(…)
Ao mesmo tempo que mantém baixas remunerações nos depósitos,
beneficia enormemente com a subida das taxas de juros nos créditos.
(…)
Desde janeiro do ano passado, a prestação da casa já subiu
mais de 70%.
(…)
Em 2024, o aumento total pode chegar aos 85%.
(…)
A responsável pelo BCE insiste no empobrecimento como
resposta à subida de preços.
(…)
Mas são uma verdadeira mina para a banca. 75% do valor das
prestações são juros, não servem para amortizar o capital em dívida.
(…)
Os maiores bancos tiveram no primeiro semestre deste ano uma
margem financeira global de mais de 4 mil milhões, o dobro do mesmo semestre do
ano passado.
(…)
[A banca] já lucrou dois mil milhões a mais nos últimos
meses, à custa dos mesmos que foram chamados a “ajudar” o sistema financeiro
com os seus impostos.
(…)
É nestes momentos que a subordinação do poder económico ao
poder político, que a nossa Constituição prescreve, tem de ser para levar a
sério.
(…)
O BCE não é eleito, está fora do perímetro da democracia,
embora tome decisões que nos afetam a todos.
(…)
Limitem-se os juros, obrigando que os bancos os baixem.
(…)
Taxem-se estes lucros extraordinários.
(…)
O que está a acontecer é insustentável e revoltante.
(…)
O conformismo do governo sobre a raiz deste problema é uma
abdicação da democracia.
José Soeiro, “Expresso” online
Havia um imbróglio na semana passada e que, assim, [com a
vinda do Papa] o seu apagamento é um dos efeitos desta anestesia geral.
(…)
O Presidente devolveu um decreto do governo sobre a carreira
dos professores, que recusava aceitar as reivindicações [destes].
(…)
A justificação de Belém era poderosa [tendo, uma, em
especial, a ver com a recuperação do tempo de serviço].
(…)
Acrescentava ainda Marcelo que é inaceitável que professores
do continente e das ilhas tenham regimes diferentes.
(…)
Há aqui um potencial de inconstitucionalidade e uma acusação
de gestão danosa para a escola.
(…)
Qual a razão para este encarniçamento do governo contra os
professores, prosseguindo aliás o que a anterior maioria absoluta do PS já
desenvolvera?
(…)
Qual a razão para que o PS faça do esforço de destruição dos
sindicatos de professores o alfa e o ómega da sua política para o trabalho.
(…)
A isso o Presidente disse basta.
(…)
Disse, mas aí está o mistério, disse só durante umas horas.
(…)
[O Governo acrescentou] uma só palavra – mágica palavra – ao
decreto.
(…)
[No decreto] passou a dizer-se que tal poderia acontecer
“designadamente em futuras legislaturas”.
(…)
[Há] uma probabilidade de se chegar a algum lado, tudo ao
exclusivo sabor do governo que disse que está tudo arrumado.
(…)
Como é cristalino, nem haverá negociação nem haverá
igualização das condições dos professores do continente e ilhas.
Francisco Louçã, “Expresso” online
(sem link)
O
envolvimento do Estado (Governo e autarquias) no financiamento e organização da
Jornada Mundial da Juventude da Igreja católica é, provavelmente, a mais grave
violação do princípio constitucional da separação do Estado e das Igrejas desde
que foi institucionalizada a democracia.
(…)
Os números conhecidos apontam para bem mais de 80 milhões de
euros.
(…)
De tal forma que soa estranha ao discurso desclericalizante e
de justiça social do Papa Francisco.
(…)
Investir somas do erário público deste montante como
privilégio cerimonial de uma crença religiosa é social e politicamente imoral.
(…)
Precisamente o que se reclamaria de gasto público tamanho é
que fosse aplicado no interesse geral.
(…)
Ao
apadrinhar financeira e politicamente a mobilização religiosa da Igreja
católica, (…), o Governo e as autarquias que se lhe associaram violam
abertamente a natureza laica do Estado, constitucionalmente estabelecida.
(…)
Parece
que em Portugal se vai regressando, sem protesto de quase ninguém, aos tempos
do neorregalismo funcional em matéria de relações do Estado com a Igreja
católica que caracterizaram a ditadura estado-novista.
(…)
[Outra questão é a] da atitude simbólica de quem nos
representa [e basta lembrar as atitudes do PR, do PM e do Presidente da CML].
(…)
Eu
pergunto se é possível deixar de pensar que estamos, despreocupadamente, a
assistir à agonia do Estado laico enquanto pilar fundamental do regime
democrático.
(…)
Não concebo que os impostos pagos por todos sirvam para
financiar as espaventosas cerimónias religiosas só de alguns.
Fernando Rosas, “Público” (sem link)
No que
à educação respeita, vejo o Governo alheado da realidade e antecipo, por isso,
mais um turbulento ano escolar 2023/24.
(…)
O
gabinete do ministro João Costa fez chegar à imprensa um ramalhete de
reluzentes intenções, muitas repetidas e todas objectivamente facultativas, a
que chamou 20 medidas para desburocratizar procedimentos em vigor nas escolas.
(…)
Muitas das inutilidades que eram feitas em reuniões nas
escolas passam a ser feitas nas casas dos professores.
(…)
[Acima
de tudo, há que ter em conta] a desumanidade com que o ministro da Educação
trata professores com doenças incapacitantes ou com familiares de si
dependentes, por condições de vida dramaticamente frágeis.
(…)
Independentemente
do miserável funcionamento das juntas médicas da época anterior, especializadas
em “aviar” professores doentes à razão de 50 por hora e decretar o retorno às
aulas de professores vítimas de doenças terminais, que morreram dias volvidos,
o que ninguém sabe é quantas juntas da época recente foram feitas.
(…)
Porque
a palavra dele não me merece crédito, traga a público as evidências documentais
que lhe permitem condenar, pela segunda vez, milhares de professores
desvalidos.
(…)
O veto
do Presidente da República ao diploma sobre a progressão da carreira dos
professores podia ter sido um ponto de partida para algo mudar. Podia, se
Marcelo não fosse um mestre do parecer, sem ser.
Santana Castilho, “Público” (sem link)
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