(…)
Alguém que recusa a democracia e só aceita o
voto popular se vencer concentra, a partir de hoje, um poder inimaginável.
(…)
[O
que se passou eta segunda-feira] foi a transferência condicionalmente pacífica
de poder para um homem que, em qualquer democracia saudável,
estaria preso.
(…)
O que vimos, lemos e ouvimos foi uma total normalização de Donald Trump.
(…)
E é nestes momentos [aqueles que já não se
chocam com a retórica de Trump], e não contra heroicas resistências, que os
autoritários e as suas ideias se impõem.
(…)
A
normalização de Trump não se faz pela sua adaptação. É o mundo que se adapta a
ele.
(…)
As pessoas sentem que ele molda mesmo o futuro.
(…)
O segredo é ir esticando o limite o
extremismo fica a parecer moderado.
(…)
Nas ordens executivas que assinou encontramos o
triangulo do autoritarismo reacionário e neoliberal.
(…)
[A dimensão da deportação é] criar um ambiente
de estado de exceção permanente e alimentar o inimigo interno, dois pilares de
qualquer poder com pretensões autoritárias.
(…)
E, como reação à suposta ditadura woke,
perseguir minorias e impor a uniformização moral.
(…)
Como sempre, tudo em nome da liberdade (dos
mais fortes) e contra a elite.
(…)
[Novo é] ter ao seu lado, não apenas os homens
mais ricos do mundo, mas aqueles que, através do controlo das plataformas
tecnológica (e da Inteligência Artificial), moldam e moldarão as opiniões
públicas e a própria noção de verdade.
(…)
O que aconteceu na segunda-feira não foi a
repetição de 2016. Foi uma mudança de regime. Nos EUA e em todo o Ocidente. No
mundo.
(…)
Os
tímidos limites que a democracia ainda impunha aos mais poderosos cairão nos
próximos anos.
Daniel Oliveira, “Expresso” online
Recentemente,
o Conselho Nacional de Educação (CNE) revelou uma realidade alarmante: há
milhares de alunos sem aulas e nem sequer sabemos quantos.
(…)
A
educação está a ruir perante nós e o mais grave é que parece que todos – dos
governos à sociedade – continuam a aceitar isso como inevitável.
(…)
Agora, [a falta de professores] ameaça o
sistema educativo como um todo.
(…)
Os números são inequívocos: mais de 50% dos
professores têm mais de 50 anos e caminham rapidamente para a aposentação.
(…)
As regiões do interior e zonas periféricas
sofrem ainda mais.
(…)
A cada ano letivo, a falta de docentes
compromete a qualidade da educação e reforça a incerteza.
(…)
Não
estamos apenas a perder professores; estamos a perder a capacidade de ensinar e
de fazer aprender. E com isso, perdemos o futuro.
(…)
Ser professor, em Portugal, deixou de ser
apenas uma vocação para se transformar, em muitos casos, num ato de resistência.
(…)
[Hoje,
os professores] são impelidos a assumir funções de psicólogos, assistentes
sociais e mediadores, enquanto garantem aulas com recursos mínimos e turmas
sobrecarregadas.
(…)
Falta
uma clarificação das condições de trabalho docente, que deveriam ser
prioritariamente pedagógicas, devolvendo aos professores o tempo para ensinar e
fazer aprender.
(…)
Uma
burocracia excessiva e o atraso na implementação de soluções estruturais
agravam a dificuldade em atrair e manter profissionais no ensino.
(…)
E o que acontece quando os professores que
ainda resistem finalmente desistirem?
(…)
As escolas em zonas vulneráveis sofrem primeiro
[com a falta de professores], perpetuando ciclos de exclusão social e pobreza.
(…)
Os alunos que enfrentam lacunas educativas hoje
terão menos oportunidades no futuro, num mercado de trabalho cada vez mais
competitivo.
(…)
Chegámos a um ponto em que apenas uma
transformação radical, ousada, sustentada e contínua pode salvar o sistema
educativo.
(…)
A revisão do
Estatuto da Carreira Docente (ECD) surge como uma oportunidade histórica
para implementar mudanças significativas.
(…)
É urgente reduzir a carga administrativa que
consome o tempo e a energia dos docentes.
(…)
Sem
incentivos justos, como subsídios de habitação e apoio às deslocações, será
impossível atrair e fixar professores onde são mais necessários, perpetuando a
desigualdade no acesso à educação.
(…)
Quando descuramos a educação, estamos a abdicar
do nosso futuro coletivo.
(…)
A educação
é o alicerce de uma sociedade justa, próspera e sustentável. Se não investirmos
nela agora, o que restará amanhã?
(…)
A sala de aula que hoje permanece vazia será o
reflexo, amanhã, de um país sem rumo.
(…)
Educar
é plantar as sementes de amanhã, mas sem professores não há mãos para semear,
não há terreno fértil para inovar, não há colheita de conhecimento.
Fernando Elias, “Público” (sem link)
Começo por perguntar, senhor Ministro, é
aumentando a propina que garante a equidade?
(…)
Este
decréscimo [do valor da propina], no panorama político-estudantil [e que
estabilizou nos 697 euros anuais]
é considerado largamente benéfico, uma vez que contribuiu para a igualdade de
oportunidades e para o alargamento do acesso ao ensino superior.
(…)
Vem o Ministro dizer que a redução das propinas
“foi um erro”.
(…)
Vem agora quase contradizer-se [quanto à manutenção
do atual valor das propinas], frustrando as expectativas tanto dos futuros como
dos presentes Estudantes de Ensino Superior.
(…)
Mas com bolsas mínimas de 871€, que apoio é que
garantimos aos Estudantes superiores?
(…)
Não há
aulas de literacia financeira que consigam ensinar os Estudantes a gerir os 174
euros que lhes sobram de bolsa para o ano inteiro, pagas as propinas
“reduzidas”.
(…)
No contexto económico-social em que vivemos, as
declarações de Fernando Alexandre são, no mínimo, repreensíveis e censuráveis.
(…)
Apenas 44% dos Estudantes com dificuldades
económicas ingressam no Ensino Superior.
(…)
Pergunta-se qual é a política “clara” deste
Governo quanto ao financiamento do Ensino Superior.
(…)
É à custa dos Estudantes que se quer financiar
o Ensino Superior.
(…)
Ter um
Ministro da Educação que manifestamente olha para o Ensino Superior como uma
despesa, e não como o Investimento cultural, científico e social que é, faz-me
prever que tempos difíceis se avizinham.
(…)
Claramente não com este Governo, mas
avançaremos, por um Ensino Superior democrático, justo, gratuito.
Francisco de Jesus, “Público”
(sem link)
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