quarta-feira, 24 de abril de 2024

CITAÇÕES À QUARTA (100)

 
Nas vésperas do cinquentenário, onze ativistas climáticos vão ser julgados no Campus de Justiça por se levantarem para parar a guerra contra a sociedade. O quê e como vamos celebrar?

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Nos 50 anos da revolução que derrubou a ditadura mais longa da Europa, o medo do futuro domina os que se reivindicam da tradição revolucionária.

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Porque em 2024 imaginar querer e ter a coragem de se lançar a conquistar muito mais do que em 1974 é considerado coisa para meia dúzia de líricos, pá.

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A crise climática é um ato deliberado cujos efeitos são a morte de milhares de pessoas hoje e de centenas de milhões no futuro, levada a cabo pelas elites do sistema económico

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A revolução em Portugal foi feita em contra-ciclo histórico, arrancada violentamente a uma elite decrépita que matava uma geração inteira numa guerra para fingir que Portugal ainda era o que nunca tinha sido

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Enquanto os países europeus começavam a levar as primeiras punhaladas do neoliberalismo, Portugal construía a toda a velocidade o Estado Social 

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Em poucos anos constituíram-se a saúde pública, a educação pública, nacionalizaram-se alguns sectores essenciais, mas pouco depois a história apanhou-nos.

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O Reaganismo e Tatcherismo chegariam uma década mais tarde por Cavaco Silva, que inverteu a redistribuição de riqueza e poder para cima.

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Nos poucos sítios onde não abundavam militares [em 25 de abril de 1974], como a sede da PIDE em Lisboa, o regime contra-atacou visando e matando os civis que se mobilizavam à porta.

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Quem tinha passado quase uma vida inteira a obedecer a uma ditadura decidiu que bastava. 

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O 25 de Abril foi uma revolução contra uma guerra. 

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Anos de guerra corroeram a capacidade narrativa e coerciva do aparelho fascista português e a ação do movimento dos capitães começou o que foi o golpe final.

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A mobilização social contra a guerra hoje produz-se num contexto tão ou mais adverso do que em 1974. 

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Em Abril de 1974 tudo era futuro, as portas do novo estavam abertas, enquanto as âncoras do passado eram levantadas.

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50 anos depois, nas vésperas do aniversário da revolução, os Onze de Abril, ativistas climáticos detidos por ações nos últimos meses para travar uma guerra declarada por governos e empresas a toda a sociedade, que levam à catástrofe climática, vão ser julgados. 

João Camargo, “Expresso” online

 

Será possível celebrar a liberdade de outro país e reprimi-la no seu? Sim, é. 

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Se nos debruçarmos, em particular, no caso de Angola, a Amnistia Internacional tem seguido atentamente o contexto de detenções arbitrarias, intimidação e assédio por parte das autoridades angolanas contra vozes corajosas.

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Ainda assim, o presidente angolano, João Lourenço, terá confirmado a sua presença nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril à Presidência da República Portuguesa.

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No Estado que João Lourenço governa, a liberdade é uma miragem para quem se manifesta, mesmo com os direitos à liberdade de expressão e à liberdade de reunião pacífica protegidos pela Constituição.

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Abril não se cumpriu ainda para tantos e tantas ativistas, para tantas pessoas em Angola que continuam sem liberdade de expressão ou manifestação livre e pacífica.

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[Neste dia 25 de Abril] que a mensagem [da liberdade] possa passar, de alguma forma, para os líderes que ainda a reprimem.

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 Protege a Liberdade” é também o nome de uma campanha global da Amnistia Internacional, criada para sustentar e defender a liberdade de todos, numa altura em que ela regista retrocessos e restrições em vários países do mundo – um deles é Angola.

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Em setembro de 2023, sete ativistas angolanos foram detidos em Luanda, enquanto esperavam para participar numa manifestação pacífica.

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Estão, neste preciso momento [quatro ativistas] a cumprir pena de dois anos e cinco meses de prisão e foram ainda sujeitos a uma multa de 80.000 kwanzas cada um.

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A liberdade é algo de muito digno e sublime. Que Abril chegue a Angola.

Pedro A. Neto, “Público” (sem link)

 

Ninguém deve ser sujeito a falar sobre a sua vida privada se essa não for a sua vontade.

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Não incluo na categoria de facto da vida privada a violência doméstica.

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É do conhecimento público que uma ex-namorada de Sebastião Bugalho iniciou um processo-crime contra ele, alegando ter sido vítima de violência doméstica.

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Não chegou a apresentar as provas que declarou ter em seu poder concretamente mensagens, e não compareceu numa diligência na Polícia Judiciária.

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Claro que foi um arquivamento diferente daquele que resultaria de uma apreciação plena dos indícios que existissem.

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Houve uma decisão, ou no mínimo uma hesitação, da ofendida, que optou por não dar seguimento a um procedimento que tinha começado.

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Isso pode levar-nos a várias conclusões, não necessariamente à inocência de Sebastião Bugalho.

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É da máxima relevância sabermos se Sebastião Bugalho agrediu ou não aquela ex-namorada ou qualquer outra pessoa com quem tenha mantido uma relação amorosa.

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Claro que é um assunto desagradável e, por alguma razão, Sebastião Bugalho tem conseguido fazer a sua vida sem que nada lhe seja perguntado.

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Uma das razões será a inconveniência que reveste qualquer tentativa de esclarecimento de factos que todos parecem querer esquecer.

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Mas agora Sebastião Bugalho é o primeiro da lista de candidatos às europeias da AD. 

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Chegou o momento em que tem de ser perguntado a Sebastião Bugalho se é ou não verdade que agrediu uma ou mais ex-namoradas.

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Mais do que natureza pública, o crime em causa é um dos principais problemas da sociedade portuguesa.

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Precisamos de saber se o próprio se declara inocente ou se, pelo contrário, admite que alguma coisa muito errada aconteceu.

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É relevante saber como uma pessoa se declara perante as suspeitas ou acusações que sobre si recaem.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)


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