sexta-feira, 10 de outubro de 2025

CITAÇÕES

 
Para quem pensa e vota à esquerda, a discussão sobre o voto útil é tão antiga como a democracia.

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Curiosamente, a história longa da deriva do país à direita e da degradação da nossa democracia poderia muito bem ser contada a partir desse apelo que substitui a política por um pragmatismo sem ideias e, frequentemente, sem alternativas substanciais, e em que o mal menor é cada vez pior.

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Os apelos ao voto útil passaram a provocar em parte do eleitorado de esquerda uma súbita e salutar urticária. 

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A geringonça veio mostrar que são mesmo as maiorias, mesmo que plurais, que contam. 

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Nas Câmaras, quem tem mais um voto forma o executivo, mesmo que em minoria. 

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Em 89, o impossível aconteceu. PCP e PS falaram. O PCP prescindiu da solução natural, que seria a de liderar essa coligação, em função dos resultados das eleições anteriores, e decidiu apoiar Jorge Sampaio. 

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Percebeu a necessidade de libertar Lisboa de Abecassis e escolheu vencer. E venceu.

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O PCP entende que a experiência da Geringonça foi a causa de todos os seus males e decretou uma política de barreira higiénica.

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308 municípios, zero alianças.

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O PCP recusou uma proposta de unidade pelo facto de o PS ter feito o que o PCP já fez em dezenas de municípios, incluindo, por exemplo, Coimbra neste preciso momento!

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A coligação avançou com quem quis, o PCP, legitimamente, decidiu ficar de fora. 

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Mais surpreendentes são os elogios que tem merecido de vários comentadores da direita e do próprio Moedas, todos anticomunistas encartados.

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Podemos ter uma Câmara [de Lisboa] em que toda a esquerda se unirá finalmente numa minoria absoluta derrotada, mas agora com uma maioria absoluta entre Moedas e a extrema-direita.

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As forças que entraram na coligação Viver Lisboa não se anularam em benefício do Partido que podia ganhar. Integraram uma coligação, negociaram o programa, assumirão responsabilidades.

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Foi o PCP que não o quis.

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É tão preguiçoso o discurso que ignora a política para pedir o voto útil, como o que o faz para supostamente o rejeitar.

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Na realidade, há muito mais sobreposição entre o Programa do Viver Lisboa e o da CDU do que João Ferreira tem querido reconhecer.

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O programa do Viver Lisboa apresenta medidas concretas e vai muito mais longe que o da CDU na contenção do Alojamento Local, um dos principais fatores que restringe o acesso à habitação na cidade. 

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É por isto que não é de voto útil que falamos quando falamos da necessidade imperiosa de derrotar Moedas.

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[A política que lhe pode suceder] tem impactos no país, como terá no cenário inverso. Essa é a escolha e é intensamente política. 

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Uma esquerda plural pode fazer diferente e mostrá-lo ao país.

José Gusmão, “Diário de Notícias”

 

Todos compreenderam uma intervenção mais emocional e pouco esclarecedora poucas horas depois do acidente do elevador da Glória.

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[Carlos Moedas] só veio a dar esclarecimentos vários dias depois, para se defender, insultar a memória de Jorge Coelho, atacar uma oposição que até o tinha poupado.

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Passado mais de um mês do acidente, a RTP fez uma reportagem onde vítimas e familiares se queixaram de não terem recebido qualquer contacto da câmara, do seu presidente ou da Carris. 

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Enquanto não encontrava uns minutos para dar as condolências às famílias que jurava estar a acompanhar (…) Moedas desdobrou-se em programas de televisão para sublinhar o seu próprio sofrimento.

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Confrontado pela RTP com a sua falha, Moedas fez o de sempre: mentiu.

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Moedas também disse que todas as pessoas estão a ter “apoio total”. Mas o fundo de apoio anunciado continua a não existir.

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As medidas anunciadas (…) foram fogo de vista.

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O debate sobre a responsabilidade política sempre foi o de saber que tipo de liderança temos em Lisboa. 

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Tudo está subjugado à gestão da imagem de um presidente com ambições muito superiores às suas capacidades. 

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A emoção que encena frente às câmaras contrasta com a falta de cuidado no terreno. 

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Os autoelogios chocam com a cidade que vemos. A mentira é sistemática. Tudo é postiço.

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[Moedas] rebatiza o que já existe para parecer novo, aldraba dados sobre crimes sem mais pudor que Ventura.

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Por pior que seja o passado, será o primeiro presidente a não deixar uma única melhoria na cidade. 

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

O país mudou e a reacção não se fez esperar. Saltaram dos armários os fantasmas, os saudosos do antigamente, recria-se o velho do Restelo em cada esquina.

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 É esse país, mudado para pior por não saber aguentar a mudança, que vai a votos para - talvez pela primeira vez nas autárquicas - reflectindo um mundo a preto e branco, polarizado, que aponta ao outro, o desconhecido, o mal que nunca reconhecerá ser próprio.

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À medida que o país simula caminhar para a descentralização, mostra-se cada vez mais centralista, sempre à espera do pai que lhe dê asas ou uns trocos, sem cuidar de atribuir autonomia à decisão.

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Talvez por cansaço, a Regionalização desapareceu da agenda, mesmo daqueles que não negam o atraso atroz a que o centralismo tem condenado o país há décadas.

Miguel Guedes, JN

 

A classe média é muito mais do que um intervalo estatístico entre os pobres e os ricos. O acesso à propriedade, por exemplo, é caracterizador da classe média. 

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A classe média-alta já é amparada pelo Estado no arrendamento. 

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A habitação é mais um dos esteios que cederam e que sustentavam os anteriores equilíbrios políticos e sociais.

Sérgio Sousa Pinto, “Expresso” (sem link)


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