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Portanto, não admira que vários jornais britânicos e norte-americanos venham agora revelar documentos secretos que atestam uma forte ligação de Kadhafi ao Reino Unido, ao Governo de George W. Bush e à CIA.
Os documentos revelam que, na sequência dos voos secretos da CIA, foram enviados prisioneiros para a Líbia a fim de lá serem interrogados, sugerindo mesmo as perguntas que deveriam ser feitas. A agência de espionagem americana até teve em Tripoli uma presença permanente em 2004. Por outro lado, também se ficou agora a saber que os serviços de espionagem britânicos M16 entregaram ao ditador líbio informações sobre pessoas que se opunham ao seu regime. Chegou-se ao ponto de funcionários britânicos ajudarem a redigir o esboço de um discurso para Kadhafi, quando este decidiu há alguns anos abandonar o apoio a grupos terroristas e passar a colaborar com o ocidente. Outros documentos dão a conhecer ainda que a União Europeia e o Reino Unido actuaram em nome da Líbia nas negociações deste país com a Agência Internacional de Energia Atómica.
Uma ligação tão estreita a um regime como o da Líbia, muito para além de simples trocas comerciais, deixa uma péssima imagem das democracias ocidentais. Nas relações entre os povos não pode valer tudo.
Luís Moleiro
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