sábado, 27 de abril de 2024

MAIS CITAÇÕES (280)

 
Abril deu ao trabalhador a dignidade de não tirar o chapéu ao patrão, à mulher o direito a deixar de pedir autorização ao marido, ao negro a experiência de não tratar o branco por “senhor”.

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O 25 de novembro, que o povo apoiou sem alguma vez festejar, foi necessário para travar a caminhada para o abismo das “vanguardas”. 

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Hoje serve para os outros derrotados desse dia (os que Melo Antunes travou quando queriam a revanche saudosista) tentarem criminalizar essa explosão inicial, transformando a Revolução num mero golpe de Estado. 

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Do 25 de Abril fazem parte o 28 de setembro, o 11 de março, o 25 de novembro. Mas só Abril libertou.

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Resumir essa libertação ao fim da censura e da polícia política ou à adoção da democracia parlamentar é ignorar o que há mais tempo oprimia os portugueses: a miséria, a dependência, o favor, a herança.

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O que acabou com a indignidade foram os direitos dos trabalhadores, o sistema de reformas universal, as fé­rias, o 13º mês, a escola pública para todos, o Serviço Nacional de Saúde.

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Na justiça, onde está intacto [o corporativismo], alimenta o justicialismo antidemocrático de uma casta “moralmente superior”.

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Não há liberdade a sério para quem vive em necessidade. Quem não tem direitos não pode deixar de tirar o chapéu ao patrão que passa. Não há mulheres livres que não se sustentem a si mesmas.

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Um cidadão não vive em democracia se o medo impera na empresa onde trabalha. O que libertou e democratizou o nosso país foi, antes de tudo, uma profunda revolução social. 

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Sem exagerar nos resultados, porque ainda somos dos países mais desiguais da Europa.

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Se a extrema-direita ameaça a democracia política, outros têm atacado estas conquistas, que veem como um perigo para a liberdade do privilégio. 

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Por estes dias, a (verdadeira) social-democracia chega e sobra como radicalidade. Quero que alguém se recorde que o 25 de Abril não se fez para estarmos de acordo.

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Abril deu-nos o direito a sermos do “contra”.

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Por isso o celebramos com uma manifestação de protesto, coisa incompreensível para estrangeiros que vão espreitar a avenida.

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Conquistámos os instrumentos para decidir o nosso futuro. 

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A extrema-direita cresce porque as pessoas precisam que alguém diga que quer mudar alguma coisa.

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Tanto empenho em defender Abril que nos esquecemos que Abril nos trouxe o direito à dissidência. 

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Se queremos celebrar Abril, reinventemos a desobediência.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

A liberdade chegou como esperança no futuro e os portugueses desataram a fazer bebés.

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Na última década, a natalidade exibiu níveis historicamente baixos e em 2013 e 2014, amordaçado pela crise e pela troika, Portugal teve a menor taxa bruta de natalidade de toda a Zona Euro

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O que sabemos é que as famílias portuguesas adiam cada vez mais a decisão de ter o primeiro filho.

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Em Portugal, homens e mulheres têm muito menos filhos do que gostariam, por entenderem que não têm a estabilidade laboral ou a capacidade financeira para o poder fazer.

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[A crise da natalidade] é um sintoma de uma crise mais larvar e mais profunda que paira sobre o futuro da sociedade portuguesa no momento em que a democracia celebra 50 anos.

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Há hoje um estreitamento das possibilidades de futuro dos mais jovens por comparação com o passado.

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A rutura geracional de hoje não é cultural, é económica.

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Pais e filhos percebem que a possibilidade das gerações mais jovens virem a ter uma vida decente no país é bem mais escassa do que no passado.

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A parte da provisão de serviços públicos pelo Estado melhorou. É no mercado de trabalho que acontece a queda. 

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Os salários continuam entre os mais baixos da Europa, a precarização do trabalho é ainda mais profunda e incapacitante, mas os preços da habitação, pelo contrário, se aproximaram das grandes capitais europeias. 

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Quem avisou para o buraco geracional que se estava a escavar estava certo - os custos da precarização do trabalho e da habitação estão hoje à vista.

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Apesar de ter criado um Ministério da Juventude, as políticas do novo Governo da AD resumem-se a um fingimento de solução. 

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A atual crise da democracia é uma crise de futuro.

Ana Drago, Diário de Notícias

 

[Com o 25 de abril de 1974] a igualdade e a justiça surgiam implícitos ao próprio conceito de democracia.

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Nesta quinta-feira, tivemos as maiores manifestações de evocação do 25 de Abril feitas na caminhada dos 50 anos da democracia. 

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No dia 25 e nos últimos dias, se têm realizado inúmeras iniciativas amplamente participadas por portugueses de todas as gerações, em freguesias, vilas e cidades.

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No dia 25, tivemos uma evocação imensa e bonita, com muita juventude e mais abrangente e inclusiva que outras. 

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Para alguns milhões de portugueses, as prioridades enunciadas pelo Sérgio continuam a estar na primeira linha das reivindicações dos trabalhadores. 

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Temos de reclamar justiça e igualdade: na democracia que temos vivido, os poderes instituídos e os fátuos têm-se esquecido de as garantir. 

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Grande parte [dos jovens] é desconsiderada nos seus saberes e capacidades, porque persiste uma economia de baixo perfil de especialização e uma tolerância inaceitável face à pobreza, aos baixos salários e à precariedade.

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Quanto ao trabalho, emprego e proteção social, o Governo parte da visão obtida por uma lupa hiperliberal. Nem uma vez o substantivo “sindicato” aparece no seu programa. 

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Neste 1.º de Maio, há que lutar pela liberdade a sério.

Carvalho da Silva, JN


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