(…)
Trump vai cobrar 10% às empresas britânicas, 15% às da União.
(…)
O maior banco privado alemão prevê uma diminuição de 25% das
exportações europeias para os EUA.
(…)
Com este pré-acordo político, que ainda terá de ser negociado
sectorialmente e aprovado pelos 28 países, 70% das exportações do continente
vão pagar uma tarifa de 15% à entrada nos EUA.
(…)
Mas nada acontece em sentido inverso.
(…)
Trump omite sempre os serviços, principalmente financeiros e
digitais.
(…)
Também neste acordo as poderosas Amazon, OpenAI, Netflix
ficam incólumes.
(…)
O mais certo é cair a pretensão de regular as redes sociais
e uma parte dos mecanismos de defesa da privacidade pessoal em vigor no espaço
europeu.
(…)
A Europa chegou à negociação a gatinhar.
Claro que não podia conseguir melhor do que isto.
(…)
Trump assumiu, logo no
dia seguinte, que pretende aumentar as tarifas sobre este sector [farmacêutico]
“num futuro próximo”.
(…)
A cedência europeia só
fará Trump avançar ainda mais.
(…)
Diz-se que a nossa
dependência estratégia impediu melhor do que isto.
(…)
Apesar do peso
económico da Europa, escolheu um lugar secundário e subjugado.
(…)
Esteve em causa a
necessidade de expansão e venda de stocks da indústria militar americana.
(…)
A UE perpetua a sua
dependência tecnológica, logística, de know-how e, acima de tudo, geopolítica.
(…)
De uma penada, Trump
conseguiu aumentar as tarifas, aumentar a venda de armas, cimentar a
dependência estratégica da Europa e minar a Defesa das democracias europeias e
do seu modelo social.
(…)
Sem nada em troca.
(…)
A capitulação europeia
não foi comercial. Foi existencial.
Daniel
Oliveira, “Expresso” (sem
link)
Parafraseando Gertrude Stein, o
genocídio que Israel está a cometer em Gaza é um genocídio é um genocídio é um
genocídio. Ponto.
(…)
Se necessário fosse a confirmação de o
genocídio de Gaza ser um genocídio, duas organizações não governamentais
israelitas vieram dizê-lo esta semana com todas as letras e o agudo assento no
i.
(…)
E o mais
aterrador é que o mesmo modelo esteja a ser aplicado na Cisjordânia.
(…)
A destruição de um povo por uma máquina
de guerra poderosa e por uma turba de fanáticos religiosos perante a simpatia
ou a apatia da maioria dos seus cidadãos.
(…)
Inculcado no subconsciente de muitos
judeus de Israel está a ideia de que os palestinianos são o Hamas e o Hamas são
os palestinianos.
(…)
Não há
homens, nem mulheres, nem crianças, simplesmente, há homens-terroristas,
mulheres-terroristas e futuros terroristas.
(…)
[O grupo
britânico pró-palestiniano Palestine Action] realiza acções disruptivas nomeadamente
contra a indústria de armamento do Reino Unido, a quem acusa de cumplicidade na
política de apartheid
de Israel em relação aos palestinianos.
(…)
Estas
acções directas foram, no entanto, consideradas pelo Governo trabalhista
britânico como passíveis de ser consideradas terroristas.
(…)
A Palestine Action foi classificada como
organização terrorista
e, desde então, cerca de 200 pessoas foram presas por exprimir publicamente o
seu apoio à organização não-governamental.
(…)
Esta quarta-feira, uma das
co-fundadoras, Huda Ammori, conseguiu ganhar na justiça a possibilidade de
contestar a ilegalização da organização no Supremo Tribunal.
(…)
O assunto
deveria ser, sublinhou [Jeremy] Corbyn, as armas que o Reino Unido
fornece a Israel e que ajudam nessa matança.
António
Rodrigues, “Público” (sem link)
Pela sua geografia e
pela sua História, Portugal poderia ser não um dos mais poderosos, mas um dos
mais respeitados.
(…)
Deveria dar-se ao
respeito, tomar o equilíbrio como uma opção própria e não passar das marcas
(…) posicionando-se na vanguarda e na defesa do carácter humanista dos povos.
(…)
Poucos, como nós,
poderiam reclamar o respeito por uma espinha dorsal fundada no movimento dos povos.
(…)
O Estado português
planeia reconhecer o Estado da Palestina em setembro, na Assembleia Geral das
Nações Unidas, num movimento colectivo de cerca de 15 países.
(…)
147 dos 193 já
reconheceram a Palestina como Estado.
(…)
[Em Portugal] foi
preciso esperar para ver.
(…)
É um Portugal deveras
articulado, mas nem por isso menos marioneta.
(…)
Há um tempo para tudo e
se a justiça não se materializa no tempo é um simulacro de justiça.
(…)
Há um lado simbólico
que atravessa a indiferença e a mentira sobre a fome em Gaza, atroz e
criminosa, tragédia que todos vêem.
(…)
Não há neutralidade no
tempo perdido, sobretudo quando se alimenta uma guerra até que quase nada reste.
O mundo gira para um absurdo precipício,
caso não seja alterado o rumo para o choque bélico entre as principais
potências mundiais.
(…)
Uma
potência em declínio e outras a tentarem impor-se.
(…)
O chamado Sul Global a fortalecer a sua
presença mundial de onde sobressaem os BRICS, com todas as suas contradições,
que são muitas.
(…)
Os dois mais perigosos conflitos atuais
estão na invasão da Ucrânia pela Rússia e na ocupação do território
palestiniano por Israel.
(…)
O
extraordinário neste conflito [Guerra na Ucrânia] é que nenhum dos beligerantes
quer que ele acabe tal como está.
(…)
A Rússia quer que a Ucrânia sucumba aos
seus desígnios (impedir a sua entrada para a NATO e uma nova arquitetura de
segurança internacional).
(…)
O Ocidente,
na sua lógica, não “pode” perder esta guerra.
(…)
A Rússia
acha que consegue alcançar os seus objetivos.
(…)
A elite da UE virou definitivamente as
costas a qualquer política realista que assente no continente europeu e entregou-se
à política do novo Presidente dos EUA, que trata os europeus como vassalos.
(…)
O show off da Cimeira de
Haia da NATO abriu várias fissuras com vista a agradar ao novo patrão.
(…)
Cinco por
cento do PIB em gastos militares é colossal, designadamente para as despesas
sociais, que terão de ser cortadas.
(…)
A
guerra [na Ucrânia] vai, portanto, continuar. A menos que, neste velho e
sonolento continente, os povos queiram impedir que os seus filhos sejam
incinerados no braseiro nuclear e exijam com veemência a paz.
(…)
Os palestinianos de Gaza vão continuar a morrer
à fome e a tiro.
(…)
Está a ser difícil sair da ordem unipolar
liderada pelos EUA para outra multipolar.
(…)
O rumo em direção ao precipício é visível.
Domingos Lopes, “Público”
(sem link)
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