quarta-feira, 2 de agosto de 2023

CITAÇÕES À QUARTA (62)

 
Num semestre, a banca já ganhou mais do que todas as receitas que teve há um ano.

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Ao mesmo tempo que mantém baixas remunerações nos depósitos, beneficia enormemente com a subida das taxas de juros nos créditos.

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Desde janeiro do ano passado, a prestação da casa já subiu mais de 70%.

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Em 2024, o aumento total pode chegar aos 85%.

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A responsável pelo BCE insiste no empobrecimento como resposta à subida de preços.

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Mas são uma verdadeira mina para a banca. 75% do valor das prestações são juros, não servem para amortizar o capital em dívida.

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Os maiores bancos tiveram no primeiro semestre deste ano uma margem financeira global de mais de 4 mil milhões, o dobro do mesmo semestre do ano passado.

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[A banca] já lucrou dois mil milhões a mais nos últimos meses, à custa dos mesmos que foram chamados a “ajudar” o sistema financeiro com os seus impostos.

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É nestes momentos que a subordinação do poder económico ao poder político, que a nossa Constituição prescreve, tem de ser para levar a sério.

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O BCE não é eleito, está fora do perímetro da democracia, embora tome decisões que nos afetam a todos. 

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Limitem-se os juros, obrigando que os bancos os baixem.

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Taxem-se estes lucros extraordinários.

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O que está a acontecer é insustentável e revoltante. 

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O conformismo do governo sobre a raiz deste problema é uma abdicação da democracia.

José Soeiro, “Expresso” online

 

Havia um imbróglio na semana passada e que, assim, [com a vinda do Papa] o seu apagamento é um dos efeitos desta anestesia geral.

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O Presidente devolveu um decreto do governo sobre a carreira dos professores, que recusava aceitar as reivindicações [destes].

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A justificação de Belém era poderosa [tendo, uma, em especial, a ver com a recuperação do tempo de serviço].

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Acrescentava ainda Marcelo que é inaceitável que professores do continente e das ilhas tenham regimes diferentes.

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Há aqui um potencial de inconstitucionalidade e uma acusação de gestão danosa para a escola.

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Qual a razão para este encarniçamento do governo contra os professores, prosseguindo aliás o que a anterior maioria absoluta do PS já desenvolvera?

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Qual a razão para que o PS faça do esforço de destruição dos sindicatos de professores o alfa e o ómega da sua política para o trabalho.

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A isso o Presidente disse basta.

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Disse, mas aí está o mistério, disse só durante umas horas.

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[O Governo acrescentou] uma só palavra – mágica palavra – ao decreto.

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[No decreto] passou a dizer-se que tal poderia acontecer “designadamente em futuras legislaturas”.

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[Há] uma probabilidade de se chegar a algum lado, tudo ao exclusivo sabor do governo que disse que está tudo arrumado.

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Como é cristalino, nem haverá negociação nem haverá igualização das condições dos professores do continente e ilhas. 

Francisco Louçã, “Expresso” online (sem link)

 

O envolvimento do Estado (Governo e autarquias) no financiamento e organização da Jornada Mundial da Juventude da Igreja católica é, provavelmente, a mais grave violação do princípio constitucional da separação do Estado e das Igrejas desde que foi institucionalizada a democracia.

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Os números conhecidos apontam para bem mais de 80 milhões de euros.

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De tal forma que soa estranha ao discurso desclericalizante e de justiça social do Papa Francisco.

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Investir somas do erário público deste montante como privilégio cerimonial de uma crença religiosa é social e politicamente imoral.

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Precisamente o que se reclamaria de gasto público tamanho é que fosse aplicado no interesse geral.

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Ao apadrinhar financeira e politicamente a mobilização religiosa da Igreja católica, (…), o Governo e as autarquias que se lhe associaram violam abertamente a natureza laica do Estado, constitucionalmente estabelecida.

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Parece que em Portugal se vai regressando, sem protesto de quase ninguém, aos tempos do neorregalismo funcional em matéria de relações do Estado com a Igreja católica que caracterizaram a ditadura estado-novista.

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[Outra questão é a] da atitude simbólica de quem nos representa [e basta lembrar as atitudes do PR, do PM e do Presidente da CML].

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Eu pergunto se é possível deixar de pensar que estamos, despreocupadamente, a assistir à agonia do Estado laico enquanto pilar fundamental do regime democrático.

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Não concebo que os impostos pagos por todos sirvam para financiar as espaventosas cerimónias religiosas só de alguns.

Fernando Rosas, “Público” (sem link)

 

No que à educação respeita, vejo o Governo alheado da realidade e antecipo, por isso, mais um turbulento ano escolar 2023/24.

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O gabinete do ministro João Costa fez chegar à imprensa um ramalhete de reluzentes intenções, muitas repetidas e todas objectivamente facultativas, a que chamou 20 medidas para desburocratizar procedimentos em vigor nas escolas.

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Muitas das inutilidades que eram feitas em reuniões nas escolas passam a ser feitas nas casas dos professores.

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[Acima de tudo, há que ter em conta] a desumanidade com que o ministro da Educação trata professores com doenças incapacitantes ou com familiares de si dependentes, por condições de vida dramaticamente frágeis.

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Independentemente do miserável funcionamento das juntas médicas da época anterior, especializadas em “aviar” professores doentes à razão de 50 por hora e decretar o retorno às aulas de professores vítimas de doenças terminais, que morreram dias volvidos, o que ninguém sabe é quantas juntas da época recente foram feitas.

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Porque a palavra dele não me merece crédito, traga a público as evidências documentais que lhe permitem condenar, pela segunda vez, milhares de professores desvalidos.

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O veto do Presidente da República ao diploma sobre a progressão da carreira dos professores podia ter sido um ponto de partida para algo mudar. Podia, se Marcelo não fosse um mestre do parecer, sem ser.

Santana Castilho, “Público” (sem link)


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