sábado, 16 de novembro de 2024

MAIS CITAÇÕES (308)

 
Todos os hooligans são iguais, mas uns são mais iguais do que outros quando se trata de Israel. 

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Foi assim que o hooliganismo racista que desencadeou os acontecimentos dos últimos dias em Amesterdão foi apagado de várias narrativas dominantes.

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E o rei dos Países Baixos pediu desculpa ao presidente de Israel dizendo: falhámos para com os judeus na Segunda Guerra, e voltámos a falhar agora.

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Centenas [de adeptos israelitas do Maccabi Telavive] são filmados a avançaram pelas ruas ou a descerem escadas rolantes enquanto bradam refrões racistas pela vitória de Israel em Gaza.

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Cantam não haver escolas em Gaza porque já não restam crianças.

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Alguns destes hooligans atacam residentes de Amesterdão com aparência árabe ou muçulana.

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Tudo isto corre nas redes sociais e leva a uma retaliação, uma caça aos adeptos do Maccabi.

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E então a ansiedade europeia e americana em condenar o anti-semitismo apaga o resto da fotografia.

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Houve violência anti-Israel e anti-semita em Amesterdão. Depois de ter havido violência anti-árabe, anti-palestiniana, glorificadora de um holocausto em curso há mais de um ano.

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E mais uma vez os poderes ocidentais dominantes disseram aos árabes, aos palestinianos que a vida deles vale menos.

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Quem mais ganha com tudo isto? Certamente a extrema-direita.

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Conheci e entrevistei [o escritor israelita] David Grossman em Jerusalém há muitos anos, antes ainda de ele perder um filho em 2006, morto em combate no Líbano. Já então Grossman tinha muitas chaves sobre o desastre que o rodeava.

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Por coincidência, este último, breve, livro foi-me enviado por correio na semana passada. Li-o enquanto se desenrolavam os acontecimentos de Amesterdão.

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Porque em múltiplas passagens Grossman tem as chaves, escreve-as, descreve-as, claramente. Ele vê, ouve. Sabe. E depois do 7 de Outubro é como se não conseguisse ver. Como se as chaves que tinha já não abrissem nada.

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Quase como se escrevesse contra si próprio, contra o que ele mesmo anteviu.

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Uma das organizações de direitos humanos mais importantes do mundo, a Human Rights Watch, publicou um relatório sobre “Os Crimes de Israel Contra a Humanidade”.

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 “— As autoridades israelitas provocaram deslocações em massa, forçadas e deliberadas, de civis palestinianos em Gaza desde Outubro de 2023 e são responsáveis por crimes de guerra e crimes contra a humanidade.

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— Não há nenhuma razão militar imperativa plausível que justifique a deslocação em massa de quase toda a população de Gaza por parte de Israel, frequentemente várias vezes.

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— Os governos devem adoptar sanções específicas e outras medidas e suspender a venda de armas a Israel. O procurador do Tribunal Penal Internacional deve investigar as deslocações forçadas de Israel e o impedimento do direito de retorno como um crime contra a humanidade.”

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De que é que o governo português está à espera? Várias agências da ONU falaram. O secretário-geral falou. A relatora especial Francesca Albanese não desiste de falar, bravamente.

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A vitória de Trump não é surpresa. As nomeações que já fez são o horror. As deportações espreitam.

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Continuamos a dever-lhes [aos palestinianos] 76 anos de vida. 

Alexandra Lucas Coelho, “Público” (sem link)

 

Vivemos num contexto global onde os sinais do colapso ambiental se acumulam, sendo muito perturbador observar como temas essenciais para a sobrevivência planetária são marginalizados ou, até mesmo, deliberadamente atacados por lideranças que negam a ciência e saberes ancestrais de harmonia com a natureza.

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Estas agendas refletem frequentemente disputas ideológicas que desvalorizam a gravidade da crise climática, colocando interesses de curto prazo acima do bem comum e da sustentabilidade a longo prazo.

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Donald Trump simboliza um movimento global que desafia a urgência das políticas climáticas e deslegitima as lutas por justiça social, incluindo a igualdade de género e os direitos das comunidades mais vulneráveis.

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A sua retórica política reforça estruturas patriarcais e hierárquicas que perpetuam desigualdades. 

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Assistimos mais uma vez à perpetuação de padrões que excluem as mulheres das posições de maior destaque.

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As alterações climáticas e as desigualdades sociais estão intrinsecamente ligadas.

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A luta contra o aquecimento global é também uma luta por equidade, dignidade e reconhecimento de direitos.

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Precisamos de uma mudança transformadora para sistemas sociais mais inclusivos e justos para todas as pessoas e o planeta, nas suas diversidades e interconexões.

Fátima Alves, “diário as beiras”

 

Esta semana assinalou-se o Dia Nacional da Igualdade Salarial.

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Este dia representa, simbolicamente, o último dia do ano em que as mulheres portuguesas recebem ordenado.

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A data marca simbolicamente o início do período de tempo em que as mulheres trabalham sem receber, em comparação com os homens, até ao final do ano. 

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Em Portugal, este ano, o fosso salarial entre homens e mulheres aumentou pela primeira vez em dez anos. 

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Os estudos mostram que a desigualdade salarial aumenta proporcionalmente às responsabilidades e às qualificações.

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As diferenças salariais justificadas, única e exclusivamente, com base no género do trabalhador são inaceitáveis e ilegais. 

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O princípio da igualdade de remuneração para trabalho igual, definido em 1957 pelo Tratado de Roma, está consagrado desde 1976 na Constituição da República Portuguesa. 

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Não há qualquer razão para a desvalorização do trabalho feminino.

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São causas estruturais, fruto de realidades difíceis de mudar porque são, na sua maioria, resultado de uma cultura patriarcal que continua a destinar um papel secundário – e, portanto, mais mal pago – às mulheres.

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Os estudos preveem que serão preciso cerca de trinta anos para chegarmos à equidade salarial.

Martha Mendes, “diário as beiras”

 

A crónica de hoje é suscitada pela COP29, a decorrer no Azerbaijão.

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Pela minha parte, apenas procuro alertar para a facilidade com que abdicamos da prudência crítica, consolando-nos com narrativas confortáveis, mas inimigas de verdade.

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[A existência de uma Convenção do Clima] pode dar a impressão de que, pelos menos os países mais ricos, estão interessados em combater o perigo crescente de transformarmos a Terra num inferno climático inabitável. Infelizmente não é verdade.

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Há outras ilusões associadas: entre Biden e Trump a diferença é meramente discursiva. No seu mandato, Biden aprovou 10.700 autorizações de prospeção de petróleo, contra 9.892 de Trump.

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No que respeita à UE, o grande desígnio já não é o pacto ecológico, mas o seu rearmamento maciço contra a Rússia.

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As COP estão a transformar-se num serôdio espetáculo de ilusionismo.

Viriato Soromenho Marques, DN


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