quarta-feira, 17 de abril de 2024

CITAÇÕES À QUARTA (99)

 
Apesar de dizer que fala pouco para não “haver grande condicionamento do partido”, é o que tem feito [Passos Coelho] de forma insistente e sempre com estrondo e estrago.

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Como amigos como este, Montenegro não precisa de inimigos.

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Montenegro afasta-se porque, ao contrário do que a direita nos tentou vender nestes anos, nem ela alguma vez acreditou no valor político e eleitoral de Passos Coelho.

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[Em 2015, Passos obteve] o segundo pior resultado de sempre da direita portuguesa, logo depois de Santana Lopes. 

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Passos sempre foi um péssimo candidato. 

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[É bom recordar] os efeitos profundos e traumáticos da crise financeira e as coisas absurdas que ele disse aos portugueses enquanto sofriam.

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A outra parte interessante da entrevista é a pequena vingança de Passos Coelho contra Paulo Portas.

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Que Paulo Portas não é confiável, todos sabemos. Mas também é inteligente e tem experiência política.

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Percebia que não se é comparsa de quem está a intervencionar um país.

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O episódio contado por Passos, que a troika terá exigido que as cartas com os compromissos do governo passassem a ser assinadas pelo ministro Paulo Portas, exibe uma falha de caráter e é um elogio a Portas. 

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Tiveram a cumplicidade do primeiro-ministro que o escondeu de um parceiro partidário. À deslealdade de então, juntou a deselegância de agora.

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A defesa quase acrítica que Passos faz da troika, nesta entrevista, não deve ter paralelo em políticos que lideraram países intervencionados.

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[Passos] aproveitou este momento [de intervenção da troika] para privatizações e reformas que não eram obrigatórias.

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Fica claro, aliás, que devemos ao Tribunal Constitucional o recuo nas medidas mais cruéis, com negociações e cedências. 

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Esse condicionamento institucional [do TC] poderia ter sido usado como arma negocial [por ele se sentir um mero executante de imposições externas].

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Passos não é o herói que salvou o país – foi Draghi que pôs fim à cegueira europeia que nos enfiara naquele buraco. 

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É um ativo tóxico. Sempre foi assim que a maioria do país o viu.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

Uma pessoa que enfrenta um processo judicial relacionado com a emissão de faturas falsas para obtenção de fundos europeus, que já foi acusada pelo MP e que se conformou com essa acusação reúne, afinal, as condições para ser deputada do PSD.

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Em primeiro lugar, fica clarificado que Miranda Sarmento sabia do caso, o que é extraordinário. Depois, não se percebe muito bem qual a ponderação que terá sido feita.

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É difícil perceber que tenham ponderado – o Ministério das Finanças e, já agora, Patrícia Dantas – a gravidade do processo judicial e que tenham concluído que não era impeditivo de assumir o cargo.

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Claro que todos sabiam que Patrícia Dantas não reúne as condições para ser assessora no Ministério das Finanças.

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Por alguma razão, as pessoas insistem em acreditar que irão passar entre os pingos da chuva sem se molharem.

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As regras estabelecidas pela Comissão Política Nacional do PSD ficam aquém do que seria exigível e constituem uma porta aberta para a entrada de pessoas na vida pública sem um prévio escrutínio à altura.

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O mesmo Miranda Sarmento que, no ano passado, criticou a escolha de Carla Alves para secretária de Estado da Agricultura precisamente por estar envolvida num processo judicial.

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 Talvez o ministro das Finanças tenha um problema de memória e talvez nos fizesse bem padecer do mesmo.

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Luís Montenegro tem revelado uma estratégia clara para gerir problemas: sorri e faz de conta que não tem de responder ou de esclarecer nada.

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O novo Governo acaba de revelar a mesma consciência que um grupo de adolescentes numa festa de bar aberto.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)

 

[Yanis Varoufakis economista, antigo ministro grego foi proibido de visitar a Alemanha e de fazer qualquer tipo de atividade política] porque se opõe ao genocídio que o governo israelita está a cometer em Gaza e pretendia fazer este discurso, que assim foi censurado.

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O mesmo aconteceu com o cirurgião britânico-palestiniano Ghassan Abu Sittah, reitor da Universidade de Glasgow, impedido de entrar no país pelas autoridades de fronteira alemãs.

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Também a filósofa Nancy Fraser, académica norte-americana de origem judia e renome internacional, teve o seu convite para dar aulas na Universidade de Colónia, no próximo mês de maio, cancelado abruptamente pelo reitor daquela Universidade, por ter assinado uma carta pública pela liberdade da Palestina.

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É este o ar dos tempos na Alemanha: agressões em cascata à liberdade política e académica.

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Na imprensa alemã, não houve hesitações em atacar, nos últimos meses, muitas outras intelectuais de esquerda.

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Quem critica o governo de Israel é cúmplice do “antisemitismo”.

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É profundamente errado e contraditório que, sob o pretexto da recordação do Holocausto, se tome o Estado de Israel como um substituto monolítico de todos os judeus.

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Essa deturpação é em si mesmo uma forma de preconceito, que opera através do mesmo mecanismo de qualquer xenofobia.

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Na realidade, a equiparação de todos os judeus ao governo israelita constitui uma forma de antisemitismo. 

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A luta contra a colonização ilegal da Palestina ou contra o genocídio em Gaza nada tem de antisemita. 

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A memória do Holocausto devia ser, por isso mesmo, um antídoto contra qualquer genocídio.

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Invocando a luta contra o antissemitismo, o Estado alemão (incluindo as principais correntes políticas da direita à esquerda) abraçou o nacionalismo israelita por procuração.

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Onde estão então, neste contexto de censura e repressão, as vozes que brandem com tanta exaltação o amor à liberdade de expressão e o rancor contra o cancelamento? 

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Ou afinal a censura é boa quando trata de calar intelectuais anti-sionistas, sejam judeus ou não?

José Soeiro, “Expresso” online


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