestina transformou-se num acto
político.
(…)
Quase
como se protestar pela causa daqueles que morrem indefesos fosse um acto de
subversão mais condenável do que todas as violações
de direitos humanos cometidas pelas Forças de Defesa de Israel na Faixa de
Gaza, incluindo a morte de 15 mil crianças.
(…)
Mas há
um clube que faz de todos os seus jogos na primeira liga do futebol chileno uma
jornada de apoio à causa palestiniana.
(…)
[O Clube Desportivo Palestino] reflecte
o facto de o Chile ter a maior diáspora palestiniana no mundo fora das nações
árabes: mais de meio milhão de pessoas.
(…)
Hoje o
Clube Palestino é mais do que um nome. As camisolas com a silhueta do mapa da
Palestina pré-Estado de Israel a substituir o número 1 nas costas são um
sucesso à escala global.
(…)
Não podem ser usadas em campo, mas podem ser
vendidas e envergadas fora dos relvados.
António Rodrigues, “Público”
(sem link)
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