sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

CITAÇÕES

 
Depois de tantos anúncios do início iminente da guerra, a escalada começou em tom bizarro.

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[Neste processo] o fantasma da hipocrisia está por aí desde sempre.

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Também não é novidade a militarização da política, é tão saboroso fazer coro contra ao “apaziguadores”, no caso os que não enfunam as velas com o sucesso de Biden.

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Há sempre um estatuto a ganhar para os que mostram o seu “sentido de Estado” exigindo mais guerra.

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Já fizeram isto quando Mário Soares e Maria de Lurdes Pintassilgo se opuseram á invasão do Iraque.

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[De outros três fantasmas] o primeiro é o calculismo dos dirigentes, que cuidam de si próprios sem qualquer preocupação com a ordem do mundo.

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Biden tem eleições em novembro, pode perdê-las e espera que os tambores de guerra mobilizem o seu eleitorado.

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[Biden] pretende apagar o efeito político da derrota no Afeganistão, a segunda vez na história que o exército norte-americano foi humilhado e fugiu do terreno de operações que escolhera.

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[Macron] tem eleições em dois meses e convinha-lhe a afirmação da grandeza de França como árbitro europeu.

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A cimeira que anunciou no fim de semana foi desprezada tanto por moscovo como por Washington.

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O segundo fantasma é o da hierarquia: a Casa Branca quer dirigir a Europa e não tolera uma relação económica com a Rússia.

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Desde o início da tensão, Biden anunciou que o seu objetivo era impedir o Nord Stream 2, perante o incómodo de Scholz.

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A Alemanha é uma grande perdedora neste conflito.

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O discurso torrencial de Putin poderia ter posto um fim a essa mitologia [do partido-guia] pois não hesitou em reclamar o império russo do fim do primeiro milénio.

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Há uma parte da esquerda que confunde a sua memória lendária com este político imperial, social e religiosamente conservador, adorado pela extrema-direita, um tirano sem escrúpulos.

Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

 

Este é o fim do pós-guerra e o mais pesado início para a reconfiguração da nova ordem mundial que já se vislumbra, mas que ainda não tem vigência.

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Uma nova bipolaridade entre blocos pode ser o reacender dos piores fantasmas.

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Os que se indignam (e bem) com o ataque russo não queimaram pestanas pelo reiterado incumprimento do Tratado de Minsk. Ignoraram todos os sinais e atropelos de ambas as partes.

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Agora somos (quase) todos ucranianos e anti-imperialistas, imersos em soluções que não resistem à memória da invasão do Iraque, da anexação da Crimeia. 

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A importância de atacar a oligarquia russa no sistema financeiro é crucial. Em Portugal, façamos a nossa parte. 

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E contribuir, à escala internacional, para um princípio de solução que nunca poderá deixar de passar pelo compromisso claro de que a Ucrânia não integrará a NATO. 

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A Alemanha recuou na abordagem ao Nord Stream2.

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Mais uma vez, os humanistas não acreditaram no que os homens são mesmo capazes de fazer.

Miguel Guedes, JN

 

[Todas as mulheres gostariam de se sentir] livres e não com aquela coragem de quem tem, a toda a hora, de enfrentar o medo; livres e não expostas ao julgamento que tem por base a tríade bafienta de se ser bela, recatada e do lar.

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Há ainda muitas lutas com as quais nos vamos debater, bem sei.

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Ficámos a saber que no show da vida — aquilo que agora é inteligente chamar-se experiência social —, o entretenimento está acima de quaisquer valores e que só o amor resolve as coisas mais condenáveis.

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Terminámos a semana passada a saber que um militar da GNR, acusado de ter violado uma mulher detida, foi absolvido pelo Tribunal.

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Em casa, no convívio social, nas instituições e nos media, ainda lidamos com a história da colher, do marido e da mulher, em olhares, frases, expressões que cheiram a mofo.

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É isto que o patriarcado e a misoginia nos ensinam. Somos fracas, mas fortes na arte da provocação — qual Eva a dar a provar a maçã a Adão.

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Somos vítimas, porque temos culpa, na forma de vestir, de andar, de falar, de fazermos escolhas.

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Vai na volta, estamos a falhar enquanto vítimas e não percebemos que tudo o que de mau nos acontece é consequência de não querermos ser belas, recatadas e do lar.

Inês Antunes, “Público” (sem link)

 

Foi em janeiro de 2020 que o escândalo Luanda Leaks rebentou.

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[Ficou a conhecer-se] uma rede de lavagem de dinheiro e empresas offshore que permitiram a Isabel dos Santos, filha do ex-presidente de Angola, construir um império económico que fez dela a mulher mais rica de África.

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A fortuna nasceu e cresceu à custa da miséria do povo angolano, que assim se viu arredado da enorme riqueza natural do seu país em petróleo e diamantes.

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Desde os anos 90 que a União Europeia tem regras de combate ao dinheiro sujo. A última versão destas regras é a 5.ª Diretiva Antibranqueamento de Capitais e Financiamento do Terrorismo, que data de 2018 e tinha de ser transposta para a legislação nacional até janeiro de 2020.

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Alargar as regras impostas aos auditores antes de garantir que estes fazem o que lhes é pedido é, na melhor das hipóteses, ingénuo. Mas mesmo com estas limitações, a quinta diretiva é um passo na direção certa.

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Por isso é inaceitável que Portugal não tenha ainda transposto a diretiva para a legislação nacional, dois anos volvidos.

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Os Luanda Leaks aterraram no início da pandemia, o que explica a amnésia generalizada sobre este escândalo e as suas ramificações em Portugal.

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Muitas autoridades não fizeram o devido trabalho de casa.

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Os países ricos em recursos naturais com instituições fracas ficam frequentemente sujeitos ao saque por elites corruptas, que exploram os ditos recursos a favor de uma minoria ligada ao poder, expropriando e empobrecendo as populações.

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Desde 2012 Portugal já concedeu 431 “vistos gold” a cidadãos russos. Este esquema foi denunciado repetidas vezes (incluindo pela Comissão e Parlamento europeus) por não implementar o necessário escrutínio à origem do dinheiro.

Susana Peralta, “Público” (sem link)


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